janeiro 31, 2007

Revolução energética é viável

Revolução energética é viável, diz Greenpeace
Sexta, 26 de janeiro de 2007, 12h41


Daniel Bramatti e Felipe Corazza Barreto

Vêm aí péssimas notícias. Um megaestudo de mais de 1.000 cientistas sobre mudanças climáticas, que a ONU divulgará oficialmente no dia 2 de fevereiro, prevê para as próximas décadas aumento de temperatura, derretimento acelerado da calota polar no Ártico, elevação do nível do mar em até 43 centímetros neste século e maior ocorrência de secas, inundações e ondas de calor. A culpa, com 90% de certeza, é da emissão dos gases que agravam o chamado efeito-estufa.

Fonte: Revista Terra
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Aplicación masiva del herbicida Roundup en Uruguay: ¿Hasta cuando?

Do Ecoportal
Aplicación masiva del herbicida Roundup en Uruguay: ¿Hasta cuando?

En Uruguay ha habido un aumento mayor al 300% en el uso de los agrotóxicos en la última década. A la cabeza se encuentra el herbicida Glifosato, aunque también se aplican otros herbicidas peligrosos como el 2,4, D sal dimetilamina, Paraquat, Atrazina entre otros. Este aumento se ha debido básicamente a la expansión de los monocultivos forestales y los cultivos transgénicos.

Glifosato: el discurso ambiental

El glifosato es un herbicida de amplio espectro, no selectivo, utilizado para eliminar malezas indeseables (pastos anuales y perennes, hierbas de hoja ancha y especies leñosas). El producto es aplicado en forma líquida sobre la hoja y es absorbido por ésta, para luego circular por la planta hasta llegar a la raíz, matando a la planta en pocos días.

Torre Eiffel se apaga para combater o aquecimento global

As 20.000 lâmpadas elétricas da Torre Eiffel serão apagadas por cinco minutos na quinta-feira, 1º, horas antes de cientistas divulgarem, oficialmente, um relatório sobre o aquecimento global. O apagão ocorrerá a pedido de ambientalistas que buscam chamar atenção para o desperdício de eletricidade.

O relatório do Painel Intergovernamental para Mudança Climática (IPCC) deverá trazer novas evidências de que o aquecimento do planeta Terra, nas últimas décadas, provavelmente é causado pela atividade humana, como a queima de combustíveis fósseis para a geração de energia.

O relatório ainda precisa ser aprovado por burocratas de mais de 100 países, que podem questionar a escolha de palavras feita pelos cientistas para descrever seus resultados.

"O pessoal do governo determina como as coisas são ditas, mas nós (cientistas) determinamos o que é dito", afirmou Kevin Trenberth, um dos principais autores do relatório. O resultado final será um documento cuidadoso, dizem muitos dos pesquisadores. Um participante russo afirmou que os debates, até agora, são mais técnicos que políticos.

Outra observadora dos procedimentos, Stephanie Tunmore, do Greenpeace, disse que "até agora, estamos seguindo o cronograma. Mas quem sabe, ainda temos dois dias. Se houver pânico, será na noite de quarta-feira, quando notarem que só têm umas poucas horas". (AP/ Estadão Online)

A morte de um constrangimento

Agência Envolverde, 12/01/2007 - 10h01
Por Leonardo Sakamoto *

Se grandes empreendimentos produtores de commodities tivessem que elaborar um Relatório de Impacto Ambiental, Social e Fundiário para poderem ser implantados, teríamos mudanças na forma como o capital se reproduz no Cerrado e na Amazônia.

A novela do Parque Estadual Cristalino, no Mato Grosso é um caso emblemático de como a expansão agropecuária e seus prepostos têm conseguido impor o que desejam ao país. Mesmo com uma pressão contrária da sociedade civil e do próprio governo estadual, os deputados estaduais aprovaram uma lei que reduz área do parque, possibilitando a regularização de propriedades rurais que invadiam locais protegidos.

Pois, se por um lado, há estudos de impacto ambiental para a implantação de projetos de infra-estrutura, garantindo minimamente um freio ao ímpeto do desenvolvimento a qualquer custo, o mesmo não acontece quando se trata do aumento das áreas de lavoura e pasto.

Se grandes empreendimentos produtores de commodities tivessem que elaborar um Relatório de Impacto Ambiental, Social e Fundiário para poderem ser implantados, receberem crédito e terem a comercialização de seus produtos autorizada, teríamos mudanças na forma como o capital se reproduz no Cerrado e na Amazônia.

É claro que estudos e relatórios podem ser moldados dependendo da maleabilidade ética das instituições que são contratadas para fazê-los. Contudo, as discussões públicas em torno disso seriam fundamentais para que a comunidade afetada tivesse plena consciência do impacto que tais empreendimentos iriam causar. Dependendo do seu tamanho e tipo de produção, uma fazenda pode ter um impacto maior que uma barragem.

A partir daí, seriam decididos quais contrapartidas deveriam ser dadas à sociedade devido ao passivo gerado. Ou seja, como aquele empreendimento vai compensar a comunidade pelos problemas que vai trazer e como minimizar esse impacto.

Essas discussões públicas ajudariam a acabar com o discurso hipócrita de que essas grandes fazendas fazem um favor à sociedade por gerar empregos e renda. Como se eles não necessitassem dos recursos naturais (que são propriedade de todos os brasileiros) e da força de trabalho para poderem gerar o lucro almejado.

A população local precisa saber quais tipos de agrotóxicos seriam utilizados na lavoura (inseticidades, fungicidas, desfolhantes?), se a produção vai ser transgênica (até para garantir que não haja contaminação com espécies naturais), quais os limites das propriedades (verificando se a fazenda não vai "englobar" também comunidades ribeirinhas, quilombolas e indígenas), qual será o tratamento dado aos empregados (a Delegacia Regional do Trabalho vai verificar as contratações de empregados?), entre outros pontos.

A partir daí, seria dada uma licença ao produtor. Sem ela, ele não poderia conseguir recursos em agências de financiamento nacionais ou internacionais ou operar contratos na Bolsa de Mercadorias e Futuros, por exemplo. Há bons exemplos na área do combate ao trabalho escravo e infantil que poderiam ser copiados nesse caso.

É evidente que a implantação de um sistema assim seria muito difícil, principalmente se considerarmos que nossos legisladores diminuem reservas de preservação ambiental para ajudar fazendeiros, atuam fortemente para impedir a aprovação de leis contra o trabalho escravo no Congresso e fazem campanhas contra os direitos das populações indígenas.

Para agravar o problema, há parcelas progressistas da sociedade defendendo que a imposição de constrangimentos ao desenvolvimento econômico é fazer o jogo do capital internacional, impedindo a realização do país como nação independente.

É pertinente lembrar que, nesta terça (9), um "constrangimento" de 70 anos de idade da etnia Kaiowá Guarani foi morta com um tiro no peito durante a desocupação forçada de uma fazenda na divisa dos municípios Amambai e Coronel Sapucaia (MS). Pistoleiros puxaram o gatilho, mas a lentidão para demarcar terras, a ganância de fazendeiros e sua certeza de impunidade haviam deixado a bala na agulha.

Considerando tudo isso, fica a única sugestão factível para o curto prazo: Visitem o Parque Cristalino enquanto ele ainda existe.

(*) Leonardo Sakamoto, jornalista e cientista político, é membro da ONG Repórter Brasil.

Crédito da imagem: ViverCidades
(Envolverde/Agência Carta Maior)

A Religião Verde

Por John Kay
Valor Econômico / Opinião
11/01/2007

Antropólogos comprovaram que diferentes culturas desenvolvem, independentemente, mitos similares: histórias que nos são familiares, como o mito da Queda e o mito do Apocalipse, que satisfazem necessidades humanas profundas. A tradição cristã descreve a tentação de Adão e Eva e adverte para o Juízo Final. Na Europa, essas histórias já não causam o mesmo impacto que no passado. O ambientalismo hoje satisfaz, para muita gente, o anseio generalizado por narrativas simples e envolventes. O ambientalismo oferece uma abordagem alternativa ao mundo natural para os religiosos e uma abordagem alternativa ao mundo político para os marxistas.



