fevereiro 22, 2007

Relatório culpa fazendas industriais pela gripe aviária.

Traduzido por Clarissa Taguchi.

Publicado na quarta-feira, fevereiro 21, 2007 pelo Inter Press Service
Relatório culpa fazendas industriais pela gripe aviária.
por Stephen Leahy

As fazendas industriais são responsáveis pela gripe aviária e pelas emissões dos gáses do efeito estufa, agora muito mais que as emitidas por carros e veículos utilitários (SUVs em inglês), de acordo com relatório liberado na segunda-feira.
Sessenta por cento da produção de animais para alimentação no mundo, incluindo a galinha e o porco criados em “operações de confinamento para alimentação” (CAFOs em inglês), ocorrem agora nos países em desenvolvimento. Ou o zoneamento e subsídios não regulados incentivam este tipo de operação, ou as fazendas industriais estão se movendo mais perto das áreas urbanas principais da China, Bangladesh, Índia e em muitos países da África, de acordo com o relatório “Vital Signs 2007-2008” do Worldwatch Institute .

Embora não haja nenhuma prova científica definitiva, tais fazendas são provavelmente a origem da gripe aviaria e continuarão a ser responsáveis pelos novos focos de contaminação, segundo a autora do relatório, Danielle Nierenberg, uma associada do departamento de pesquisa do Worldwatch.

Em Laos, 42 dos 45 focos de contaminação na primavera de 2004 ocorreram em fazendas industriais, e 38 estavam no capital, Vientiane. Na Nigéria, os primeiros focos da gripe aviária foram encontrados em uma operação industrial. Dessa fazenda, espalhou-se por 46.000 pássaros e até outras 30 fazendas industriais, e a seguir rapidamente aos rebanhos vizinhos de quintal, forçando fazendeiros, já pobres, a matar suas galinhas, Nierenberg escreve no relatório.

“O crescimento de fazendas industriais nos países em desenvolvimento está sendo dirigido pelo fato de que há mais pessoas nas cidades que têm mais dinheiro para comprar carne,” ela disse ao IPS em uma entrevista.

Levantar a renda, as populações e a demanda para a carne resultaram na população global de aves domésticas que quadruplicaram desde os anos 60 a aproximadamente 18 bilhão pássaros, hoje. Uma vez que no geral, as aves eram produzidas em pequenas granjas ou em quintais e agora, a maioria de aves criadas são mantidas em grandes rebanhos com números além de cem mil aves.

Condicionando 100.000 galinhas em uma única fábrica para produzir carne a baixo custo cria também a atmosfera perfeita para a propagação da doença. Por essa razão, sistemas desse tipo, com criação intensiva de animais exigem na Europa e América do Norte, o uso de grandes volumes de antibióticos em galinhas, porcos e até vacas, para o controle de doenças. Este uso difundido de antibióticos criou bactérias que são agora resistentes aos antibióticos e impondo, contudo, uma outra ameaça à saúde humana.

A gripe aviária é causada por um vírus, mas que tem estado por muito tempo em pássaros selvagens e domésticos, sendo normalmente inofensivos aos seres humanos. Em 2003, uma variação mortal chamada H5N1, tem matado até agora 167 pessoas de acordo com a Organização Mundial de Saúde.

No último mês, a Inglaterra experimentou seu primeiro foco de H5N1 em uma imensa fazenda de peru com 160.000 pássaros e um galpão de processamento de carne. Acredita-se que a carne que tenha infectado os pássaros possa ter sido trazida para dentro das fazendas da fábrica por uma companhia da Hungria, de acordo com oficiais britânicos.

Na segunda-feira, os oficiais Russos de saúde confirmaram um foco H5N1 em cinco regiões diferentes em torno de Moscou. Os oficiais de lá responsabilizaram os pássaros selvagens migratórios, mesmo que fosse no meio do inverno da Rússia. Já a agência de notícias Novosti da Rússia, disse que os cientistas seguiram a fonte do vírus até um mercado do animais de estimação em Moscou.

A Organização Mundial de Alimentos e Agricultura das Nações Unidas (FAO) em Roma e a OMS responsabilizaram também os pássaros e rebanhos selvagens de quintal pela propagação do vírus. Em conseqüência, pelo menos 15 nações restringiram ou proibiram a produção caseira ou não-industrial de aves.

Mas isso pode trazer mais danos do que benefícios, disse Nierenberg.

“Muitos dos estimados 800 milhão fazendeiros urbanos no mundo, que tem plantio e produção de animais para subsistência, para o transporte, como fonte de renda foram almejados injustiçadamente,” ela disse. “A importância socioeconomica dos animais domésticos para os pobres do mundo não pode ser ultrapassada”.

Há uma evidência crescente demonstrando que há outros vetores da doença. Nenhum pássaro selvagem foi detectado com o vírus na Europa ou África este inverno, contudo houveram fontes de contaminação na Nigéria, Egipto e Europa. O comércio ilegal e impróprio de aves domésticas pode ser a razão para estes focos.

“Nossa pesquisa mostra que o comércio global de aves e as aves migratórias estão envolvidos na propagação do H5N1,” disse Peter Daszak, diretor executivo do Consortium do Conservation Medicine em Nova York, e um perito na propagação de doenças em animais selvagens.

A combinação de um grande número de pássaros que estão sendo criados juntos, o comércio internacional de aves criadas e os pássaros migratórios são uma receita perfeita para a propagação global da doença, disse Daszak em uma entrevista.

Entretanto, há um “jogo de culpa que vai em” entre as fazendas-fábrica e os pássaros migratórios como fonte de H5N1.

“As doenças novas são um dos custos do desenvolvimento e crescimento,” disse.

Daszak e os colegas documentaram a ascensão de várias doenças tais como Ebola, gripe aviária, BSE, CJD, HIV/AIDS, e H5N1. Eles acreditam que isso é resultado da mudança ambiental, causada quase sempre por seres humanos. Porque os seres humanos compartilham tantos patógenos com os animais, que o impacto humano em controlar as doenças dos animais selvagens ameaça por sua vez a saúde pública.

“Muitos de nós subestimamos o poder do comércio,” disse Samuel Jutzi, diretor da produção animal e saúde da FAO, ao Herald Internacional Tribune na última semana.

“O setor de produção de aves é o a mais globalizado na agricultura,” disse Jutzi. “Há um deslocamento incrível desde pintinhos até outros produtos.”

A forma patogênica do H5N1 não se desenvolve geralmente em pássaros ou em aves domésticas selvagens ou de quintal porque suas populações são muito espalhadas e diversas, disse Cathy Holtslander, organizadora do projeto Beyond Factory Farming Coalition, uma ONG Canadense.

Estamos concentrando números enormes de animais em espaços pequenos, alimentando-os com o alimento mais barato possível, centralizando e acelerando seu crescimento – além de processar, e de distribuir o produto extensamente em torno do mundo, a receita perfeita para a doença se espalhar, disse Holtslander ao IPS.

Os números de crescimento da criação de animais em torno do mundo são responsáveis para 18 por cento de emissões de gases de efeito estufa globais (como medido no equivalente do dióxido de carbono), de acordo com a FAO. Não é apenas methane e manure -- a FAO mostra que nossas transformações no uso de terras como o desmatamento para expanssão de pastos e para o plantio especialmente de cultivos para alimentação desses animais, fazem grande diferença. Como também fazem o uso da energia para produzir fertilizantes, para fazer funcionar abatedouros e fábricas de processamento de carne, além do bombardeamento de água.

As emissões já ultrapassam o setor do transportes no mundo, e o números de animais de criação estão aumentando rapidamente.

“As pessoas pobres do mundo necessitam provavelmente de mais carne, mas nós na América do Norte e na Europa devemos comer muito menos,” disse Nierenberg.

E seria melhor e mais saudável obter carne de sistemas menores e locais de produção. As fazendas industriais fornecem a carne mais barata somente porque os custos reais em termos de poluição do ar e da água, as condições terríveis de trabalho e o confinamento e sofrimento de animais não são calculados e assim por diante, ela disse.

“A infra-estrutura dos ESTADOS UNIDOS mal pode controlar os problemas causados por fazendas industriais,” Nierenberg disse. “Eu não sei como podem direcionar isso a países em desenvolvimento.”
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Consumidor consciente pode ajudar a reduzir alagamentos e enchentes

22/02/2007 - 09h02

Os alagamentos que ocorrem especialmente nos meses de verão, quando aumenta o volume de chuvas, têm relação bem próxima com as atividades humanas nas cidades. De acordo com os especialistas, as principais causas para a elevação do nível de água nas cidades durante as chuvas são o volume de lixo depositado em locais inapropriados e a ocupação urbana de áreas cada vez maiores. Além de provocar prejuízos materiais às famílias que sofrem por residirem nas áreas alagadas, muitas pessoas chegam a morrer ou a adoecer como conseqüência dos alagamentos . A situação é ainda pior nas regiões onde a prefeitura não destina o lixo de forma adequada, visto que, nestes casos, o lixo termina por se misturar à água das inundações, aumentando a probabilidade de doenças.

Boa parte dos gastos para solucionar esses problemas e para tratar das vítimas das águas são públicos, custeados pelos impostos que são pagos por todos nós.

Conforme Renato Lima, coordenador do Centro de Apoio Científico em Desastres (Cenacid) da Universidade Federal do Paraná e consultor da ONU para Desastres, as tubulações de esgoto, em geral, possuem um diâmetro suficiente para atender às necessidades de vazão de uma determinada região. Mas, explica que “o lixo jogado na rua, quando vai parar na tubulação, diminui a área útil do cano”. Assim, o encanamento não consegue escoar um volume suficiente de água, que acaba retornando e provocando as inundações. Segundo ele, o principal problema são os produtos feitos de plástico, como sacolas e garrafas PET, que não se decompõem e formam uma barreira impermeável para a água.

O cidadão pode contribuir para a redução da incidência de alagamentos e enchentes, conseqüentemente, para a redução dos danos causados pelas chuvas, não só estimulando políticas públicas que busquem uma solução, mas também atentando para a forma como descarta os produtos que consome. A recomendação dos especialistas é de que não se jogue o lixo nas ruas, em terrenos baldios ou em bueiros, por menor volume que tenham. Da mesma forma, não se deve jogar sedimentos, troncos e móveis em rios, pois impedem o curso da água e provocam transbordamentos.

Adicionalmente, uma recomendação da Defesa Civil é de que se limpe regularmente o telhado e as canaletas de água das residências. Desta forma, evita-se entupimentos, que podem levar a água da chuva a se dirigir para os terrenos e não para os escoadouros apropriados.

