março 20, 2006

Destruição de mudas abre debate sobre eucalipto no Brasil

Brasília, 18/3/2006 da Agência Brasil

Brasília - A destruição de mudas de eucalipto da empresa Aracruz Celulose por agricultoras da Via Campesina, no Rio Grande do Sul, no dia 8 de março, expôs o debate em torno do impacto ambiental das grandes plantações.

Os trabalhadores rurais classificam as florestas de eucalipto como "desertos verdes", em referência à eliminação da biodiversidade. Cientistas e gestores concordam que a cultura de eucalipto não deve ser a única opção de reflorestamento, mas de forma sustentável podem trazer benefícios para áreas totalmente devastadas.

Originário da Austrália e outras ilhas da Oceania, o eucalipto foi trazido para Brasil na segunda metade do século 19. O setor de construção civil queria utilizar a madeira para produzir os dormentes utilizados nas primeiras linhas férreas.

Atualmente, o país possui a maior área plantada de eucaliptos do mundo (mais de 3 milhões de hectares). De acordo com o Ministério da Ciência e Tecnologia, o Brasil é o maior produtor mundial de celulose (cerca de 6,3 milhões de toneladas por ano).

O eucalipto brasileiro se destina basicamente à produção de celulose e papel e ao carvão que abastece as siderúrgicas. As indústrias brasileiras que usam o eucalipto como matéria prima para a produção de papel, celulose e demais derivados representam 4% do Produto Interno Bruto, 8% das exportações e geram aproximadamente 150 mil empregos.

O secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério da Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, acredita que é possível conciliar os interesses econômicos e a proteção ambiental. "O eucalipto não é uma espécie danosa. O problema é quando uma espécie qualquer é utilizada de forma inadequada", ressalta Capobianco.

Segundo Capobianco, a imagem negativa que se criou do eucalipto é conseqüência de projetos do passado. Ele lembrou que na década de 70, principalmente, com os incentivos fiscais do governo federal, houve um estímulo ao plantio do eucalipto em grande escala, sem planejamento e sem cuidados ambientais, o que levou à destruição de extensas áreas de Mata Atlântica e de Cerrado.

Capobianco vê a possibilidade de tornar a plantação de eucalipto uma alternativa viável ambiental, econômica e socialmente. Existem projetos em estudo para a inclusão dos agricultores familiares na atividade.

"Qualquer monocultura é danosa, seja de eucalipto, seja de uma espécie nativa. Mas, não há, em princípio, nenhum problema em se ter o uso do eucalipto em determinadas regiões da Amazônia que já foram degradadas no passado. Ela pode, ao contrário, trazer benefícios ambientais e sociais."

Por Juliana Andrade e Bianca Paiva
Colaborou Irene Lôbo

Um comentário:

Anônimo disse...

O que o secretário de Biodiversidade e Florestas do MMA Capobianco omite fatos importantes em pró da implantação deste projeto de Celulose. Omite que o Pampa é composto por campos e pequenos arbustos. O eucalipto neste Bioma terá impactos danosos. Omite que as terras utilizadas e sugadas para plantio de eucalipto para celulose de exportação são terras férteis. Sem a autonomia do alimento somos escravos do consumo ou dependentes da doação de alimentos. Omite que monoculturas de eucaliptos não são "florestas" mas mais uma lavoura de produto para abastecer as necessidades de outros países. Omite que Aracruz Celulose, Stora Enso e Votorantim, as três grandes empresas que se instalam no RS já tem cerca de muitos hectares de terras próprias, formando grandes latifundios. Omite que a "imagem negativa" destas plantações em grande escala é presente nos paises em que se instalou.
As mulheres da Via Campesina fizeram um ato para alertar sobre problemas que virão logo ali, daqui a alguns anos, como já está acontecendo em muitos países.
Este governo como os outros mostra ser capacho das multinacionais ao impor um projeto de cima para baixo que beneficia somente o capital internacional.