A ascensão do ambientalismo é paralela, no tempo e no espaço, ao declínio da religião e do socialismo. O ambientalismo abraça o mito da Queda: a desarmonia entre homem e natureza provocada por nossa sociedade materialista. Al Gore relatou as palavras do Chefe Seattle, quando sua tribo cedeu suas antigas terras: "Vocês ensinarão seus filhos o que nós ensinamos a nossas crianças? Que a Terra é nossa mãe?" Mas esse Éden perdido nunca existiu. Os seres humanos vêm queimando e digerindo seu meio ambiente desde tempos imemoriais.



Os primeiros americanos cruzaram o Estreito de Bering e mataram cada animal manso que viram. O Chefe Seattle vendeu sua herança por uma vida de luxo e seu eloqüente discurso foi redigido por um roteirista de televisão. Mas os mitos sempre pertenceram ao reino da literatura, não à história ou à ciência: os épicos clássicos e os grandes livros religiosos são tesouros culturais e seu valor educacional não se deve a sua verdade literal.



O mito do Apocalipse é igualmente familiar. Nossa perversidade corrompeu nossa herança e, embora seja quase tarde demais, reformas imediatas podem transformar nosso futuro. Os cristãos esperam a segunda vinda de Cristo e os marxistas aguardam o colapso do capitalismo com a mesma mescla de temor e expectativa.



De início, faltava ao ambientalismo um mito persuasivo do Apocalipse. A litania da degradação ambiental teve de confrontar-se com o fato inequívoco de que muitos aspectos do ambiente estavam melhorando continuamente, com a limpeza crescente do ar, dos rios e dos litorais.



A descoberta do aquecimento mundial preencheu uma lacuna no cânon. É por isso que os ambientalistas atribuem tanta importância à afirmação de que o mundo está não apenas esquentando, o que é inequivocamente verdade, mas também que é nossa a culpa por esse aquecimento, o que é menos evidentemente verdadeiro.



O nexo entre concentrações de dióxido de carbono e expansão industrial trazem a justificativa para o vínculo entre pecados do passado e a catástrofe do futuro



O nexo entre as crescentes concentrações de dióxido de carbono e o crescimento da sociedade industrial moderna proporcionam a justificativa para o vínculo entre os pecados de nosso passado e a catástrofe de nosso futuro.



Os evangelistas do ambientalismo, portanto, não estão interessados em soluções pragmáticas para a mudança climática ou soluções tecnológicas para ela. Eles estão ainda menos interessados em evidências do que no fato de que, se estivéssemos realmente interessados na redução das emissões de carbono, nós poderíamos fazê-lo em grandes quantidades sem afetar significativamente nossas economias ou nossas vidas.



Cataventos nos telhados e pedalar de casa ao trabalho são iniciativas de conseqüência prática insignificante, mas não é essa a questão. O fato é que toda ideologia exige a prática de rituais que demonstrem o engajamento dos seguidores.



As empresas deveriam tratar o movimento ambientalista como tratam outras formas de crença religiosa. Líderes empresariais não precisam, eles próprios, crer nessas doutrinas. Na realidade, isso seria algo a temer: empresas vinculadas a fé e ideologias constituem um poder sinistro e incontrolável. Mas as empresas devem respeitar os sistemas de crenças dos países onde operam e identificar tanto as limitações impostas por essas estruturas como as oportunidades comerciais delas resultantes.



A maioria das iniciativas ambientalistas já colocadas em prática - gradual abandono dos fluorocarbonetos (CFCs), fontes renováveis de energia e comercialização de direitos de emissão - têm grandes lobbies comerciais em sua defesa. Ainda assim, os mitos desempenham um papel social valioso e as intenções de seus defensores são geralmente benignas. O impacto social de religiões e ideologias, para bem e para mal, não depende muito da veracidade factual de suas narrativas. A intimação para que sejamos cuidadosos quanto ao impacto de nossas ações no ar, na terra e na água é apropriada. O risco do evangelismo ambientalista está em que rituais, gestos e retórica substituam o substancial.

O relatório Stern sobre Aquecimento Global

16 de Janeiro de 2007.
O Estado de SP, 16/1

"Se não atuarmos de imediato, o total dos custos e riscos das alterações climáticas será equivalente à perda anual de, no mínimo, 5% do PIB global por ano, todos os anos"

José Goldemberg foi reitor da Universidade de São Paulo (USP). Artigo publicado em "O Estado de SP":

Uma Verdade Inconveniente é o nome que o ex-vice presidente dos Estados Unidos Albert Gore deu ao filme em que apresenta os efeitos devastadores do aquecimento global sobre a humanidade, nas próximas décadas.

O filme mostra que a queima de combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás) está aumentando a concentração de carbono (sob a forma de óxido de carbono) na atmosfera, o que resulta no aquecimento da superfície da Terra e dos oceanos, no derretimento das calotas polares, no aumento do nível do mar em vários metros e em mudanças dramáticas no clima.

Já não existem dúvidas científicas de que isso é o que vai ocorrer, mas é difícil prever com precisão quando e com que intensidade as conseqüências se farão sentir. É certo, porém, que elas ocorrerão neste século, sendo necessário começar a tomar medidas para controlar ou minimizar os problemas que surgirão.

Em parte, isso está ocorrendo desde 1992, quando foi adotada no Rio de Janeiro a Convenção do Clima, que exortou os países industrializados (os principais emissores dos gases responsáveis pelo aquecimento da Terra) a reduzirem suas emissões de tal forma que elas voltassem "individual ou conjuntamente" a seus níveis de 1990.

Isso não aconteceu e na maioria dos países continuou a aumentar. Por essa razão, foi adotado em 1997 o Protocolo de Kyoto, que determinou que esses países reduzissem suas emissões a um nível 5% inferior aos níveis de 1990, meta esta a ser atingida até 2012.

Os países em desenvolvimento (como o Brasil, a China e a Índia) foram isentos de tais obrigações. O Protocolo de Kyoto entrou em vigor apenas em 2005, e os Estados Unidos (o maior emissor mundial) se recusaram a aderir a ele.

Por essa razão, o governo inglês, alarmado com o lento progresso obtido desde 1992, acaba de publicar o Relatório Stern, preparado por uma grande equipe chefiada por Nicholas Stern, ex-economista-chefe do Banco Mundial.

O relatório, de quase 600 páginas, concluiu que, se não atuarmos de imediato, o total dos custos e riscos das alterações climáticas será equivalente à perda anual de, no mínimo, 5% do PIB global por ano, todos os anos.

Se levarmos em conta uma série de riscos e impactos maiores, as estimativas dos danos poderão aumentar para 20% ou mais do PIB por ano, o que provocaria uma recessão mundial sem precedentes.

Em compensação, os custos da redução das emissões dos gases responsáveis pelo efeito estufa necessários para evitar os piores impactos das alterações climáticas podem ser limitados anualmente a cerca de 1% do PIB global.

Estas conclusões resolvem um problema que vem desde 1992, quando a Convenção do Clima indicou duas estratégias para enfrentar o problema do aquecimento global:

A prevenção do problema, atuando nas suas causas (a principal das quais é a queima de combustíveis fósseis);

ou a adaptação às conseqüências do aquecimento e das mudanças climáticas, como construir diques para evitar que o aumento do nível do mar inunde áreas dos continentes.

Até recentemente se acreditava que a prevenção e a adaptação teriam custos parecidos, de cerca de 1% do PIB mundial por ano, o que levou a políticas perversas.

Os países mais ricos, como os Estados Unidos, provavelmente poderiam adaptar-se às mudanças climáticas, mas este não seria o caso de países mais pobres, como Bangladesh, em que um terço do seu território seria coberto pelas águas dos oceanos. Mais de 70 milhões de pessoas daquele país seriam deslocadas.