O Instituto Akatu lembra que, quando o consumidor planeja suas compras, reutiliza alimentos e produtos, e separa o lixo reciclável do comum, enviando-o para uma coleta seletiva, também está contribuindo para reduzir o problema. Todos os dias são descartadas mais de um milhão de quilos de lixo no Brasil, o suficiente para “pavimentar” uma estrada de 500 quilômetros, com duas pistas, e 11 centímetros de lixo. Mas, qualquer que seja o volume de lixo produzido diariamente pelo consumidor, se depositado em local incorreto, pode provocar enchentes e alagamentos.

Os resíduos de construção depositados nos rios em algumas cidades é uma outra prática, que, segundo Lima, provoca enchentes. Ela acontece quando o leito do rio extravasa a margem, causando prejuízos as populações ribeirinhas. “É muito comum encontrar resíduos de construção depositados nos rios em algumas cidades. É uma conduta inadequada da população, que acaba se tornando vítima”, comenta. Lima explica que isso funciona da mesma forma que o lixo nas tubulações, pois reduz a área útil para dar vazão ao volume de água. “

Segundo a Defesa Civil, outras ações que impermeabilizam e impedem a absorção da água pelo solo são: a pavimentação de ruas, construção de calçadas e a compactação. Nesses casos a área de infiltração natural no solo se reduz. Como o escoamento é direcionado para os próprios rios, córregos ou cursos de água, o excesso de água das chuvas que não foi absorvido pelo solo, transborda, provocando as enchentes.

Nesses dois últimos casos, o consumidor também pode contribuir: (a) ao realizar uma obra, deve certificar-se de que os resíduos de sua construção serão depositados em locais adequados e (b) deve preferir projetos arquitetônicos que valorizem as áreas de solo exposto, garantindo, assim, no terreno, uma área maior para absorção das águas das chuvas.

De acordo com Lima, alguns prédios – como os de supermercados – e as áreas de estacionamentos – com uma extensa área de cobertura do solo – podem implantar um sistema de coleta de água de chuva para posterior reutilização. Desta forma, não apenas contribuem para a redução do consumo de água tratada, como também para a redução das inundações.

O consumidor deve valorizar ações empresariais como essas, incentivando as empresas a terem e manterem esse comportamento e estimulando outras a adotarem essa prática. Essa é mais uma possibilidade de ação para o consumidor que quer contribuir para reduzir problemas como o dos alagamentos e enchentes.

Crédito da imagem: ONG Ecotrópica
(Envolverde/Instituto Akatu)

fevereiro 20, 2007

Memória do Apocalipse, por José de Souza Martins

As ilusões da cultura do bem ilimitado, do desperdício consumista, teceram o pano de fundo para o aviltamento da vida e para a catástrofe ambiental

Todos nós conhecemos evidências diretas da catástrofe ambiental que se arrasta há muito e cujo desfecho irreversível o Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) anunciou há poucas semanas.

O mundo que nós conhecemos está acabando. Bilhões de pessoas terão morrido de sede dentro de 80 anos, cidades serão inundadas pela elevação do nível dos oceanos em conseqüência do aquecimento, em muitas regiões do mundo faltará o alimento.

Satanás já venceu a batalha de Armagedom. Os que sobreviverem terão que passar por grandes mudanças no modo de viver atual.

É praticamente certo que conhecemos pessoas, sobretudo crianças de hoje, nossos netos, que viverão em agonia o inferno do Apocalipse. Já não se trata de algo que acontecerá um dia, lá longe, remotamente.

Já podemos olhar nos olhos das pessoas que verão as cores desses dias de horror. Nem será aquele Apocalipse simbólico do testemunho de João. Será pior, porque nele não haverá remissão.
Com o impacto da notícia, num átimo condensaram-se minhas lembranças de um sem número de indicações de que o tempo desse Apocalipse já estava instaurado, praticamente desde quando nasci, no meio das chaminés das numerosas fábricas da região do ABC paulista e industrial.

Vi, lá por meados dos anos cinqüenta, no escritório do historiador João Baptista de Campos Aguirra, um mapa dos anos vinte, da região, em que estavam assinaladas as suas fontes de água mineral.

No que corresponde hoje ao município de São Caetano havia pelos menos cinco delas. Estão todas secas.

Participei um dia, nos anos noventa, de uma excursão organizada pela Cetesb, da foz do rio Tamanduateí, no Tietê, até sua nascente numa idílica gruta de pedra num bosque do município de Mauá.

Os técnicos queriam nos apresentar a degradação de um rio que já estava morto, dezenas de tubos despejando líquidos de todas as cores e fedores no que um dia fora um rio potável e navegável.

Ao longo do caminho, mesmo em áreas servidas pela coleta pública de lixo, vimos pessoas atravessando as ruas que beiram o rio para nele despejar o lixo doméstico. Na gruta, tomei a água cristalina e fria onde nascia o Tamanduateí.

Uma centena de metros abaixo, uma fabriqueta de blocos de cimento despejava seus resíduos na água que, se quisesse, dono e trabalhadores poderiam beber. Eram os primeiros porcos da lista.
Na minha infância, nos anos 40 e 50, os rios da região ainda tinham peixes e neles brinquei com a molecada da minha vizinhança.

Um dia, no começo dos anos 50, meu padrasto foi pescar de tarrafa nas lagoas da margem do rio dos Meninos, afluente do Tamanduateí. Pegou muito peixe.

Preparado, era impossível comê-lo, tinha gosto de combustível, estava contaminado. Li depois relatórios antigos, dos anos 20, que já denunciavam a poluição química dos dois rios.
Lá por meados dos anos 60, descobrimos um dia que a água limpa e tratada que chegava às nossas torneiras tinha cheiro de urina e fezes. Dava nojo.

O rio Pinheiros, que até hoje é puro esgoto, havia sido invertido para despejar na represa Billings a sua água suja, necessária ao volume de água que assegurasse o funcionamento da hidrelétrica de Cubatão.

Só que a água para abastecer toda a região do ABC também era captada nessa represa. Depois de muito protesto a captação passou a ser feita longe dos focos de contaminação e a inversão do rio foi proibida.

Não só as águas da região industrial se transformaram num grave problema. Um vizinho mostrou-me um dia que já não tinha o septo nasal, a cartilagem corroída pelos ácidos da fábrica de produtos químicos em que trabalhara, ali perto.

Seu nariz escondia um buraco desproporcional. Explicou-me que eram centenas os operários com o mesmo problema, todos batendo às portas da Justiça do Trabalho.
Anos depois, a fábrica foi demolida e o terreno interditado pela Cetesb, pois estava completamente envenenado. Serão necessários cem anos, pelo menos, para que volte a ter algum uso humano.

O afã do lucro desregulamentado, incondicional e irracional, destruiu um pedaço do planeta como se o mundo pudesse ser loteado e destroçado com a simples invocação do direito de propriedade. O empresário destruiu seu próprio patrimônio. Não foi na África nem na Ásia: aconteceu aqui no subúrbio de SP.

Nem foi caso isolado. Na noite de 2 de junho de 1975, uma fábrica de fertilizantes no vale do Tamanduateí, na Vila Industrial, em Santo André, liberou uma nuvem tóxica que alcançou os bairros Jardim e Campestre, de classe média.

Ambulâncias, a polícia e os bombeiros foram mobilizados para retirar os moradores, casas tiveram que ser arrombadas para salvar intoxicados. No dia seguinte, animais mortos foram recolhidos nos quintais.

O sociólogo Antonio de Andrade, que trabalhava na Cetesb, testemunhou os momentos de desespero da população local e os registrou em sua tese de mestrado.

Ricos e pobres, os poderosos e os sem-poder, se irmanam na cruzada genocida, na inconsciência e na inconseqüência, esquecidos de que estão consumindo hoje o amanhã de seus netos, antropofagicamente comendo a vida de seus próprios descendentes.

Em pouco mais de cem anos houve imensa mudança de mentalidade em todo mundo.
As populações camponesas historicamente se pautam pelo que o antropólogo americano George Foster, estudando as populações camponesas da América Latina, definiu como cultura do bem limitado.

Para elas, tudo é finito e, por isso, deve ser usado com parcimônia reguladora da vida, consumido o estritamente necessário, reposta na terra a semente como tributo de quem consumiu seus frutos, as águas preservadas, os detritos e resíduos reciclados.

Com a difusão da sociedade de consumo, surgiu e se difundiu rapidamente a cultura oposta, a do bem ilimitado, a cultura do desperdício, a idéia de que tudo existe em abundância sem fim, basta ir ao mercado e comprar.

O anúncio da catástrofe ambiental nos diz, tardiamente, que isso é engano fatal. A vida, que é patrimônio do gênero humano, não está à venda. José de Souza Martins é professor de sociologia na USP

(www.ecodebate.com.br) artigo originalmente publicado pelo Valor Econômico, EU - 16/02/2007

Cronologia sobre o aquecimento global

Da AFP, via Terra Notícias

Confira a cronologia dos principais acontecimentos sobre aquecimento global e mudança climática:

1827: o cientista francês Jean-Baptiste Fourier é o primeiro a considerar o "efeito estufa", o fenômeno no qual os gases atmosféricos prendem a energia solar, elevando a temperatura da superfície terrestre, em vez de permitir que o calor volte para o espaço.

1896: o químico sueco Svante Arrhenius culpa a queima de combustíveis fósseis (petróleo, gás e carvão) pela produção de dióxido de carbono (CO2).

1958: o cientista americano Charles David Keeling detecta a elevação anual de CO2 atmosférico com o aumento do uso dos combustíveis fósseis no pós-guerra.
Anos 70: cientistas europeus e americanos identificam outros gases (clorofluorcarbonos, metano e óxido nitroso) como gases de efeito estufa.

1979: um relatório marco da Academia Nacional de Ciências americana vincula o efeito estufa à mudança climática e alerta que "uma política de esperar para ver pode significar esperar até que seja tarde demais".

1988: o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC, na sigla em inglês) é criado sob os auspícios da ONU. Referência para a criação de um consenso científico sobre a medição e a análise do aquecimento global, o IPCC é encarregado de publicar atualizações regulares sobre o estado de conhecimento a respeito do tema.

1990: o primeiro relatório de avaliação do IPCC diz que os níveis de gases de efeito estufa produzidos pelo homem estão aumentando na atmosfera e prevê que estes causarão o aquecimento global.

1992: criação da Convenção Marco das Nações Unidas sobre a Mudança Climática (UNFCCC, na sigla em inglês) durante a Cúpula do Rio, que também pede cortes voluntários nas emissões de gases de efeito estufa.

1995: o segundo relatório de avaliação do IPCC diz que os níveis de gases de efeito estufa ainda estão aumentando, e acrescenta: "o conjunto de evidências sugere uma discernível influência humana no clima global".