O Relatório Stern mostra claramente que a política a seguir é, prioritariamente, a prevenção, para o que oferece as seguintes opções:

Aumento da eficiência com que a energia é utilizada hoje;

aumento do uso de energias renováveis, como a hidrelétrica, a biomassa, a energia solar e a dos ventos;

redução do desmatamento de florestas nativas, principalmente no Brasil, na Indonésia e na África Ocidental.

Para implementá-las existem dois procedimentos:

Estabelecer um preço para cada tonelada de carbono emitida, o que encorajaria o aumento da eficiência energética e tornaria as energias renováveis mais competitivas em relação ao uso de combustíveis fósseis, que dominam hoje a matriz energética mundial.

As forças de mercado, segundo Stern, se encarregariam de reduzir as emissões de gases que provocam o efeito estufa. Os países da Europa, de modo geral, são favoráveis à adoção desta estratégia, mas para que tivesse sucesso seria fundamental que todos os países do mundo a adotassem, para evitar desequilíbrios nas transações comerciais internacionais.

A adoção de limites para as emissões, como foi feito no Protocolo de Kyoto, ou estabelecendo padrões de desempenho de automóveis, geladeiras e outros eletrodomésticos, como é feito na Califórnia.

A primeira estratégia tem a vantagem de prever o custo das medidas tomadas a partir do valor atribuído a cada tonelada de carbono emitida, mas não permite prever quando a redução vai ocorrer.

A segunda estratégia resolve este problema fixando prazos e metas para as reduções de gases que provocam o aquecimento global, mas não permite prever quais serão os seus custos.

Diferentes países provavelmente adotarão estratégias diversificadas e o que acontecerá nas próximas décadas vai depender criticamente do que os principais emissores mundiais (Estados Unidos, China, Rússia, Índia, Japão, Brasil e Inglaterra) farão.

O alerta foi dado e nenhum governo poderá ignorá-lo daqui para a frente: não são mais só os cientistas a tentar sensibilizar governos, mas agora também os economistas das maiores economias mundiais.
(O Estado de SP, 16/1)

A fonte ameaça secar: O movimento pela culinária responsável

A fonte ameaça secar: O movimento pela culinária responsável
Por Marcelo Szpilman*


Não há dúvidas de que a carne de peixe é uma das melhores, em se tratando da facilidade de digestão e valor nutritivo. Temos também diversas razões gustativas para apreciarmos as lagostas, camarões e mexilhões. Comê-los sempre foi um ato natural e nada antiecológico.

No entanto, para que possamos continuar a consumi-los no futuro devemos pensar de forma responsável sobre este assunto. Os oceanos e sua biodiversidade devem ser vistos como uma prioridade na questão da preservação ambiental.Apesar de a pesca ser uma das mais antigas atividades desenvolvidas pelo homem, parece que todo esse tempo de prática ainda não foi suficiente para evitar que ela seja realizada de forma predatória. Levantamentos recentes indicam que hoje a captura indiscriminada mata e desperdiça entre 18 e 40 milhões de toneladas de peixes, tubarões, tartarugas e mamíferos marinhos todos os anos, o que representa nada mais nada menos do que um terço de toda a pesca mundial. É um crime contra a natureza. Um desperdício inaceitável que ameaça secar a fonte.

A destrutiva combinação sobrepesca-pesca predatória empreendida nas últimas décadas cobrará um alto preço muito em breve. Em muitos casos, o "futuro", um termo bastante usual nos discursos do passado, já chegou. Temos hoje diversas espécies comerciais de pescado ameaçadas de desaparecer. No Brasil, já são 145 espécies de peixes e 12 de tubarões ameaçadas de extinção e 31 espécies de peixes e 6 de tubarão sobrepescados. Entre as espécies mais ameaçadas, temos o cação-anjo, a raia-viola, o mero, o peixe-serra e o surubim. Dentre os estoques de espécies tradicionais sobrepescados em nosso litoral estão a mangona, o tubarão-martelo, a sardinha, o pargo, a cioba, a tainha, a enchova, o namorado, a corvina, a garoupa, o cherne, a pescadinha, os camarões e as lagostas. E esses números só não são maiores devido à histórica falta de verba para pesquisas em nosso País.

A sobrepesca, que é a pesca feita de foma correta e legal, porém acima do limite que uma espécie tem de se auto-repor na natureza, e a pesca descontrolada são problemas graves, porém mais compreensíveis do ponto de vista histórico. Tradicionalmente, a captura do pescado comercial para a nossa própria alimentação vem sendo empreendida há séculos. No entanto, se já não chegou está chegando ao limite de exploração para algumas espécies. Da mesma forma que o homem percebeu, há milênios, que não conseguiria sobreviver somente coletando e caçando o alimento que a natureza lhe dava e, por isso, passou a desenvolver a agricultura e a pecuária, temos que nos conscientizar de que o mar, apesar de seu tamanho, não é um provedor com recursos inesgotáveis.

Os recursos pesqueiros, ao contrário de outros recursos naturais, podem ser perfeitamente renováveis. O correto gerenciamento de seus estoques deve ser visto como importante ferramenta para o desenvolvimento sustentável do País. Nesse sentido, existem alguns instrumentos que já se mostraram eficientes. O defeso, que é a proibição da pesca na época de reprodução (desova) do animal, e a maricultura, que se constitui na produção controlada de espécies marinhas em áreas confinadas, são, não só soluções para a queda na captura de espécies comerciais, como também formas de preservação dos oceanos.

O exemplo da sardinha-verdadeira é bastante elucidativo. Peixe barato nos anos 70 e 80, alimento farto nas mesas menos favorecidas, a média anual da pesca da sardinha era então de 200 mil toneladas (correspondia a 38% dos peixes pescados anualmente no Brasil). A partir da década de 80, teve início uma queda contínua nos totais capturados. Prevendo que a captura estava além dos limites que permitiriam garantir o equilíbrio entre a atividade pesqueira e a conservação da espécie, a legislação brasileira passou a proteger a reprodução da sardinha através do defeso (de novembro a março e de julho a setembro). No ano mais crítico, em 1990, a captura atingiu 32 mil toneladas. Ainda que o defeso tenha contribuindo na recuperação dos estoques, como demonstra a captura da sardinha em 1997, que atingiu cerca de 118 mil toneladas, infelizmente a produção tem oscilado muito e a expectativa média atual é de no máximo 30 a 50 mil toneladas/ano.

O defeso demonstrou assim ser um importante instrumento de ordenamento e conservação, permitindo que a pesca continue a ser exercida de forma sustentável. Se no começo os pescadores comerciais reclamavam da medida, logo depois perceberam a importância do defeso para sua atividade e hoje o defendem com unhas e dentes. As lagostas (de janeiro a abril) e os camarões (de dezembro a fevereiro na região Norte e de março a maio nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul) também têm seus períodos de defeso, mas infelizmente a maioria dos peixes e tubarões, que também precisam de proteção, não têm seus períodos de defeso instituídos por lei.

Sem falar, é claro, na proteção ambiental de suas áreas de desova e de berçário.A noção de pesca predatória que temos hoje, feita de forma incorreta e ilegal, como a pesca com malha fina, arrastão de fundo ou bomba, pode mudar de acordo com os conceitos da sociedade e de seu tempo. O que hoje é legal amanhã pode não ser. O que é ilegal no Brasil pode não ser em Moçambique. Quem não se lembra do romântico arrastão de praia, muito comum até a década de 80 em quase todo o Brasil? Capturava tudo em seu caminho e o que não prestava ao comércio (grande parte) era deixado na areia para apodrecer. Felizmente, foi erradicado através de uma legislação mais rígida. No entanto, de acordo com o Ibama, órgão responsável pela fiscalização e controle das atividades pesqueiras no Brasil, ainda existe uma quantidade considerável de pescadores trabalhando de forma incorreta e, conseqüentemente, predatória. Mesmo sabendo o quão deletéria pode ser a pesca predatória, também podemos de certo modo compreender que muitas vezes o pescador, sem qualquer outra alternativa, é movido pela fome de sua família.