1997: os países do UNFCCC assinam o Protocolo de Kioto, que exige que os países industrializados reduzam as emissões de seis gases de efeito estufa em 5,2% para a meta 2008-2012, em comparação com os níveis de 1990. O protocolo é um "programa marco". O estabelecimento de seus complexos regulamentos legais é deixado para negociações futuras.

2000: os anos 1990 são considerados a década mais quente já registrada.

2001: o terceiro relatório do IPCC declara como incontestável a evidência de aquecimento global causado pelo homem, embora os efeitos sobre o clima sejam difíceis de detalhar. O documento prevê que, em 2100, a temperatura atmosférica global terá aumentado entre 1,4°C e 5,8°C e os níveis dos mares, entre 0,09 e 0,88 metro, dependendo da quantidade de emissões de gases de efeito estufa. Os Estados Unidos, o maior emissor individual de gases de efeito estufa, abandonam Kioto. O presidente americano, George W. Bush, questiona o consenso científico sobre o aquecimento global e diz que o pacto é injusto e caro demais para a economia americana. Em novembro, os signatários do Protocolo de Kioto, com exceção dos Estados Unidos, dão seu aval aos regulamentos do tratado.

2002: a pressão dos Estados Unidos força a saída do presidente do IPCC, Robert Watson, um dos cientistas líderes no alerta sobre a mudança climática.

2004: a Rússia ratifica o Protocolo de Kioto. Sua aprovação é necessária para transformar o esboço do pacto em um tratado internacional sob a aritmética de suas cláusulas de ratificação. A Agência Internacional de Energia (AIE) declara a China como o segundo maior poluidor de carbono do mundo, devido ao aumento do uso de combustíveis fósseis.

2005: em 16 de fevereiro, o Protocolo de Kioto entra em vigor. No dia 29 de agosto, o furacão Katrina devasta a costa do Golfo americana, gerando especulações de que a temporada excepcional de tempestades tropicais foi provocada pelo aquecimento global.

2006: novos estudos sugerem que a mudança climática já está em andamento, com a perda de gelo nos Alpes, na Europa, o derretimento da cobertura de gelo na Groenlândia e no Pólo Norte e a retração do subsolo permanentemente congelado na Sibéria. A Califórnia anuncia planos para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa aos níveis de 1990 até 2020 e processa seis empresas automobilísticas por sua contribuição para o aquecimento global. Um relatório britânico escrito pelo ex-economista do Banco Mundial, Nicholas Stern, diz que a mudança climática custará até 20% do PIB global se nada for feito.

2007: em 4 de janeiro, cientistas britânicos anunciam que 2007 será o ano mais quente já registrado em todo o mundo. Em 17 de janeiro, o Boletim de Cientistas Atômicos adianta em dois minutos o Relógio do Apocalipse, que agora marca cinco minutos para a meia-noite, citando a mudança climática como um risco tão grande para a humanidade quanto a proliferação nuclear. No dia 2 de fevereiro, o IPCC publica o primeiro de três volumes de seu quarto relatório de avaliação, que conclui com 90% de certeza que o aquecimento global foi causado pela ação humana. E que a temperatura da Terra aumentará, até o final do século XXI, entre 1,8°C e 4°C.

AFP

fevereiro 17, 2007

Greenhouse Gases Hit New High, Rise Accelerates

Published on Friday, February 16, 2007 by Reuters

by Alister Doyle

OSLO - Greenhouse gases widely blamed for causing global warming have jumped to record highs in the atmosphere, apparently stoked by rising emissions from Asian industry, a researcher said on Friday.

"Levels are at a new high," said Kim Holmen, research director of the Norwegian Polar Institute which oversees the Zeppelin measuring station on the Arctic archipelago of Svalbard about 1,200 km (750 miles) from the North Pole.

He told Reuters that concentrations of carbon dioxide, the main greenhouse gas emitted largely by burning fossil fuels in power plants, factories and cars, had risen to 390 parts per million (ppm) from 388 a year ago.

Levels have hit peaks almost every year in recent decades, bolstering theories of warming, and are far above 270 ppm before the Industrial Revolution of the 18th century. Climate scientists say the heat-trapping gas is blanketing the planet.

Holmen said the increase of 2 ppm from 2006 reflected an accelerating rise in recent years. "When I was young, scientists were talking about 1 ppm rise" every year, he said. "Since 2000 it has been a very rapid rate."

"The large increases in release rates are definitely in the Asian economies," led by China, he said. China is opening coal-fired power plants at the rate of almost one a week.

SPRING FALL

Carbon dioxide concentrations peak just before the northern hemisphere spring, when plants start soaking up the gas as they grow. Southern hemisphere seasons have less effect since there are fewer land masses -- and plants -- south of the equator.

The Zeppelin station is run in cooperation with Stockholm University and is one of the main measuring points along with a station in Hawaii. Remoteness from industrial centers helps.

Scientists say the concentration of carbon dioxide, according to the modern records, is at its highest in the atmosphere in at least 650,000 years.

The world's top climate scientists said in a report on February 2 they were more than 90 percent certain that human activities, led by burning fossil fuels, were to blame for warming. That was up from 66 percent certainty in a previous report in 2001.

The U.N.'s Intergovernmental Panel on Climate Change said that temperature rises were set to accelerate and could gain by between 1.1 and 6.4 Celsius (2.0-11.5 Fahrenheit) by 2100, bringing more floods, droughts and rising sea levels.

Apart from human emissions from burning fossil fuels, he said there were other factors that could affect carbon dioxide levels in future.

On the one hand, plants may grow more in a warmer world, soaking up more carbon dioxide. But if the soil gets warmer, dead plants and leaves may rot more in winter, releasing more carbon.

Any heating of the oceans may means less absorption of carbon dioxide, partly because the greater buoyancy of warmer water inhibits a mixing with deeper lev

fevereiro 16, 2007

Monsanto: A checkered history*

*Nota do editor: Matéria de 09 de Janeiro de 1998.

Is Monsanto the “clean and green” company its advertisements promote, or is the new image merely a product of clever public relations?

Monsanto’s high-profile advertisements in Britain and the US depict the corporation as a visionary, world-historical force, working to bring state-of-the-art science and an environmentally responsible outlook to the solution of humanity’s pressing problems. But just who is Monsanto? Where did they come from? How did they get to be the world’s second largest manufacturer of agricultural chemicals, one of the largest producers of seeds and soon – with the impending merger with American Home Products – the largest seller of prescription drugs in the United States? What do their workers, their customers, and the others whose lives they have impacted, have to say? Is Monsanto the “clean and green” company its advertisements promote, or is the new image merely a product of clever public relations? A look at the historical record offers some revealing clues, and may help us to better understand the company’s present-day practices?

Headquartered just outside St. Louis, Missouri, the Monsanto Chemical Company was founded in 1901 by John Francis Queeny. Queeny, a self-educated chemist, brought technology to manufacture saccharine, the first artificial sweetener, from Germany to the United States. In the 1920s, Monsanto became a leading manufacturer of sulphuric acid and other base industrial chemicals, and is one of the only companies to be listed among the top ten US chemical companies in every decade since the 1940s.

By the 1940s, plastics and synthetic fabrics had become a centrepiece of Monsanto’s business. In 1947, a French freighter carrying ammonium nitrate fertilizer blew up at a dock 270 feet from Monsanto’s plant outside Galveston, Texas. More than 500 people died in what came to be seen as one of the chemical industry’s first major disasters. The plant was manufacturing styrene and polystyrene plastics, which are still important constituents of food packaging and various consumer products. In the 1980s the US Environmental Protection Agency (EPA) listed polystyrene as fifth in its ranking of chemicals whose production generates the most total hazardous waste.

*Abaixo, o legado tóxico da empresa.

PCBs

Dioxin: A Legacy of Contamination

Agent Orange: The Poisoning of Vietnam

Roundup: The World’s Biggest-Selling Herbicide

Biotechnology’s Brave New World

Roundup-Ready Soybeans (RRS)

Shapiro, The Image-Maker

fevereiro 15, 2007

Faca de dois gumes

14/02/2007

Por Fábio de Castro

Agência FAPESP – O aquecimento global não é a única bomba-relógio ambiental armada pela ação humana no planeta. A comunidade científica internacional começa a alertar para as graves conseqüências da radical modificação no ciclo do nitrogênio nos últimos 40 anos, após o advento dos fertilizantes sintéticos.

Quando está presente em excesso, como nos países industrializados, o nitrogênio contamina os ecossistemas. Em falta, as conseqüências são a fome e a desnutrição. “O mundo precisa acordar para o problema do nitrogênio”, disse Luiz Antonio Martinelli, pesquisador do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP), à Agência FAPESP.

Martinelli coordena o comitê internacional responsável pela Conferência Internacional do Nitrogênio – N2007, que será realizada em outubro na Costa do Sauípe (BA). O evento reunirá especialistas de diversos países com o objetivo de definir uma agenda para o uso sustentável do nitrogênio no planeta.

“Enquanto tem se falado bastante da questão do carbono, o problema do nitrogênio é pouco discutido. A gravidade da situação, no entanto, pode ser até maior que a do carbono. Trata-se de um problema complexo que envolve vertentes econômicas, sociais, ambientais e agrícolas”, afirmou Martinelli.

Segundo o professor, até 1960 a disponibilidade de nitrogênio na Terra era controlada exclusivamente por processos naturais, por meio da fixação do elemento pelas plantas. Hoje, a produção sintética do nitrogênio ultrapassa toda a produção natural em até 30%. “O mais grave é que, além de produzirmos muito nitrogênio, sua distribuição é tão ruim quanto a distribuição de riquezas”, comparou.


Sem nitrogênio, sem comida

O nitrogênio, explica Martinelli, é fundamental na produção de alimentos por se tratar de um nutriente limitante. Quando não está presente, não se consegue produzir alimentos nos níveis da demanda atual. “Os países em desenvolvimento sofrem com isso. O continente africano é um caso crônico. Os fertilizantes são caros, a distribuição é ruim, o transporte é insuficiente e a logística não existe. Esse é um dos motivos da fome na África.”

Por outro lado, quando há uso excessivo de fertilizantes, o excesso de nitrogênio não é absorvido pelas plantas e se torna um poluente. “O nitrogênio tem extrema mobilidade, muda rapidamente de estado e vai da terra para o ar e dali para a água com muita facilidade, contaminando os ecossistemas agrícolas e penetrando nos lençóis freáticos”, explicou.

De acordo com Martinelli, todos os países industrializados, sem exceção, têm problemas sérios de poluição com nitrogênio. O pior deles é o excesso do elemento químico em corpos d’água, que leva ao fenômeno conhecido como eutrofização.

“Há um crescimento acelerado de algas e outros organismos que, quando morrem, são decompostos utilizando o oxigênio da água. A taxa de oxigênio cai, causando mortandade de peixes. São as zonas mortas, que se estendem pela maioria dos estuários dos países desenvolvidos”, disse.

No Brasil, segundo o pesquisador, há tanto zonas carentes em nitrogênio no Nordeste quanto áreas que já manifestam excesso do elemento em São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. “O nitrogênio é como alguns remédios: na dose certa é cura, na dose exagerada é veneno. Algumas áreas estão padecendo da falta do remédio, outras estão sendo envenenadas.”


Em busca do equilíbrio

Para agravar o problema, os países que sofrem com a carência de fertilizantes podem ter excesso de nitrogênio em alguns ecossistemas por conta do despejo de esgoto não tratado em rios e lagos. “As fezes e a urina são riquíssimas em nitrogênio. Se o esgoto não for tratado, o elemento vai parar em um corpo d’água e causa eutrofização, funcionando como se fosse um fertilizante orgânico”, disse Martinelli.

Principal componente da “revolução verde”, os fertilizantes sintéticos tornaram a humanidade dependente do nitrogênio. De acordo com o professor da Esalq, em média 70% das proteínas consumidas por cada habitante do planeta são compostas pelo nitrogênio fornecido pelos fertilizantes sintéticos.

“A revolução verde teve um grande papel na redução da fome no planeta, particularmente na Ásia. Mas em países como a China, o governo produz e distribui nitrogênio à vontade. O resultado é que os ecossistemas chineses estão altamente comprometidos e a maioria de seus corpos d’água estão eutrofizados”, disse Martinelli.

Para o cientista, o desafio que o mundo tem pela frente é encontrar um meio sustentável para o uso do nitrogênio. “Há extrema necessidade de se conseguir balancear a quantidade de nitrogênio de maneira a suprir as necessidades das plantas para produção de alimentos, sem causar danos ambientais”, disse.

fevereiro 10, 2007

Inuit accuse US of destroying their way of life with global warming

No The Independent
Por Andrew Buncombe in Washington
Published: 09 February 2007

A delegation of Inuit is to travel to Washington DC to provide first-hand testimony of how global warming is destroying their way of life and to accuse the Bush administration of undermining their human rights.

The delegation, representing Inuit peoples from the US, Canada, Russia and Greenland, will argue that the US's energy policies and its position as the world's biggest emitter of greenhouse gases is having a devastating effect on their communities. Melting sea ice, rising seas and the impact on the animals they rely on for food threatens their existence.

The Inuit's efforts to force the US to act are part of an unprecedented attempt to link climate change to international human rights laws. They will argue before the InterAmerican Commission on Human Rights (ICHR) that the US's behaviour puts it in breach of its obligations. "The impacts of climate change, caused by acts and omissions by the US, violate the Inuit's fundamental human rights protected by the American Declaration of the Rights and Duties of Man and other international instruments," the Inuit argued in a letter to the ICHR. "Because Inuit culture is inseparable from the condition of their physical surroundings, the widespread environmental upheaval resulting from climate change violates the Inuit's right to practice and enjoy the benefits of their culture."

Indigenous peoples from the Arctic have long argued that global warming was having a dramatic effect on their environment. In 2002, villagers in the remote Alaskan island community of Shishmaref voted to relocate to the mainland because rising sea levels threatened to overwhelm their community. Data has been gathered to support their claims and scientists have recorded how polar regions are the most vulnerable to climate change. The most recent international Arctic Climate Impact Assessment suggested global warming would see temperatures in the Arctic rise by 4-7C over the next 100 years - about twice the previous average estimated increase.

The delegation to Washington will be led by Sheila Watt-Cloutier, the former chair of the Inuit Circumpolar Conference who was last week nominated for the Nobel Peace Prize. Speaking yesterday from Iqaluit in Nunavut, Canada, she said: "For us in the Arctic our entire culture depends on the cold. The problem of climate change is what this is all about. At the same time we will be bringing in lawyers to talk about the link between climate change and human rights."

The invitation for the Inuit to give testimony before the ICHR next month comes just days after the most recent report of the Intergovernmental Panel on Climate Change provided a dire assessment about the threat of climate change. In the Arctic, scientists have estimated that summer sea ice could completely disappear by 2040.

Martin Wagner, of the California-based Earthjustice, said: "There can be no question that global warming is a serious threat to human rights in the Arctic and around the world. The ICHR plays an important role in interpreting and defending human rights, and we are encouraged that it has decided to consider the question of global warming."

The ICHR, an arm of the Organisation of American States, can issue findings, recommendations and rulings. It can also refer cases to the Inter-American Court of Human Rights in Costa Rica, though the US has always made clear it does not consider itself bound by the court's rulings.

fevereiro 09, 2007

Transgênicos, Kapra, Vandana Shiva... (em inglês)



Genetically modified food, OGM, Transgênicos, Organismos Geneticamente Modificados, OGM. It's exactly how it sounds.

Aquecimento Global assusta senadores

Senado decidiu criar subcomissão, no âmbito da Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle para debater tema

Brasília - Depois do anúncio e agora cientificamente embasado de que a temperatura da Terra está se elevando e que há 90% de certeza de que essa elevação está sendo causada pela atividade humana, o Senado decidiu criar uma subcomissão, no âmbito da Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA), para debater o tema. Os autores do requerimento foram os senadores Sibá Machado (PT-AC) e Renato Casagrande (PSB-ES), e coube a este último assumir a presidência da subcomissão.

"Temos que manter esse tema vivo, acompanhar e fiscalizar as ações do governo e até mesmo da sociedade. Também vamos propor projetos de lei que incentivem a proteção ao meio ambiente e a geração de energia limpa", explicou Casagrande.

O senador ressaltou ainda a necessidade de se cobrar medidas efetivas e urgentes para redução da emissão de gases tóxicos nos países desenvolvidos, que, por apresentarem maior número de indústrias, são os maiores emissores desse tipo de poluente.

"É necessário cobrar maior comprometimento dos países ricos, e o Brasil, que tem uma matriz energética limpa, tem muito que ensinar ao mundo", argumentou.

O presidente da CMA, senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO), destacou que o Senado está "antenado" para o problema e que, com a criação da subcomissão, a Casa vai atuar de maneira enfática, tanto fiscalizando as ações do governo para contornar o problema quanto na realização de audiências públicas com cientistas e técnicos para debater medidas de proteção do meio ambiente.

Alerta

A constatação da elevação da temperatura foi divulgada no último dia 2 pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, da sigla em inglês), em Paris. O relatório, elaborado por 600 especialistas de 40 países, traz mapas com projeções de mudanças no clima até 2090. De acordo com os cientistas, há 90% de certeza de que essa elevação esteja ocorrendo por conta da atividade humana, com o lançamento de gases poluentes à atmosfera, como o monóxido e o dióxido de carbono, o enxofre e o metano. Por causa dessa elevação, o clima sofrerá mudanças - como as que já vêm ocorrendo - e será possível observar o crescimento de secas nas regiões dos trópicos, ondas de calor na Europa, derretimento das calotas polares e outros eventos como furacões.

O aquecimento, diz o estudo, é a maior ameaça à sobrevivência do Planeta, e por isso, são necessárias ações governamentais mais incisivas do que aquelas que vêm sendo discutidas na Convenção sobre Mudança do Clima da Organização das Nações Unidas ou do que já foi estabelecido pelo Protocolo de Kyoto, em 1997. O estudo recente prevê um cenário de catástrofe. Segundo o relatório, a emissão de gás carbônico na atmosfera, principal responsável pelo efeito estufa, saltou de 23,3 bilhões de toneladas em 1990 para emissões anuais de 26,4 bilhões de 2002 a 2005.
- A grande importância desse estudo, especialmente porque existiam grupos contrários à idéia de que o excesso de gases poluentes poderia causar o aquecimento terrestre, é a certeza quase absoluta, mais de 90%, de que esse agravamento é resultado da ação humana - explicou a consultora legislativa da área de meio ambiente do Senado, Carmen Rachel S.M. Faria.

A temperatura média da Terra, atualmente em 14,5 graus, aumentará 0,1 grau por década mesmo que as emissões se estabilizem. Se a poluição continuar, em 2040, a temperatura média do planeta passará de 15 graus. Para 2100, a previsão é que a temperatura média chegue a 16,5 graus, e na pior das hipóteses, a 19 graus. Assim, o Ártico poderá derreter por completo.

IPCC
O IPCC - autor do estudo - é um painel vinculado às Nações Unidas que reúne mais de 2.500 pesquisadores que analisam mudanças climáticas. Criado em 1988, o Painel tem o objetivo de avaliar e compilar as informações científicas, técnicas e socioeconômicas relevantes para a compreensão da mudança do clima, seus impactos e as opções para tentar reverter o quadro ou o que é necessário fazer para adaptação às mudanças. A cada cinco anos, o IPCC lança um relatório baseado na revisão de pesquisas desses cientistas, provenientes de todo o mundo, inclusive do Brasil. Outros já foram divulgados em 1990, em 1995 e em 2001.

O documento divulgado pelo IPCC foi o primeiro de uma série de quatro, a serem lançados até o final do ano. Os cientistas dividiram-se em três grupos: o primeiro avalia os aspectos científicos do sistema do clima e da mudança do clima; o segundo avalia a vulnerabilidade socioeconômica e dos sistemas naturais em conseqüências da mudança do clima e as opções para a Humanidade se adaptar à nova realidade; e o terceiro avalia opções para limitar emissões de gás-estufa e outras maneiras de acabar com a mudança do clima. Sendo assim, o grupo II vai expor seus resultados em Bruxelas, no dia 6 de abril; o grupo III, em Bangkok, no dia 4 de maio; e vai haver uma síntese do trabalho, em Valença, no dia 16 de novembro. (Elina Rodrigues /Agência Senado)

Energia brasileira para o futuro global

Para ler nas entrelinhas:

1)Cultivares para biocombustíveis X alimentação.
2)Onde serão cultivados.
3)Como serão cultivados.
4)Biomassa quer dizer tudo que for orgânico - dendê, soja, lixo, cana, eucalipto e por aí vai.
5)A pergunta de sempre: Quem.

09/02/2007
Por Fábio de Castro

Agência FAPESP – A edição da Science desta sexta-feira (9/2) tem como destaque um dossiê sobre sustentabilidade e energia. O consumo energético global é considerado pela revista como “o maior desafio para um futuro sustentável”.

Os editores da publicação norte-americana ressaltam a dependência mundial dos combustíveis fósseis não-renováveis que foram e continuarão a ser a principal causa da poluição e das mudanças climáticas. “Esses problemas e a crescente escassez das reservas de petróleo tornam cada vez mais urgente a viabilização de energias alternativas”, afirmam.

A edição enfoca alguns dos desafios e esforços necessários “para que a energia sustentável seja mais efetiva em escala suficiente para fazer diferença”. Segundo o editorial, várias das questões fundamentais ligadas ao tema “requerem grandes esforços de pesquisa em áreas que ainda têm pouco investimento”.