Também não há mal algum em se comer um suculento filé de cação. Aliás, come-se cação ou tubarão (que é a mesma coisa) há centenas de anos. O problema passa a ocorrer quando o filé vem de espécies que hoje encontram-se ameaçadas de extinção no mundo todo, como a mangona e o tubarão-martelo. Mas o que é verdadeiramente um absurdo inadmissível é a "perseguição" de determinadas espécies de tubarão para a extração de partes de seu corpo para obter produtos que são supérfluos e os benefícios apregoados são duvidosos e sem nenhuma base científica comprovada. Movida pela ganância humana, é o pior tipo de pesca predatória.

Atualmente, existem dois grandes objetivos na pesca do tubarão. A cartilagem, transformada em cápsulas que os fabricantes apregoam como anti-tumorais, em analogia ao fato do tubarão ser imune ao câncer, e as nadadeiras (muitas vezes extirpadas do animal ainda vivo, que depois é devolvido ao mar para afundar e apodrecer), utilizadas para fazer sopa de barbatana de tubarão, tida como afrodisíaca e símbolo de status na China. Algo semelhante às inúmeras aberrações predatórias e criminosas que vemos ao redor do mundo, especialmente no Oriente, como a "crença" de que partes de animais, como o tigre e o urso, podem curar doenças. Não se pode ameaçar a existência de uma espécie animal ou vegetal em prol da "suposta" melhoria de nossa saúde. Ainda mais dispondo da tecnologia que temos hoje, capaz de produzir artificialmente as substâncias comprovadamete benéficas.

Mas será que por reputarem uma irreal imagem de "devoradores de homens" os tubarões não merecem também ser preservados, como os golfinhos e tartarugas? Atualmente, cerca de 70 milhões de tubarões são capturados e mortos a cada ano em todos os mares. Isso representa uma monumental ameaça à sobrevivência dos tubarões. Nesse ritmo, algumas espécies serão extintas nos próximos anos. Deixar de vê-los como feras assassinas e ter a consciência de que eles exercem um papel crucial na manutenção da saúde e equilíbrio dos ecossistemas marinhos é um importante passo para uma mudança de atitude.

O movimento pela culinária responsável, lançado pelo Restaurante Carlota, é um claro exemplo dessa mudança de atitude. Devemos entender que muitos dos antigos hábitos de consumo não cabem mais nos tempos atuais. O planeta mudou. O clima mudou. O mundo mudou. Será que você ainda não percebeu? Ou só perceberá quando as sérias conseqüências dos desequilíbrios nos oceanos baterem à sua porta? (*) Marcelo Szpilman é biólogo e diretor do Instituto Ecológico Acqualung(instaqua@uol.com.br ) (Envolverde/Assessoria)

UN Agency Pressures Ban on Climate Crisis Summit

Published on Tuesday, January 30, 2007 by Reuters
by Daniel Wallis

The U.N. environment agency pressured Secretary-General Ban Ki-moon on Tuesday to call an emergency climate summit amid dire reports about the risks from global warming.

A summit, tentatively planned for September, would focus on the hunt for a successor to the Kyoto Protocol on cutting greenhouse gases widely blamed for forecasts of more heatwaves, floods, droughts and rising sea levels.

U.N. environment agencies are lobbying Ban to play a leading role in helping governments battle climate change after Kyoto expires in 2012. But he has yet to endorse his officials' proposal for a summit of about 20 key world leaders.

On Tuesday, he was to discuss the plans in Nairobi with Achim Steiner, executive director of the U.N. Environment Program (UNEP). Earlier this month Ban also met Yvo de Boer, head of the U.N. Climate Secretariat.

"This is a critical year and we must bring developed and developing countries together toward a
conclusion," said Steiner's spokesman Nick Nuttall.

On Friday, the broadest scientific study of the human effect on the climate is set to conclude there is at least a 90 percent chance that human activities, mainly burning fossil fuels, are to blame for most of the warming in the last 50 years.

In a previous report in 2001, the Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) said the link was at least 66 percent certain. IPCC experts are meeting in Paris to discuss and approve the draft report.

The report is also set to warn that average global temperatures will rise to 2.0 to 4.5 degrees Celsius (3.6 to 8.1 Fahrenheit) above pre-industrial levels by 2100, with a "best estimate" of a 3.0 C (5.4 F) rise, scientists say.

Another section of the report, due in April, is expected to warn that between 1.1 and 3.2 billion people will face water shortages by the end of the century and hundreds of millions will go hungry, according to Australia's The Age newspaper.

Coastal flooding will hit another 7 million homes.

"HAVE TO MOVE NOW"
"It is now absolutely clear that we have to move together and we have to move now," UNEP's Nuttall said.

De Boer has said the new secretary-general would be in an excellent position to help step up action on climate change, but would first have to assess whether he had enough political support to fulfil the role.

Under Kyoto, 35 industrial nations agreed to cut carbon dioxide emissions by 5 percent below 1990 levels by 2008-12.

Washington pulled out in 2001, arguing it cost jobs and wrongly excluded poorer nations. President Bush last week called climate change a "serious challenge".

The biggest challenge of the post-Kyoto era is to entice non-participants like the United States, China, India, South Africa and Brazil to join to make the process more effective.

The last annual U.N. meeting of about 100 environment ministers in Nairobi in November made little progress on finding ways to broaden the protocol after it runs out.

ExxonMobil's War on Science

By Robert F. Kennedy, Jr., HuffingtonPost.com. Posted January 31, 2007.

With an elaborate network of phony think tanks and slick public relations firms, ExxonMobil has become today's Big Tobacco, defrauding the public and waging a war on science

For over a decade the giant oil company has waged a successful multi-million dollar propaganda campaign to deceive the public about global warming. Using phony think tanks like the Competitive Enterprise Institute, scientists-for-hire called biostitutes, slick public relations firms, and their indentured servants in the political process, they have intentionally defrauded the public by promoting the notion that global warming is a hoax or a sketchy theory that requires more study.

The company now asserts that its position on global warming has been "misunderstood," but its decade of mischief is well documented.

Exxon has dished out at least $19 million dollars since the negotiation of the Kyoto Protocol (1997) to fund an elaborate network including over 75 industry front groups mobilized in a misleading campaign to cloud the public's understanding of global warming. Their objective has been to counter balance the overwhelming scientific evidence of man-induced climate change with pseudo scientific denials to derail reforms that might effect corporate profits.

In 2005, ExxonMobil paid over $3.5 million to 49 different front groups, according to the company's own records, which are collected each year by ExxonSecrets.org and the ExxposeExxon coalition. A report released earlier this month by the Union of Concerned Scientists traces the roots of this fraudulent propaganda broadside -- and many of its prime actors -- back to the tobacco industry's tactical war on science.

Exxon has also used vast political contributions to guide the Bush administration's posturing on climate change. ExxonMobil successfully arranged the ousting of the world's top climate scientist Robert Watson as chairman of the Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC).

An Exxon memo to President Bush's top staffers obtained by NRDC through the Freedom of Information Act asks bluntly, "Can Watson be replaced now at the request of the U.S.?" The White House's carbon cronies obligingly complied, arranging for Watson's dismissal. He was replaced by a little known scientist from New Delhi who would not be regularly available for Congressional hearings.

A 2002 Exxon memo recently obtained by Greenpeace through FOIA coaches one of the President's top environmental advisers Philip Cooney, chief of staff at the White House Council on Environmental Quality on how to "improve" administration research on climate change by emphasizing "significant uncertainties" in the science.

The New York Times later revealed that Cooney, a former lobbyist for the American Petroleum Institute which is generously funded by Exxon, made myriad changes to government climate studies designed to weaken their strong conclusions about the need to act on global warming.

Typically Cooney would insert the words "significant and fundamental" before "uncertainties" in the reports. Cooney, a non scientist, helped suppress or alter several major taxpayer funded scientific studies on global warming including a decade-long study commissioned by this President's father. Cooney resigned two days after the Times broke the story. But don't feel badly. Within a week ExxonMobil announced it had hired him.

Exxon has responded to roars of recent outrage over its anti-social antics by announcing that it has stopped funding the Competitive Enterprise Institute which has collected over $2 million from the oil giant since 1998 to weave lies about climate change -- and 4-5 other groups that Exxon refused to name.

Exxon's new contrition is hardly sincere. The company still continues to fund 40 other groups in its unrelenting campaign of deception. Two weeks ago, the ExxposeExxon coalition -- composed of America's most respected environmental groups, including NRDC, the Sierra Club and U.S. PIRG -- asked Exxon to disclose the names of all the other groups the company funded this year and the nature of the work they are doing for ExxonMobil. Exxon did not respond to the request.

As further evidence of the company's insincerity, Exxon's chief executive and CEO Rex Tillerson, on Friday told world leaders in Davos that oil companies should not be held responsible for global warming. The blame, he argued, rests instead with the very consumers and government officials his company has spent millions of dollars manipulating and defrauding.

America is a decade late in addressing the serious threat from global warming largely due to ExxonMobil's campaign of deliberate deception. ExxonMobil's conduct amounts to a war on civilization. The company can't simply sweep this legacy of fraud and villainy under the rug with a paid op-ed campaign in the New York Times, or with oily statements shifting the blame to consumers. The company needs to cease its campaign of deception completely if it is to genuinely atone for its crimes against humanity.

ExxonMobil might also apply some of its record profits -- estimated at $37 billion last year -- toward meaningful solutions to global warming as other U.S. companies have done.

For starters ExxonMobil might consider joining a coalition of ten major companies -- including industry giants like DuPont, Dow and Alcoa -- and leading environmental groups which last week launched the U.S. Climate Action Partnership, calling for firm limits on carbon dioxide emissions to aggressively combat climate change.

Tagged as: climate change, global warming, exxonmobil
Robert F. Kennedy, Jr. is a senior attorney for theNatural Resources Defense Council, and author of "Crimes Against Nature."

Aquecimento deixará milhões famintos e sem água, diz estudo

30/01/2007 - 11h27

Aquecimento deixará milhões famintos e sem água, diz estudo
Por Rob TaylorReutersEm Canberra (Austrália)


O aquecimento global fará com que milhões de pessoas passem fome por volta de 2080 e causará grave falta de água na China, na Austrália e em partes da Europa e Estados Unidos, segundo um novo estudo sobre o clima mundial.

Até o final do século, as alterações climáticas farão com que a escassez de água afete entre 1,1 e 3,2 bilhões de pessoas, com um aumento médio de temperatura na ordem de 2 a 3 graus Celsius, segundo relatório preliminar do Painel Intergovernamental para a Mudança Climática.

O texto deve ser divulgado só em abril, mas o jornal australiano The Age teve acesso a seus dados. O estudo diz ainda que outros 200 a 600 milhões de pessoas enfrentarão falta de alimentos nos 70 anos seguintes, enquanto inundações litorâneas podem tragar outras 7 milhões de casas.

"A mensagem é que cada região da Terra terá uma exposição [ao aquecimento]", disse Graeme Pearman, um dos responsáveis pelo relatório, na terça-feira à Reuters.

"Se você olhar para a China, como a Austrália, ambas vão perder precipitações pluviométricas consideráveis em suas áreas agrícolas", disse Pearman, ex-diretor de clima da Organização da Comunidade Científica e de Pesquisa Industrial, principal órgão australiano do setor.

Países pobres, como os da África e Bangladesh, seriam os mais afetados, por serem os menos capazes de lidarem com secas e inundações litorâneas, segundo o especialista.

O Painel Intergovernamental foi criado em 1988 pela Organização Meteorológica Mundial e pelo Programa Ambiental da ONU para orientar as políticas globais sobre o aquecimento.

Em 2006, desastres naturais mataram 21.796 pessoas; saiba como aqui.

Report maps obstacles on the road to sustainable biofuels sector

A promising form of renewable energy could create major opportunities for developing nations to alleviate poverty and help to mitigate climate change, but could equally cause more problems than it solves, warns a report published today (26 January).

The report, by the International Institute for Environment and Development, maps obstacles on the road to sustainable development of biofuels — liquid fuels produced from oily or starchy 'energy crops' such as sugarcane, corn, soybeans oil palms and jatropha trees.
Biofuels will be at the centre of discussions at a major international conference on renewable energy taking place in Brussels on 29-31 January as part of the European Union's 'Sustainable Energy Week'.

The European Renewable Energy Policy Conference will be opened by Al Gore and attended by 650 delegates. Speakers include Klaus Töpfer, former head of the UN Environment Programme; UK foreign minister Margaret Beckett; and senior figures from Brazil, China and India.

The new report calls for international trade barriers, especially subsidies, to be relaxed to enable developing countries to reap the benefits of the biofuels trade, and for certification schemes to take account of the real environmental and social conditions in such countries.

Biofuels have been promoted as a means of creating jobs and wealth in developing nations, while cutting greenhouse gas emissions in the industrialised world, where demand for biofuels is set to skyrocket to meet ambitious targets.

But according to the report's author, Annie Dufey, current trade regimes are not fit for encouraging synergies and sorting out trade-offs. She says that any benefits from biofuels trade could be undermined if the sector continues to expand without improved policies and international coordination.

"There is no multilateral agreement on whether biofuels are industrial or agricultural goods. Nor is there a specific forum for international discussions on how to deal with biofuel trade," says Dufey. "This lack of coherence and coordination could lead to biofuels solving one specific problem but simultaneously creating several others."

Dufey points out that small-scale farmers in developing nations might find themselves squeezed out of a fair share of the biofuel sector's profits by a handful of large Western companies dominating international markets.

Other factors — from the choice of energy crop to the method and location of biofuel production — could also be problematic. Developing nations therefore need to carefully identify options those that are most suitable for the achievement of their sustainable development goals.
"In addition to the current high oil prices, the rapid development of biofuels has largely been driven by the promise of reduced greenhouse gas emissions, yet environmental benefits could be lost if the sector’s expansion leads to further deforestation," says Dufey. "Development benefits could also be lost if the choice of crop leads to competition for water resources or for land used to grow food crops."

"We need certification schemes that label biofuels according to environmental and social conditions prevailing in the producing countries, and that do not undermine small-scale producers," says Dufey.

Several schemes are being developed but if governments and institutions in industrialised nations dominate them, they risk not taking account of developing countries' social and environmental priorities.

"Moreover, if these schemes are poorly coordinated or entail a unfair distribution of costs and benefits, they could be detrimental to international trade and place a significant burden on small producers," says Dufey.

The report says that industrialised countries need to analyse the ways their domestic policies surrounding biofuel production and trade are affecting developing nations, where due to their privileged natural conditions, the greatest growth in energy-crop production is set to take place.
"Biofuels can help tackle climate change and improve livelihoods in developing countries, as well as provide a source of economic growth and energy," says Dufey. "But to achieve this, all players in the sector urgently need to be aware of the trade-offs and take steps to address them."

"The novelty of biofuels, the vast array of issues involved and the lack of knowledge to tackle many of them, together with diverging political and business interests mean that consensus is elusive," she adds. "It is therefore increasingly urgent to map a path for the global biofuels industry that supports sustainable development."

Link to full report by Annie Dufey
Link to more detailed book on biofuels by Annie Dufey
For more information or to arrange an interview with Annie Dufey, please contact:
Annie Dufey - annie.dufey@iied.org or Tel: +44 (0)20 7388 2117
Or
Mike ShanahanPress OfficerInternational Institute for Environment and DevelopmentEmail: mike.shanahan@iied.orgTel: +44 (0)20 7872 7308Fax: +44 (0)20 7388 2826http://www.iied.org

NOTES TO EDITORSThe International Institute for Environment and Development (IIED) is an independent, non-profit research institute. Set up in 1971 and based in London, IIED provides expertise and leadership in researching and achieving sustainable development (see: http://www.iied.org).