Os 22 artigos da seção especial da edição tratam de avanços científicos e de perspectivas em tópicos como energia solar, biocombustíveis, células de hidrogênio, energia fotovoltaica, seqüestro de carbono e produção de combustíveis a partir de microrganismos.

Em um dos textos, Nathan Lewis, da Divisão de Química do Instituto de Tecnologia da Califórnia, nos Estados Unidos, afirma que a conversão direta da luz do sol, com células de energia solar, em eletricidade ou hidrogênio esbarra nos altos custos, independentemente de sua eficiência intrínseca.

Mike Himmel, do Departamento de Bioquímica da Universidade do Estado do Colorado, explica como a União Européia planeja produzir um quarto de seus combustíveis a partir de biomassa até 2030. Em outro artigo, Janez Potocnik, diretor de Ciência e Pesquisa da Comissão Européia, discute como os europeus estão estabelecendo metas e alocando recursos para energias alternativas.


Brasil em primeiro plano

Um dos destaques do dossiê é o artigo Etanol para um futuro de energia sustentável, de José Goldemberg, secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo. O combustível comum nos postos brasileiros é apontado pela revista em editorial como a “principal alternativa energética viável a curto prazo”.

Para o físico Goldemberg, também professor do Instituto de Eletrotécnica e Engenharia da Universidade de São Paulo (USP), o destaque para o Brasil na edição da Science mostra que a comunidade científica norte-americana percebeu as vantagens do etanol baseado em cana-de-açúcar em relação ao combustível produzido a partir do milho. A Science é publicada pela Sociedade Norte-Americana para o Avanço da Ciência (AAAS, na sigla em inglês).

“Eu não submeti o artigo à apreciação dos editores. Eles entraram em contato e solicitaram a contribuição, o que é raro nesse tipo de publicação. Isso mostra que os norte-americanos se conscientizaram de que o etanol de cana-de-açúcar é um caminho promissor”, disse Goldemberg à Agência FAPESP.

Goldemberg defende que o programa brasileiro, iniciado na década de 1970, seja replicado em outros lugares do mundo. Ele explica que o etanol de cana-de-açúcar é sustentável por consumir, em sua produção, muito menos combustível fóssil que o de milho.

“Além disso, o milho cria uma competição direta entre o uso para alimento e para combustível, o que é um efeito perverso. Com a produção atual de etanol, o preço do milho já subiu, encarecendo o produto inclusive no México, onde é a base da alimentação”, disse.


Combustível para exportação

Segundo Goldemberg, se o modelo brasileiro for replicado em outros países, o Brasil poderá tirar proveito da exportação do produto. “O etanol não contribui para o efeito estufa, por isso os países europeus e o Japão, por exemplo, teriam interesse em importar do Brasil para reduzir suas emissões. No momento há muitas barreiras alfandegárias, mas a necessidade de combater o efeito estufa deverá baixá-las”, disse.

Em seu artigo, Goldemberg aponta que a produção de etanol de cana-de-açúcar no Brasil é de 16 bilhões de litros por ano, o que requer cerca de 3 milhões de hectares de terra. “A competição pelo uso da terra para produção de comida e combustível não tem sido substancial: a cana cobre 10% do total de terras cultivadas e 1% das terras disponíveis para agricultura no país. A área total de plantações (para açúcar e etanol) corresponde a 5,6 milhões de hectares”, conta.

O cientista afirma que a produção de etanol a partir da cana-de-açúcar pode ser replicada em outros países sem grandes prejuízos para os ecossistemas naturais. Em todo o mundo, cerca de 20 milhões de hectares são usados para plantio de cana-de-açúcar, na maior parte para produção açucareira.

“A expansão da produção nos moldes do programa brasileiro de etanol, com um acréscimo de 30 milhões de hectares no Brasil e em outros países, seria suficiente para que o etanol substituísse 10% da gasolina usada no mundo. A área corresponde a uma pequena fração dos 2 bilhões de hectares de áreas cultivadas em todo o mundo”, explicou.


Importância ambiental

Goldemberg afirma que a expansão do uso do etanol não deverá pressionar o meio ambiente. “Existem amplas possibilidades de expandir sem precisar usar áreas que envolvam degradação. Em São Paulo, a produção de cana-de-açúcar ocorre em áreas já degradadas e ainda há espaço para duplicar ou triplicar a produção usando só essas áreas.”

O biodiesel, de acordo com o professor, representa perigo ambiental iminente. “O problema é que ele está sendo produzido a partir da soja. É preciso procurar outras culturas, como dendê ou pinhão-bravo. A soja, ao contrário da cana-de-açúcar, é cultivável na Amazônia. Permitir que o programa seja dependente da soja é um grande perigo”, afirmou.

Em seu artigo, Goldemberg destaca que mais de 80% do total da energia utilizada do mundo é proveniente de combustíveis fósseis, que pouco mais de 6% correspondem à energia nuclear e que apenas cerca de 13% vêm de energias renováveis. “Mas boa parte dessa biomassa é usada de maneira não renovável. A grande oportunidade que temos é modernizar o uso de biomassa, e isso é o que está sendo feito com o etanol e o biodiesel”, disse.

O dossiê pode ser lido por assinantes da Science em www.sciencemag.org

O Brasil precisa agir e rápido

POr Andre Trigueiro
O Globo, em 9/2/2007

O mais alarmante relatório já divulgado pela ONU sobre os impactos do aquecimento global não deixa dúvidas sobre a urgência das ações que governos, empresas e sociedade deverão empreender daqui por diante no sentido de reduzir a intensidade das catástrofes previstas.

No caso específico do Brasil, onde 75% das emissões de gases estufa se concentram nas queimadas da Amazônia, está mais do que na hora de o governo promover a certificação da madeira, da carne bovina e da soja procedentes daquela região do país, inibindo a comercialização do que seja produzido em áreas de floresta ocupadas ilegalmente por madeireiros, pecuaristas e sojeiros.

A certificação é um passo importante para que o consumidor tenha a oportunidade de escolher o que lhe interessa, segundo seus valores e conveniências. Em resumo: quem não quiser agravar a destruição da Amazônia e o aumento do efeito estufa, teria a chance de comprar apenas produtos certificados.

Outra medida oportuna seria fazer com que as montadoras de veículos reduzissem progressivamente as emissões de gases estufa dos motores. Pelas atuais regras do PROCONVE – Programa de Controle de Emissões Veiculares – as montadoras são obrigadas a cumprir metas e prazos para reduzir as emissões de alguns gases poluentes, mas o texto da Resolução CONAMA nº 315, de 2002, não estabelece nenhum compromisso dos fabricantes em reduzir as emissões dos gases que agravam o aquecimento global, em particular de CO2 (dióxido de carbono), apontado pelos cientistas como o principal gás estufa.

A esperada elevação do nível do mar também deveria inspirar cuidados especiais num país com mais de 8 mil quilômetros de costa. A maioria absoluta dos brasileiros – e dos prefeitos das cidades litorâneas – desconhece os resultados de um estudo encomendado pelo Ministério do Meio Ambiente, segundo o qual 40% das praias brasileiras são mais vulneráveis ao avanço do mar.

Foram identificados pelo menos 22 pontos de maior vulnerabilidade em nossa costa , dos quais se destacam as regiões densamente povoadas próximas de estuários, como Rio de Janeiro e Recife. O estudo recomenda ainda que toda nova construção em áreas urbanas deveria guardar uma distância mínima de 50 metros do ponto onde termina a areia da praia. Nas regiões ainda desocupadas, a distância mínima deveria ser de 200 metros. É preciso dar visibilidade aos resultados dessa pesquisa, e reprogramar as estratégias de ocupação da orla.

Na área da educação, é urgente a atualização dos conteúdos pedagógicos nas escolas e universidades, no sentido de informar com clareza e objetividade sobre a maior de todas as crises ambientais, e o que é possível fazer para reverter esse processo no longo prazo. Professores e alunos devem ser instigados a participar ativamente da construção de um novo mundo sem emissões de gases estufa. O que está em jogo, nos termos colocados pelos cientistas da ONU, é a nossa sobrevivência.

Assim como acaba de fazer a Prefeitura de São Paulo, que instituiu como obrigatória a compensação das emissões de gases estufa em qualquer tipo de evento a ser realizado nos 32 parques públicos da cidade (os organizadores de shows, concertos, exposições e eventos do gênero terão de medir antes as emissões de gases estufa e se comprometer por escrito a compensar essas emissões com o plantio de árvores), o governo federal poderia repetir essa iniciativa, sinalizando um cuidado que todos devem ter daqui para a frente.

Na área das compras públicas, que movimenta aproximadamente 10% do PIB brasileiro, o governo federal incluiria como exigência, nos editais de licitação para a aquisição de produtos e serviços, a informação relativa às emissões geradas por cada fornecedor. Poderia não ser o quesito mais importante do edital, mas a simples exigência criaria um ambiente bastante favorável à eficiência energética e redução do desperdício.

O fato de o Brasil não estar na lista dos países desenvolvidos que historicamente mais contribuíram para o aquecimento global não nos livra do compromisso ético de reduzir as emissões de gases estufa. Nesse sentido, é preciso agir. E rápido.
Islândia só pelo computador.



"Joga", video clip da cantora Bjork de 1997, dirigido por Michel Gondry (Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças). Gerado quase integralmente por computador, mostra as paisagens do país de origem da cantora, um dos locais já em transformações visíveis devido ao aquecimento global.

fevereiro 08, 2007

Uma nova forma de fazer campanhas



"A ideia da Avaaz é realmente causar um impacto nas politicas públicas globais através de uma mobilização online em massa. Hoje a opinião pública mundial é considerada o novo "super poder", ou seja, a sociedade civil tem e deve exercer a sua influência sobre as decisões de nossos líderes. Buscamos atuar em campanhas de interesse público mundial, não só o aquecimento global como a pobreza e os conflitos no Oriente Médio" disse Graziela, da Avaaz.

Urgente: Desperte para o Aquecimento

Queridos amigos,

Nós já podemos ver ao nosso redor: secas, furacões, clima anormal e tempestades violentas. E agora, um novo relatório divulgado semana passada elaborado por mais de 2000 cientistas climáticos acabou com todo o debate: o aquecimento global é real – nós o causamos – e ele terá um efeito catastrófico a não ser que medidas urgentes sejam tomadas.

Os líderes mundiais podem colocar um fim nisso, mas eles estão agindo muito devagar. Essa semana estamos lançando um campanha de TV global em três continentes para despertar nossos líderes para o desastre que vamos enfrentar. Clique abaixo para assistir o anúncio de TV no nosso site e assinar a petição convocando uma ação urgente imediata.

Os peritos concordam: estamos nos aproximando de um ponto sem retorno. Se a temperatura global subir até 2 graus as conseqüências para a vida na terra serão desastrosas.

Esse problema pode ser solucionado. Nós precisamos de um novo acordo internacional que demande um corte maior nas emissões de CO2 pelos países poluentes, e que incentive fontes de energia renováveis. Isso requere ações políticas audaciosas – não somente de um ou dois países.

A mudança climática é um problema global que requere uma ação global. Agora é a hora de pessoas do mundo inteiro mandarem um toque de despertar para os líderes mundiais antes que seja tarde demais.

Os líderes dos países mais poluentes estarão se reunindo na Alemanha em junho. As prioridades para esse encontro estão sendo decididas agora.

A conscientização da população mundial sobre a ameaça climática está aumentando. Agora a argumentação acabou – é hora de focar nossa energia em construir um movimento global para fazer nossos lideres agirem. Assista ao nosso anúncio de TV e acrescente sua voz para o toque de despertar.

Não é tarde demais para proteger nosso planeta, mas o momento é agora. Por favor assine a petição, coloque no seu blog, em listas de discussões, encaminhe esse e-mail para amigos e familiares – e fale com todo mundo que você conhece.

Sozinhos não conseguiremos impedir esse desastre. Mas se agirmos juntos, hoje, 2007 pode se tornar o ano em que tomamos o primeiro passo para – literalmente - salvar o mundo.

Com esperança,
Ricken, David, Iain, Andrea, Jeremy, Rachel, Tom, Hannah, Paul, Lee-Sean, Galit, Graziela, Nicole e toda a equipe Avaaz.org

PS – Em uma pesquisa on-line no ano passado, quase mil pessoas ajudaram a escolher um grande nome para essa iniciativa de ativismo global – Avaaz significa “voz” ou “canção” in várias línguas Asiáticas. O novo site está agora em 10 línguas – dê uma conferida!

graziela@avaaz.org
www.avaaz.org

O dia em que o Brasil foi invadido

Emergentes emitem 52% do gás carbônico

Emergentes emitem 52% do gás carbônico

Nova York, 06/02/2007
Nações em desenvolvimento já respondem por mais da metade das emissões de dióxido de carbono provenientes da ação humana.

Leia a matéria com gráficos no PrimaPágina clicando no título..

It's Easy to be Green – Recycling Basics for the Home

Recycling saves energy, landfill space and natural resources, yet according to the EPA, the national recycling rate is just 30%. Despite good intentions, sometimes it's difficult to know exactly how to recycle properly so that it truly makes a difference. Here are a few easy suggestions:
Newspapers should be saved in their own bin, as this material goes directly back into newsprint recycling. A four-foot stack of newspapers saves the equivalent of a
40-foot fir tree.

Other printed material can be recycled together. Magazines, glossy printed flyers and newspaper inserts, phone books, envelopes, computer paper and paper packaging can be saved together in a single bin.

The following should be separated from your paper recycling: rubber bands, plastic wrap, carbon paper, stickers, cardboard, laminated paper and laminated cardboard. However, staples in paper and plastic-lined paper drink cartons are recyclable.

Corrugated cardboard is a highly valued recyclable. Most curbside collectors prefer that you bale it together and tie it with string. The most important thing is to keep it dry. Plastic or waxy coated and wet or greasy cardboard, such as pizza boxes, cannot be recycled.

Plastic bottles and grocery bags are also highly valued recyclables. Among other items, the plastic from bottles can be "spun" into fleece fabric. Remember to remove tops before putting your plastic bottles in the recycling bin. Recycling a 1-gallon plastic milk jug will save enough energy to keep a 100-watt bulb burning for 11 hours!

Try to sort your glass. Glass is recycled according to color: clear, green and brown. If you can, try to sort your glass. If this seems like too much of an effort, just try to separate lightbulbs, sheet glass, mirrors and pyrex, since they have a different composition. It's fine to leave paper labels on the glass. 90% of recycled glass can be reused to make new glass items such as bottles and jars.

Food cans should be rinsed and have lids and labels removed.

Aluminum cans are very valuable as recyclable items, but they're better when they're not crushed! Recycling one aluminum can saves enough energy to run your TV for three hours.

Donate your old computers, printers and hardware. The simplest solution to recycling your old computer equipment is to donate it to a worthy cause. Ask at a local school or post an ad on a community bulletin board – someone without a computer will be very grateful.

Recycle your old cell phones and rechargeable batteries. Office Depot will collect all old cell phones and used rechargeable batteries free of charge. Contact them for more information.

For more information about recycling, visit www.eartheasy.com

Barreiras sem fim no Velho Chico

08/02/2007

Por Fábio de Castro

Agência FAPESP – A bacia do rio São Francisco tem milhares de barragens de pequeno porte que garantem às populações locais o fornecimento contínuo de água. Para grande parte das comunidades agrícolas esses pequenos reservatórios de 1 a 40 hectares representam uma questão de sobrevivência, por isso sua construção, em geral, leva em conta apenas aspectos locais. Até agora não são conhecidos os impactos do conjunto das barragens sobre a dinâmica hidrológica da bacia, nem os riscos sociais e ambientais relacionados a elas.

Essas são questões centrais de um estudo coordenado por Lineu Neiva Rodrigues, pesquisador da Embrapa Cerrados, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, sobre a dinâmica de uso e o impacto provocado pelas pequenas barragens na hidrologia da bacia do rio Preto, uma sub-bacia do São Francisco.

O estudo, iniciado em 2004, faz parte do Challenge Program on Water and Food, financiado pelo governo da Alemanha com recursos de US$ 2,2 milhões. A iniciativa foi do Grupo Consultivo de Pesquisa Internacional em Agricultura, do qual o Brasil faz parte, que selecionou, em todo o mundo, projetos voltados para problemas relacionados à água e à segurança alimentar.

“Além do nosso, foram selecionados outros dois projetos na África com objetivos semelhantes, um na bacia do Volta, em Gana, e outro em Limpopo, no Zimbábue. No total, estão envolvidos mais de 20 pesquisadores e 50 estudantes. Participam do programa oito instituições estrangeiras e seis brasileiras, além da Embrapa”, disse Rodrigues à Agência FAPESP.

Segundo o pesquisador, imagens de satélite de 2001 mostram que só na bacia do rio Preto, que corresponde a 1,6% da bacia do rio São Francisco, existem mais de 200 barragens construídas. “Um reservatório de um ou dois hectares não chega a comprometer a dinâmica do local. Mas quando se pensa em 10 ou 20 deles, há grandes impactos nos recursos hídricos. Um dos objetivos é elaborar um modelo matemático que permita considerar toda a bacia na hora de implantar um novo reservatório de pequena dimensão”, explicou.

Os pesquisadores coletam, há dois anos, informações de satélites dos pequenos reservatórios, além de indicadores de vazão, chuva e solos. Até abril, serão coletados os dados finais para a alimentação dos modelos e em outubro o projeto deverá estar finalizado. “Quando os dados estiverem coletados, vamos rodá-los nos modelos matemáticos que fazem uma avaliação do contexto hidrológico ligado ao contexto socioeconômico”, disse Rodrigues.

Feitas de forma independente e em épocas diferentes, sem integração entre elas, muitas das barragens operam em condições inadequadas ou estão prestes a romper. “Na construção, que geralmente é feita pelos próprios agricultores, só se leva em conta aspectos locais, mas todas elas estão hidrologicamente interligadas pelo rio”, afirmou.

De acordo com Rodrigues, os resultados preliminares do estudo indicam que os reservatórios raramente são bem planejados, instalados e manejados, embora interfiram nos padrões de saúde e de bem-estar socioeconômico das comunidades.

“A ruptura de um deles pode comprometer não só a subsistência da comunidade local, mas também a das comunidades que se localizam mais abaixo. A erosão causa sedimentação e diminui a disponibilidade, podendo gerar graves conflitos pelo uso da água.”

Os pesquisadores visitaram 135 reservatórios na bacia, no Distrito Federal, Minas Gerais e Goiás. Verificaram que 17,04% foram construídos há mais de 30 anos e que mais de 73% dos proprietários não têm qualquer informação técnica sobre a construção da barragem. Quase 40% das barragens é destinada à irrigação. Mais da metade dos proprietários não utiliza nenhuma técnica de manejo de irrigação e apenas um terço tem outorga de direito de uso da água.


Modelos sofisticados

Além do componente hidrológico, o software Weap, utilizado pelos pesquisadores, conta com um componente que permite cadastrar o número de culturas agrícolas, a distribuição dos habitantes e valores econômicos ligados à produção agrícola.

“Com isso, podemos analisar os efeitos de uma mudança no sistema de irrigação e na substituição de culturas, por exemplo, prevendo o impacto na condição socioeconômica da comunidade e na disponibilidade de água”, contou Rodrigues.

Outro modelo hidrológico utilizado é o Swat, que permite prever o que poderá ocorrer com os recursos hídricos da região em um prazo de até 20 anos. “Como é quase impossível cadastrar todas as características de milhares de barragens, estamos desenvolvendo uma metodologia própria para simular a existência de uma grande represa equivalente ao conjunto dos reservatórios. Desse modo, poderemos calcular o que ocorrerá caso seja construída mais uma pequena barragem”, disse o pesquisador da Embrapa Cerrados.

De acordo com Rodrigues, o grupo já tem a bacia georreferenciada com todos os seus reservatórios, incluindo dados sobre chuva e evaporação a cada cinco minutos. “Estamos instalando também sistemas que permitirão avaliar a variação do lençol freático da bacia e equipamentos para medir evaporação e infiltração de água nos reservatórios.”

A equipe inclui pesquisadores das áreas de solos, sensoriamento remoto, socioeconomia, recursos hídricos, irrigação e qualidade de água.

Climas futuros e sombrios

08/02/2007
Agência FAPESP - O quarto relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC, na sigla em inglês), cuja primeira parte foi divulgada na semana passada, em Paris, destaca haver “90% de probabilidade” de o homem ser o responsável pelas mudanças climáticas no planeta. E que o cenário tende a piorar bastante.

Para pesquisadores brasileiros que trabalharam na produção do relatório, que reuniu cerca de 2,5 mil cientistas de 130 países, a grande novidade do documento é a intensificação dos extremos climáticos. Ou seja, chuva violentas alternadas com longas secas, ondas de calor, furacões e outros exemplos de um clima cada vez mais radical.

Um dos brasileiros que participou do relatório do IPCC, José Antonio Marengo, meteorologista do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), é o convidado de Pesquisa Brasil deste final de semana, para falar sobre o relatório e o impacto da ação humana no futuro do clima terrestre.

Outro destaque do programa é um estudo que mostra como os retratos forjaram a imagem do negro brasileiro no século 19. Na reportagem especial, o ouvinte irá conhecer melhor a vida e a obra do documentarista, fotógrafo e incentivador do cinema brasileiro, Thomaz Farkas.