The 2007 European Renewable Energy Policy Conference will take place from 29-31 January 2007 in Brussels, Belgium. The meeting is being organised by the German government and the European Renewable Energy Council. It will gather representatives of EU institutions, national governments and local administrations, energy regulators and power companies, renewable energy industries, research and academic institutes, and civil society groups.

See: http://www.erec-renewables.org/events/2007PolicyConference/default.htm

The European Union (EU) has set a target of using 10.5 billion litres of biodiesel by 2010 — double what Europe itself s projected to be able to supply. The 2001 Study of the European Biodiesel Market by international consultancy firm Frost & Sullivan says the EU market for biodiesel could be worth US$2.4 billion by 2007.

On 9 January 2007, Indonesian company Sinar Mas Agro Resources and Technology signed a US$5.5 billion deal with China National Offshore Oil Corporation and Hong Kong Energy Holdings to develop 1 million hectares of oil palm, cassava and sugar cane for biofuel production. Some of this will entail the clearance of virgin rainforest in West Papua.

Last month, Uganda's president Yoweri Museveni has sparked a mass resignation of forestry officials by demanding that they hand over protected forests to commercial interests so that they could develop biofuel plantations – see http://www.iied.org/mediaroom/061214Ugandaforests.html

Fevereiro vai esquentar o panorama do clima, por Washington Novaes

29/1/2007

Prenuncia-se que será agitado o mês de fevereiro, na área do clima. Com a Europa, os Estados Unidos, a Austrália e até o Brasil preocupados com desastres atribuídos a mudanças do clima e com o próprio Fórum Econômico de Davos mergulhado nessa discussão, anuncia-se que nos primeiros dias do mês o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), o órgão científico da Convenção do Clima, divulgará seu quarto relatório sobre o panorama mundial nessa área. Será o primeiro desde 2001, quando afirmou que, a persistirem as tendências de aumento das emissões que intensificam o efeito estufa, a temperatura terrestre subirá entre 1,4 e 5,8 graus Celsius até o fim do século, com uma elevação do nível dos oceanos entre 8 e 88 centímetros. E conseqüências terríveis - inundações, secas, furacões, etc.

Cientistas bem informados sobre o IPCC dizem que ele não mudará as suas previsões. Mas dirá que novos fatores estão agravando o quadro - entre eles, a perda de gelo nos pólos e nas montanhas, que reduz a reflexão de raios solares que chegam à Terra e pode contribuir para aumentar a temperatura, e o degelo na Sibéria, que pode liberar quantidades gigantescas de gases poluentes.

Informações nesse rumo já foram liberadas há poucos dias pela US National Oceanic and Atmospheric Administration (Noaa). Segundo esse organismo, o dióxido de carbono está-se concentrando na atmosfera a um ritmo mais rápido que o previsto pelos cientistas. O acréscimo em 2006 foi de 2,6 partes por milhão (ppm).

Informações como essas estão levando a intensa movimentação diplomática e política. O secretário-geral da Convenção do Clima, Yvo de Boer, e outros altos dirigentes conclamaram o novo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, a assumir a liderança mundial nessa área e mobilizar tantos os líderes políticos como os do setor privado para que se juntem e definam novas políticas. A inclusão do setor privado, segundo Yvo de Boer, se deve a que das cem maiores economias do mundo 52 são empresas - e sem elas será muito difícil caminhar.

Também o presidente da França, Jacques Chirac, afirmou que o consumo excessivo de recursos naturais no mundo está prejudicando o clima e ameaçando a humanidade. Quer, por isso, promover ainda em fevereiro uma reunião de líderes mundiais. E propõe taxar produtos importados de países que se recusem a participar de um novo período do Protocolo de Kyoto. Em direção paralela caminha o Japão, que quer criar um novo acordo para suceder ao protocolo, desde que inclua os Estados Unidos, a China e a Índia, grandes emissores de poluentes.

Nos Estados Unidos, que continuam sem homologar o protocolo, embora sejam os maiores emissores de poluentes, a movimentação política em torno do tema está muito forte. Em sua mensagem sobre o Estado da União, esta semana, o presidente Bush acabou admitindo que as mudanças climáticas são uma “séria ameaça” e anunciou medidas para reduzir o consumo de gasolina por automóveis a partir de 2010 (4% ao ano) e por caminhões a partir de 2012, para chegar a 2017 com uma economia total de 20% no consumo de gasolina, que seria substituída por energias renováveis, entre elas 133 bilhões de litros de etanol por ano. Já o senador Bernie Sanders quer um acordo para cortar as emissões em 80% sobre os níveis de 1990. Os senadores Dianne Feinstein e Tom Carper, por sua vez, propõem legislação que obrigue as empresas produtoras de energia a reduzir suas emissões em 10% sobre os níveis de 2006. Mas o mercado interno norte-americano segue na contramão: os chamados utilitários esportivos e picapes, que “bebem” gasolina e que com a alta dos preços do petróleo haviam recuado de 55% para 45% das vendas internas, voltaram aos 55% com a queda dos preços dos combustíveis.

Enquanto isso, o subsecretário de Estado norte-americano para Transportes advertiu a União Européia: os Estados Unidos não aceitarão a proposta de taxar as emissões em vôos de outros países que cheguem à Europa (a proposta européia é de taxar os vôos internos a partir de 2011 e os internacionais, no ano seguinte; a razão é que as emissões de aeronaves aumentaram 87% desde 1990). Por vários caminhos, a União Européia quer chegar uma redução de todas as emissões em 20% (sobre os níveis de 1990).

Em quase toda parte se multiplicam iniciativas, principalmente após a divulgação do contundente relatório coordenado pelo ex-economista-chefe do Banco Mundial, sir Nicholas Stern, prevendo uma megarrecessão econômica se não for aplicado 1% do produto bruto mundial, a cada ano, para enfrentar o problema das mudanças de clima. Segundo Stern, só temos uma década para isso.

Por aqui é que não se enxergam compromissos de reduzir emissões, apesar dos problemas já presentes e da previsão do estudo do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais de que a temperatura média no País deverá sofrer forte aumento ao longo deste século, que poderá chegar a 6 graus Celsius na Amazônia.

A inércia em muitos lugares explica prognósticos pessimistas, como o do desiludido criador da “teoria Gaia”, James Lovelock, de que já ultrapassamos o “point of no return” e deveríamos estar pensando não em “desenvolvimento sustentável”, e sim numa “retirada sustentável” (A Vingança de Gaia, Editora Intrínseca, 2006).

De pouco adianta ser pessimista ou otimista. É preciso que a sociedade pressione em toda parte para que se saia do marasmo. Inclusive e principalmente no Brasil. Não há outro caminho.
(
www.ecodebate.com.br) artigo originalmente publicado pelo O Estado de S. Paulo - 26/01/2007

Aquecimento global e concentração de CO2

Especiais - Multimídia
Estado de São Paulo
3 de novembro de 2006 - 14:51

Aquecimento global e concentração de CO2, em números

Confira a evolução do aquecimento global e da emissão de derivados de combustíveis fósseis ano a ano aqui.

IPCC: Comitê da ONU sobre o clima lançará 4 relatórios em 2007

O grupo conta com a participação de cerca de 2.500 especialistas, que trabalham em mais de 130 países. Seu último relatório foi apresentado ao público em 2001

Reuters - LONDRES - Cientistas que assessoram a ONU a respeito das mudanças climáticas divulgam na sexta-feira, 2, em Paris, o primeiro de quatro relatórios previstos para este ano apontando os riscos do aquecimento global.