Veneno de jararaca produzido em laboratório, uma praga que está virando solução energética e um novo modelo matemático que analisa os impactos das mudanças climáticas na economia são outros destaques.

Pesquisa Brasil é transmitido pela Rádio Eldorado AM (700 kHz) nos sábados, às 12h e 19h, e nos domingos às 14h. Nos mesmos horários, pode ser acompanhado pela DirecTV, no canal de áudio 883, ou pela internet, no endereço www.radioeldoradoam.com.br.

Para ajudar a fazer o programa, envie perguntas, críticas e sugestões para pesquisabrasil@fapesp.br. O ouvinte que tiver sua pergunta selecionada ganhará uma assinatura semestral de Pesquisa FAPESP.

A partir da tarde de segunda-feira, os interessados também podem ouvir o conteúdo do programa no site da revista Pesquisa FAPESP, em www.revistapesquisa.fapesp.br.

Indigenous Peoples Call for Global Ban on Uranium Mining

By Brenda Norrell

Indigenous peoples from around the world, victims of uranium mining, nuclear testing, and nuclear dumping, issued a global ban on uranium mining on native lands.

The declaration, signed during the Indigenous World Uranium Summit, held Nov. 30-Dec. 2, 2006 on the Navajo Nation in Window Rock, Arizona, brought together Australian aboriginals and villagers from India and Africa. Pacific islanders joined with indigenous peoples from the Americas to take action and halt the cancer, birth defects, and death from uranium and nuclear industries on native lands.

Brenda Norrell is a freelance writer based in Tucson, Arizona, focusing on indigenous rights in the Americas. She has covered Indian country news for 23 years, serving as a staff reporter for the Navajo Times and Indian Country Today and a stringer for the Associated Press. She is a contributor to the IRC Americas Program at www.americaspolicy.org.

See new IRC article online at:
http://americas.irc-online.org/amcit/3963

With printer-friendly pdf version at:
http://americas.irc-online.org/pdf/series/0702Uranium.pdf

Agricultura às avessas

Gustavo Faleiros
01.02.2007

Nesta sexta-feira (2), quando o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês) publicar suas novas informações sobre o aquecimento global, haverá uma maneira bem ilustrativa para entender como o Brasil poderá ser afetado. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), ligada ao Ministério da Agricultura, e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) já têm prontas diversas simulações sobre os efeitos do calor nas principais culturas agrícolas do país. Os cenários foram feitos com base no relatório anterior do IPCC, de 2001, mas não serão alterados com a nova edição. Na verdade, os prognósticos mais críticos é que vão ser confirmados.

A pesquisa da Embrapa, cujos métodos e resultados podem ser todos encontrados na internet, foi terminada em 2005. Ela mostra o que aconteceria com a soja, o milho, o arroz, o café e o feijão com aumentos de temperatura de 1º C, 3º C e 5,8 º C. Em 2001, o IPCC defendia que as mudanças mais extremadas no clima ocorreriam próximas do fim do século. Tudo indica que agora o grupo internacional de cientistas sustente que uma elevação de aproximadamente 3º C tenha possibilidades concretas de ocorrer nos próximos 50 anos.

Esses 3º C a mais na temperatura média já faria um belo estrago na agricultura brasileira, mostra o estudo da Embrapa/Unicamp. A soja e o milho não conseguiriam mais crescer no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, o Nordeste se tornaria inviável para plantios que não fossem irrigados. A cultura do café, por sua vez, buscaria climas mais amenos, abandonado Minas Gerais e São Paulo.

Tais resultados foram obtidos com o cruzamento das temperaturas e diferentes tipos de solo com as alterações esperadas nos índices de pluviosidade. Tudo foi aplicado aos mapas de zoneamento agrícola e climático do território brasileiro. O governo tem previsões aproximadas de quanto se perde nas safras com o clima de cada região e assim desenha sua política de crédito aos agricultores. Por isso, não é difícil imaginar como mudanças na temperatura bagunçariam o sistema econômico montado em cima do financiamento da produção agrícola. “Temos um grave problema econômico nas mãos”, alerta o coordenador do estudo, o pesquisador da Embrapa Eduardo Assad.

SOJA


Se um aumento de 3º C na temperatura causa tamanho problema, as previsões feitas a partir de uma elevação de 5,8º C mostram que haveria uma quebra quase total na agricultura brasileira. Por exemplo, a soja plantada em solos medianamente arenosos teria uma queda de 68% nas áreas consideradas aptas para o seu plantio. Hoje, ela ocupa cerca de 3,5 mil km2 neste tipo de solo, e caíria para 1,1 mil km2. Toda a produção de grãos, incluindo arroz e milho nas novas fronteiras como Oeste da Bahia, Maranhão e Piauí se tornaria inviável. Por isso, o próximo passo do projeto da Embrapa/Unicamp já está em andamento: avaliar quais serão os impactos nos preços dos alimentos e da terra se ocorrerem essas rupturas no fornecimento.

Entre outras questões que estão sendo aprofundadas pela Embrapa há pesquisas sobre micro-climas e pragas agrícolas. Estuda-se quais os impactos de suas alterações na agricultura em função do aquecimento global. A estatal já tem, por exemplo, pesquisas que mostram um aumento do ataque da praga bicho-mineiro do cafeeiro com o calor. Agora, outras pesquisas vão tentar descobrir como reagem pragas como o oídio da soja, o brusone do arroz, e a ferrugem do cafeeiro e do feijoeiro.

Oportunidade de debate

Porém, o que a priori pode ser um choque econômico terá também suas consequências ambientais. O estudo da Embrapa prevê que, com aquecimento, a produção de grãos se concentraria definitivamente no Centro-Oeste do país. O problema é que a região já está bem saturada, como mostram os crescentes desmatamentos do Cerrado. Uma saída que deve entrar em cena, revela Assad, é lançar mão de transgênicos.

Isso mesmo, um dos caminhos seria transformar plantas comuns em espécies resistentes ao calor. Para o pesquisador, o local apropriado para uma pesquisa deste tipo é a Amazônia. Retira-se o gene de uma planta que vive em locais quentes úmidos e o coloca em espécies agrícolas. “Hoje mais do que nunca é preciso preservar a biodiversidade. Não é uma questão ecológica apenas, pode ser a nossa sobrevivência econômica”, argumenta.

Assad faz uma ressalva. Adaptar as plantas ao calor seria possível em certa medida, mas não resolveria todo o problema. Para evitar que as temperaturas causem estragos irreversíveis, o Brasil terá que apostar com vigor nas medidas de mitigação. Seria preciso pensar que tipo de culturas utilizar na agricultura e aproveitar as oportunidades que advém das políticas de redução de emissões. “Estamos sobre uma ameaça forte, mas se tudo for feito com incentivos ao mercado de carbono, teremos uma grande oportunidade.” Para ele, as chances se mostram nos sistemas agroflorestais e no plantio de florestas, ambas atividades boas para sequestrar carbono.

Na opinião de Assad, outra oportunidade que se abre é o uso da bioenergia como meio de reduzir emissões. Ele afirma que seria possível, no curto prazo, atingir escala para a produção de biocombustíveis com soja, amendoim ou girassol. Mas garante que não está defendendo a alternativa cegamente. Entre as idéias de Assad, a mais importante, julga, é a oportunidade do país debater sua matriz produtiva e energética. “O bom que já começamos a discutir isso com 50 anos de atencedência”, afirma com otimismo.

fevereiro 06, 2007

New global TV ad campaign on climate change

Urgent: Climate Wake Up Call!

Dear friends,

We've seen it all around us: droughts, hurricanes, weird weather and wild storms. Then last week, a major new report by over 2000 climate scientists ended all debate: climate change is real- we've caused it- and its impact will be catastrophic unless urgent action is taken.

Our leaders can stop this, but they've been too slow to act. This week, we're launching a global TV ad campaign on 3 continents to wake world leaders up to the disaster we're facing. Click below to watch our TV ad on our new website and sign the petition calling for urgent action now.

Experts agree: we are fast approaching the point of no return. If the world's temperature rises by even 2 degrees Celsius the consequences for life on earth will be devastating.

This problem can be solved. We need a new international agreement that commits countries to major emission cuts, and drives a global shift to renewable energy. This will require bold political action -- and not just by one or two countries.

Climate change is a global problem that requires global action. It is time for people around the world to send a global wake up call to our leaders - before it is too late.

The leaders of the world's most polluting countries will be meeting in Germany this June. The priorities for this summit are being decided right now.

Public awareness of the climate threat around the world is reaching fever pitch. Now the argument is over - it's time to focus our energy on building a global movement to make our leaders act. Watch our TV ad and add your voice to the wake up call:

It's not too late to protect our planet - but the moment is now. Please sign the petition, post it on your blog or favourite listserve, forward this email to your friends and family - and tell everyone you know.

Alone, we can't stop this disaster. But if we act together today, 2007 could become the year we took the first step to save the world.

With hope,

Ricken, David, Iain, Andrea, Jeremy, Rachel, Tom, Hannah, Paul, Lee-Sean, Galit, Graziela, Nicole and the whole Avaaz.org team (formerly the CeasefireCampaign.org team)

PS - In an online poll last year, nearly a thousand of you helped choose a great new name for our global campaigning effort - Avaaz means "voice" or "song" in many Asian languages. The new site is now up in 10 languages so check it out!

fevereiro 05, 2007

PÓLO NORTE PODE DESAPARECER ATÉ 2100, SEGUNDO RELATÓRIO DA ONU

do UOL News, em São Paulo*

A temperatura da Terra aumentará entre 1,8 º C e 4 º C até o fim do século, segundo o relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), apresentado hoje pela manhã em Paris. O texto afirma que há uma "enorme probabilidade" de que o aquecimento se deva à ação humana.

O grupo, criado pela ONU (Organização das Nações Unidas) e pela Organização Meteorológica Mundial em 1988, reúne atualmente 2.500 cientistas de mais de 130 países e prevê mais chuvas fortes, derretimento de geleiras, secas e ondas de calor.

Entre outras conclusões, o estudo aponta a possibilidade do derretimento total do gelo do Pólo Norte até 2100 e a redução da cobertura de neve em outras áreas do planeta. Isso significará uma elevação do nível do mar, que, de acordo com os diferentes cenários avaliados pelos cientistas, poderia chegar a até 59 cm.

Nas próximas duas décadas, a temperatura aumentará 0,2 º C por década devido ao efeito estufa acumulado, e também será inevitável que o aumento continue ao ritmo de 0,1 º C por década, ainda que o nível de emissão de poluentes seja contido e se equipare ao nível de 2000.

O texto afirma ser "muito provável", com mais de 90 por cento de probabilidade, que atividades humanas, principalmente a queima de combustíveis fósseis, expliquem a maior parte do aquecimento nos últimos 50 anos. O documento é mais duro que o último relatório, de 2001, quando o IPCC disse que a ligação era "provável", com 66 por cento de probabilidade.

Os especialistas do IPCC, que baseiam suas estimativas no compêndio das pesquisas científicas realizadas nos últimos seis anos para corrigir os dados de seu relatório anterior, de 2001, calculam que, de acordo com os vários modelos, a escala de aumento das temperaturas poderia aumentar entre 1,1º C e 6,4º C.

Fenômenos extremos como ondas de calor e trombas d'água serão cada vez mais freqüentes e os ciclones tropicais mais intensos, principalmente na velocidade do vento e nas chuvas que provocam. Estas transformações obrigarão dezenas de milhares de pessoas a abandonar suas casas e o número de refugiados do clima será superior ao de refugiados de guerra, alertam alguns especialistas.

Segundo os redatores do relatório, é "muito provável" que a quantidade de chuvas aumente nas maiores latitudes e diminua na maior parte das zonas subtropicais (em torno de 20% em 2100), de acordo com as tendências observadas. Ou seja, o mundo enfrentará ainda mais catástrofes "naturais" como enchentes e secas.

O aquecimento será maior nos continentes do que nos oceanos, assim como nas latitudes norte. No sul e em partes do Atlântico Norte as temperaturas subirão menos.

A conhecida Corrente do Golfo, no Atlântico, se arrefecerá em torno de 25% durante este século, embora isso não impeça a elevação das temperaturas na região.

Os autores do relatório lembram que desde que foram iniciados os registros climáticos confiáveis, em meados de século 19, 11 dos 12 anos mais quentes ocorreram a partir de 1995.

Além disso, as concentrações de CO2 aumentaram no período entre 1995 e 2005, em 1,9 partícula por milhão ao ano.

O relatório, que pretende estabelecer as conclusões das bases científicas da mudança climática, é o primeiro de vários que o IPCC divulgará nos próximos meses sobre o impacto do aquecimento e as formas de contê-lo, além do documento de síntese, que deverá ser apresentado em Valência (Espanha) em novembro.

De acordo com a organização ecológica Greenpeace, o informe do painel intergovernamental aciona o "sinal de alerta" necessário para impulsionar os governos à ação.

"Se o último relatório do IPCC em 2001 nos fez despertar, este é um sinal de alerta. A boa notícia é que nossa compreensão do sistema climático e do impacto humano melhorou, a ruim é que nosso futuro parece perigoso", afirma a organização em um comunicado.

Diante das previsões desalentadoras, os cientistas esperam que a comunidade internacional apresente uma resposta vigorosa e unida que implique na continuidade do Protocolo de Kyoto, destinado a reduzir as emissões de dióxido de carbono, cuja primeira fase expira em 2012. No entanto, este protocolo ainda não foi ratificado pelos Estados Unidos, maior poluidor mundial.

* Com agências internacionais

fevereiro 04, 2007

Superaquecimento global

Casa Branca é acusada de pressionar cientistas nos EUA
por Claudio Julio Tognolli
Publicado na Revista Consultor Jurídico, 31 de janeiro de 2007

Dois escritórios de advocacia de Washington afirmaram, na terça-feira (30/1), terem provas de que políticos dos Estados Unidos pressionaram cientistas para que minimizassem, em seus dados, os prejuízos do superaquecimento global. As informações são do site Findlaw.

O tema ganhou mais repercussão a partir de uma reunião em Paris. Cerca de 500 cientistas debatem os retoques finais no dossiê das Nações Unidas sobre o superaquecimento.

O novo escândalo brota de depoimentos de dois ex-oficiais da Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos. Um deles, Rick Piltz, deixou a Nasa, em 2005, e produziu um dossiê. Segundo ele, os cientistas que estudam o clima estão tendo seus estudos minimizados por ordem da Casa Branca.

Dois escritórios de advocacia focados em causas científicas, o Union of Concerned Scientists e o Government Accountability Project, divulgaram nota em que afirmam que surgiu “novas evidências de supressão e manipulação de dados das ciências do clima”. Segundo os escritórios, sete agências federais ligadas à ciência sofreram pressões para alterar seus relatórios. Um dos que dizem ter sofrido essas pressões é James Hansen, diretor do Instituto Goddard de Estudos Espaciais.

Em dezembro, um grupo de estados ajuizou ação contra o Ministério do Meio Ambiente, a U.S. Environmental Protection Agency, para que se reduzam os níveis tolerados de emissão de gases por exaustores e chaminés industriais.

Os estados alegam que a administração Bush “ignora a ciência e seus peritos” e se nega a reduzir os níveis de emissão. Mais notadamente, a Califórnia é quem comanda a briga e tomou sozinha, por exemplo, a iniciativa de firmar acordo com a Grã-Bretanha para troca tecnológica para a redução dessas emissões. O estado da Califórnia também foi pioneiro em aprovar lei limitando a emissão de gases para cortar os atuais níveis em 25% até o ano de 2020.

Os inimigos do governo Bush afirmam que ele ignora a lei chamada Ato do Ar Puro. Por essa lei, de 1970, dióxido de carbono é um poluente do ar que ameaça a saúde pública e, portanto, deve ser controlado pela Agência de Proteção ao Meio Ambiente.

fevereiro 02, 2007

Revolução Energética, do Greenpeace Brasil:

Revolução Energética, do Greenpeace Brasil:

Caras e Caros,

Lançamos hoje em coletiva de imprensa em São Paulo o relatório
"Revolução Energética - Brasil", mostrando como é possível garantir o
fornecimento de energia para o país até 2050 eliminando as fontes
energéticas sujas - como óleo, carvão e nuclear - da matriz elétrica
brasileira e estruturando o setor em torno da conservação de energia,
investimentos e políticas públicas de apoio a energias renováveis como
eólica e biomassa. Os dados integram o capítulo brasileiro de um estudo
global elaborado pelo Centro Aeroespacial da Alemanha (DLR) a pedido do
Greenpeace e da Comissão Européia de Energia Renovável (EREC).

Colocando em prática a Revolução Energética, também montamos uma
instalação de 40 painéis solares fotovoltaicos em nossa sede em São
Paulo. A estrutura suprirá até 50% da demanda diária de eletricidade do
escritório e está conectada à rede elétrica, disponibilizando para a
rede o excedente que não for utilizado, por exemplo, em finais de semana
ou feriados, o que não é permitido por lei no Brasil. Assim, também
estamos questionando o atual modelo de geração e distribuição de
eletricidade.

Enviamos em anexo o relatório nacional. Abaixo, seguem também links úteis.

Abraços,

Marcelo Furtado e Rebeca Lerer
Greenpeace Brasil

Cenário brasileiro na íntegra

Principais resultados do Cenário Global

PDF relatório global em português

PDF relatório global em inglês

Perguntas Freqüentes

Premissas relatório USP

Para mapas e fotos:
Os mapas são referentes ao relatório global “Revolução Energética”.
Estão disponíveis os mapas mundi sobre os resultados gerais do
relatório, as emissões de CO2, o potencial solar e eólico de cada
continente.

Relatório da ONU culpa homem por aquecimento global

Daniela Fernandes
BBC de Paris
Alterações no clima podem custar 20% do PIB do planeta, diz estudo

O relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês) da Organização das Nações Unidas (ONU) culpa a ação do homem pelo aquecimento global e prevê um cenário de catástrofe ambiental.
"Concentrações de dióxido de carbono (CO2), metano e óxido nitroso aumentaram notavelmente como resultado das atividades humanas desde 1750, e agora excedem, em muito, os valores (anteriores)", diz o relatório.

"Os aumentos globais na concentração de dióxido de carbono se devem, sobretudo, ao uso de combustíveis fósseis e mudanças no manejo da terra, enquanto o aumento de metano e óxido nitroso se deve primordialmente à agricultura."

As conclusões estão descritas no "Resumo para os Formuladores de Políticas", que integra a primeira parte do relatório "Mudanças Climáticas 2007".

O documento diz que, até o fim deste século, a temperatura da Terra pode subir de 1,8ºC – na melhor das hipóteses – até 4ºC.

O derretimento das camadas polares deve fazer com que os oceanos se elevem entre 18 cm e 58 cm até 2100, dizem os cientistas. Além disso, tufões e secas devem se tornar mais intensos.

Referência

Durante toda a semana, mais de 500 cientistas e representantes governamentais se reuniram a portas fechadas na sede da Unesco, em Paris, para concluir e aprovar o texto sobre as constatações científicas em relação ao aquecimento global.

As conclusões estavam sendo bastante esperadas porque servirão como referência para toda a comunidade científica mundial. O texto foi discutido linha por linha pelos participantes da reunião em Paris.

Os especialistas debateram, por exemplo, a terminologia para designar o grau de responsabilidade da ação humana no aquecimento global.

Alguns preferiam utilizar o termo "inequívoca", outros preferiam a expressão "além de qualquer dúvida razoável".

Ao final, os cientistas concluíram que há 90% de chance de o aquecimento global observado nos últimos 50 anos ter sido causado pela atividade humana.

É um aumento expressivo em relação ao último relatório, de 2001, que apontava uma probabilidade de 66%.

O co-presidente do IPCC, Achim Steiner, disse que o documento "acaba com as interrogações" em relação à ação do homem no aquecimento global.

Kyoto

O presidente do IPCC, Rajendra Pachauri, disse esperar "que este relatório deixe as pessoas chocadas e leve os governos a agirem com mais seriedade".

Este é o quarto relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, criado em 1988 pela Organização Meteorológica Mundial e pelo Programa da ONU para o Meio Ambiente para avaliar as informações científicas e sócio-econômicas sobre o aquecimento global.

O relatório anterior, de 1995, serviu de base para a elaboração do Protocolo de Kyoto, que dois anos depois impôs aos países desenvolvidos uma meta de reduzir em 5,2% as emissões de gases de efeito estufa até 2012.

Prevê-se que o quarto relatório do IPCC sirva como referência para o "pós-Kyoto", ou seja, para o compromisso dos países após 2012, quando expira o atual protocolo.

O tema será um dos assuntos centrais da reunião da ONU em Bali, na Indonésia, em dezembro próximo.

O texto integral do quarto relatório "Mudanças Climáticas 2007" totalizará cerca de 900 páginas e será divulgado por partes até novembro deste ano.

Ainda serão divulgados estudos sobre o impacto das mudanças climáticas e sobre as formas de controle das emissões de gases de efeito estufa.

BBC Brasil lança especial sobre mudanças climáticas

BBC Brasil lança especial sobre mudanças climáticas
Confira as últimas notícias e análises sobre aquecimento global.