Confira, a seguir, o calendário do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), criado em 1988 pela ONU para orientar os governos. O grupo conta com o trabalho de cerca de 2.500 especialistas em mais de 130 países. Seu último relatório foi em 2001.

Paris, 2 de fevereiro - A Base Físico-Científica para a Alteração Climática - O primeiro relatório trará evidências sobre o impacto das atividades humanas no aquecimento dos últimos 50 anos, especialmente o uso de combustíveis fósseis. Deve também projetar alterações climáticas até o fim do século.

Uma versão preliminar diz haver pelo menos 90% de chance de que as atividades humanas sejam a principal causa do aquecimento global desde 1950, segundo fontes científicas. No relatório de 2001, a probabilidade era estimada em pelo menos 66%.

Na "melhor estimativa" do relatório preliminar, a temperatura média do planeta, em 2100, deve ser 3º C superior aos níveis pré-industriais. O relatório de 2001, mais vago, apontava uma variação de 1,4º C a 5,8º C.

Bruxelas, começo de abril - Impactos, Adaptação e Vulnerabilidade - O segundo relatório vai detalhar os possíveis impactos da mudança climática no mundo e formas de adaptação. O jornal australiano The Age disse que uma versão preliminar projeta que entre 200 milhões e 700 milhões de pessoas podem enfrentar escassez de alimentos até 2080, e que entre 1,1 bilhão e 3,2 bilhões de pessoas sofrerão com a falta de água.

Bangcoc, começo de maio - Mitigação da Alteração Climática - O terceiro relatório vai analisar formas de combater o aquecimento global, inclusive com opções e custos para controlar as emissões de gases do efeito estufa.

Valência, meados de novembro - Relatório-Síntese - O quarto e último relatório resumirá as conclusões.

(www.ecodebate.com.br) matéria da Agência Reuters, originalmente publicada pelo Estadao.com.br -30 de janeiro de 2007 - 19:07

janeiro 26, 2007

Quarto relatório da ONU sobre mudança climática trará más notícias sobre aquecimento

Por Anne Chaon e Richard Ingham

PARIS, 24 jan (AFP) - Uma bomba-relógio política está prestes a explodir na próxima semana com a publicação, em 2 de fevereiro, do primeiro capítulo do quarto relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC, na sigla em inglês), a maior autoridade científica da ONU sobre as causas e os efeitos do aquecimento global.

Entre os principais itens do relatório, devem constar os seguintes:

- o aquecimento global, sobretudo o provocado pela queima descontrolada de combustíveis fósseis, está se acelerando;

- a mudança climática, com início esperado para começar dentro de algumas décadas, já está ocorrendo, o que pode ser observado no derretimento das geleiras, no afinamento da calota polar do Ártico e no recuo das áreas de subsolo permanentemente congelado;

- uma conseqüência imediata para a humanidade será uma mudança nos padrões de chuva, levando a uma intensificada pressão sobre as águas, com secas prolongadas e cheias.

- se as temperaturas se elevarem demais, isto aumentará o acúmulo de gases de efeito estufa, correntemente armazenados no solo, na atmosfera, acelerando assim o aquecimento global;

- entre as potenciais ameaças, dependendo do nível de poluição futuro, estão níveis marinhos mais elevados e tempestades violentas mais freqüentes.

O anúncio destas previsões muito provavelmente aumentará as pressões sobre líderes de todo o mundo para incluírem a tomada de ações sobre a mudança climática no topo de suas agendas, a começar pelo presidente americano George W. Bush, cujo país é o primeiro poluidor mundial, e que se antecipou anunciando, nesta terça-feira, o objetivo de diminuir em 20% o consumo de gasolina nos Estados Unidos até 2017, com uma aposta no etanol. "O tempo está acabando", disse em Paris, no início do mês, Yvo de Boer, secretário-executivo da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática (UNFCCC, na sigla em inglês).

"O relatório do IPCC elevará o senso de urgência. Mas ainda deixará sem resposta a pergunta de como lidar com esta urgência", acrescentou.

"Agora estamos em uma escala de tempo na qual, quando falamos nas 'futuras gerações', elas já estão aí - são as crianças que estão no ensino fundamental ou no jardim de infância hoje", disse o climatologista francês Jean Jouzel, um dos membros do IPCC. Embora na sopa de letras dos acrônimos de organizações internacionais, o IPCC raramente venha à mente do público, esta organização trabalha nos bastidores, publicando seus trabalhos e atualizando relatórios sobre mudança climática a cada seis anos, em média.

Mas seu anonimato é inversamente proporcional à sua influência.

Em seu primeiro relatório, em 1990, o IPCC informou haver evidências de que as concentrações de gases de estufa produzidos pelo homem estavam aumentando na atmosfera e que elas aqueceriam a superfície do planeta, mantendo presa a radiação solar.

Estas conclusões levaram à criação da Convenção Marco sobre Mudança Climática (UNFCCC) durante a Cúpula do Rio de 1992, que se seguiu ao Protocolo de Kyoto, em 1997, o primeiro acordo criado com vistas a controlar a poluição por carbono.

Em seu terceiro e último relatório, em 2001, o IPCC fez seu alerta mais enfático até então, afirmando que as atividades humanas eram as causadoras da maior parte do aquecimento nos 50 anos anteriores.

Naquele ano, segundo os níveis de poluição criados em seu cenário de computador, em 2100, a temperatura atmosférica global terá aumentado entre 1,4 e 5,8 graus Celcius e o nível do mar, entre 0,09 e 0,88 metros.

Em um de seus primeiros atos de gabinete, Bush abandonou o Protocolo de Kyoto, defendendo esta decisão em parte afirmando que duvidava da existência de um consenso científico sobre o aquecimento global.

Bush encomendou um relatório próprio a cientistas americanos, que por sua vez concordaram com as avaliações do IPCC quase ao pé da letra.

Nos últimos seis anos, centenas de estudos publicados em revistas e jornais científicos, trouxeram à luz uma montanha de evidências sobre o aquecimento global causado pelo homem e seus efeitos.

Como resultado, os céticos foram reduzidos a uma minoria entre os cientistas, mas eles continuam influentes e bem financiados em Washington.

Mesmo assim, muitos estados americanos tomaram ações independentes para controlar as emissões de gases de efeito estufa e a antes sólida frente corporativa que se opunha a uma abordagem mandatária se quebrou, com algumas das maiores companhias do país clamando por uma regulamentação federal.

O Vegetarianismo é o Novo Prius (carro híbrido dirigido por Di Caprio)

Publicado sábado, 20 de Janeiro de 2007 no Huffington Post
O Vegetarianismo é o Novo Prius (carro híbrido dirigido por Di Caprio)

Nota do Editor(*) É importante lembrar que mais de 70% das emissões de gases de efeito estufa brasileiras são resultado do desmatamento e das queimadas na floresta amazônica. Conseqüentemente é preciso reconhecer os motivos da destruição: o comércio de madeira, as pastagens e o plantio de soja.

Por Kathy Freston
Traduzido por Clarissa Taguchi(*)


O presidente Norte Americano, Herbert Hoover, uma vez prometera “uma galinha em cada panela e em um carro em cada garagem.” Com avisos sobre o aquecimento global alcançando níveis assustadores, muitos estão repensando os resultados que englobam tais carros. Mas parece que deveriam, preferivelmente, se preocupar sobre as galinhas.

Mês passado, as Nações Unidas publicaram um relatório sobre animais de criação e o meio ambiente, chegando a uma conclusão perturbadora: “O setor de criação de animais emerge entre um dos dois ou três maiores contribuintes dos piores problemas ambientais, e isso em qualquer escala, seja global ou local.” O estudo mostra que a criação de animais para alimentação é uma das causas principais da degradação do solo, da poluição do ar, da falta de água, da poluição da água, da perda do biodiversidade e ainda, do aquecimento global.

Isso mesmo, aquecimento global. Você já ouviu a história provavelmente: as emissões de gases do efeito estufa, como o dióxido de carbono, estão mudando nosso clima. E os cientistas advertem para a chegada de um clima mais instável, extremo, com possibilidade de inundações, de epidemias e de extinções maciças. A conclusão é que se pudéssemos sair por um tempo e voltar, nos questionaríamos o que aconteceu com o inverno e imediatamente pensaríamos no que servimos para o jantar à noite passada.

O relatório das N.U. diz que quase um quinto das emissões para o aquecimento global vem dos animais de criação (isto é, daquelas galinhas que o Hoover se referia, mais os porcos, o gado, e outros) – isso significa mais emissões de gases do que todo o transporte do mundo combinado!

Por uma década, a imagem de Leonardo DiCaprio circulando em seu carro híbrido Toyota Prius, ajudou a definir um padrão de excelência para o ambientalismo nos EUA. Estes veículos transformaram-se num símbolo verdadeiro do poder dos consumidores em se engajar numa solução com relação ao aquecimento global. Pensando apenas: um carro podendo cortar as emissões de veículos ao meio - em um país responsável por 25% das emissões de gás totais do efeito estufa no mundo. Com os padrões federais do setor de energia perdendo força no Congresso Norte Americano, e na milhagem média percorrida por veículo em seu nível mais baixo nas últimas décadas, o Prius mostrou aos Norte Americanos que uma outra maneira é possível. Porém, a Toyota não pode importar carros tão rapidamente para abastecer a demanda.

Ano passado pesquisadores da Universidade de Chicago colocaram o caso do Prius como referencia de um estudo quando viraram sua atenção a uma outra mercadoria geradora de gás. Perceberam que tratar animais para obtenção de carne, leite e ovos, requer o consumo de algo como dez vezes mais do que necessitaríamos ao comer o que a primavera oferece, nuggets falsos de galinha, e os outros alimentos vegetais.

Além disso, ainda temos que transportar os animais aos abatedouros, abatê-los, refrigerar suas carcaças, e distribuir sua carne refrigerada através de todo o país. Produzir uma caloria de proteína de carne significa queimar mais de dez outras calorias de proteína vegetal, em combustíveis fosseis – e ainda derramar dez vezes mais dióxido de carbono na atmosfera.

Os investigadores perceberam com a conta acima que o americano médio faz mais para reduzir as emissões de aquecimento globais através do vegetarianismo do que comprando um Prius.

De acordo com o relatório das NU, a situação piora quando incluímos a vasta quantidade de terra necessária a nos prover de filés e costelas. A agropecuária toma conta de incríveis 70% de toda a terra agricultável, e 30% da superfície total de terra do planeta. Em conseqüência, os animais de criação são provavelmente a causa maior de desmatamento e das queimadas, destruindo as florestas originais do mundo.

Hoje, 70% da Amazônia tropical original é usada como pasto, e os cultivares para ração cobrem o restante. Estas florestas ainda servem como “dissipadores” de dióxido de carbono absorvente do ar, e queimar estas florestas libera todo o dióxido de carbono armazenado em suas árvores. Tais quantidades excedem em muito a emissão de combustível fóssil da agropecuária.

Como se o cenário não fosse ruim o bastante, a tacada final vem ao olharmos gases além do dióxido de carbono -- os gases como metano e d óxido nítroso, gases enormemente eficazes para o efeito estufa com 23 e 296 vezes o poder de aquecimento do dióxido de carbono, respectivamente.

Se o dióxido de carbono for responsável por aproximadamente metade das emissões relacionadas ao efeito estufa causado pelo homem desde a era industrial, o metano e o óxido nitroso são responsáveis pelo outro um terço. Estes gases super-fortes vêm primeiramente dos processos digestivos dos animais, e de seu manejo. Em fato, enquanto a agropecuária é responsável por 9% de nossas emissões do dióxido de carbono, ainda responsabiliza-se por 37% das emissões de metano, e 65% das de óxido nitroso.

É um pouco duro reconhecer quando se pensa num pintinho pequeno chocando de seu ovo frágil. Como pode um animal, assim aparentemente insignificante à vastidão da Terra, desprender tanto gás de efeito estufa? A resposta está em seus números. Os abatedouros dos Estados Unidos, sozinhos, derrubam mais de 10 bilhões de animais, sem contar peixes e animais aquáticos, a cada ano. Tudo para sustentar uma cultura da carne-paraiso que mal consegue lembrar de um momento recente quando “uma galinha em cada panela” era considerada um luxo.

Os animais de terra criados para alimento compõem 20% da biomassa total de animais não aquáticos de toda a Terra. Nós estamos, literalmente comendo nosso planeta até à morte.

O que nós estamos vendo é apenas o começo também. O consumo da carne aumentou quintuplicadamente nos cinqüênta últimos anos, e espera-se dobrar outra vez nos cinqüênta seguintes.

Soa como muita má notícia, mas de fato é completamente o oposto. Significa que nós temos uma nova arma poderosa a ser usada em direção à crise ambiental, a mais séria a ser enfrentada pela humanidades desde o nosso surgimento. O Prius foi uma etapa importante, mas o quanto as pessoas procuram comprar carros? Agora que nós sabemos que uma dieta mais verde é ainda mais eficaz do que um carro mais verde, nós podemos fazer uma diferença em cada refeição. Simplesmente deixando os animais fora de nossas travessas. Quem pensaria: o que é bom para nossa saúde é também bom para a saúde do planeta!

Ser Vegetariano, nos dá mais força de engajamento do que dirigir um Prius. E mais, esse estrondo virá muito mais rapidamente. O Prius corta emissões do dióxido de carbono, que espalha seu efeito se aquecendo lentamente sobre um século. Uma porção grande do problema com animais criados, em uma via, é o metano, um gás de ciclo na atmosfera de apenas uma década. Isso significa que menos consumo da carne traduz-se rapidamente em um planeta mais fresco.

Não apenas um planeta mais fresco, também mais limpo. A agropecuária subtrai a maioria da água consumida neste país, emite dois terços da amônia- causadora da chuva-ácida - do mundo, e é a maior fonte de poluição da água -- matando rios inteiros e ecossistemas marinhos, recifes de corais, e naturalmente, fazendo as pessoas adoecerem. Tente imaginar as volumosas quantidades de escreção saindo para fora das fazendas Norte Americanas modernas: são 5 milhão toneladas ao dia, mais do que cem vezes a produzida pela população humana, muito além do que o solo é possivelmente capaz de absorver.

São acres e acres de esgoto e caixas de gordura expostas ao ar livre esticando-se pelo campo, poluindo o ar e contaminando nossa água, fazendo o acidente com o Exxon Valdez parecer muito menor. O que podemos fazer para melhorar rápida e drasticamente, tal situação? Apenas colocando de lado nossas asas de galinha e procurando um hamburguer veggie.

Fazer assim nunca foi tão fácil. Os anos recentes vêm com uma explosão de alimentos vegetarianos e ambientalmente amigáveis. Mesmo as cadeias Ruby Tuesday, Johnny Rockets, e de Burger King, oferecem deliciosos hamburgueres veggie e as gôndolas de supermercado ofertam opções alinhadas como soymilk creamy coração-saudável e fatias de presunto veggie.

Os alimentos Vegetarianos têm ganhado prêmios de recolhimento ambiental, e tem angariado celebridade como Maher, Alec Baldwin, Paul McCartney, e naturalmente Leonardo DiCaprio, como adeptos e defensores.

Apenas porque o Prius nos mostrou que cada um de nós tem em suas mãos o poder de fazer uma diferença contra um problema que ponha em perigo o futuro da humanidade, a cultura vegetariana nos permite uma maneira nova de reduzir dramaticamente nossas emissões perigosas de gás e de uma maneira ainda mais eficaz, mais fácil de fazer, mais acessíveis a todos e certamente acompanha bem melhor as batatas fritas Americanas.

As temperaturas que não param mais de se elevar, tampões de gelo derretiendo, doenças tropicais espalhando-se, furacões mais fortes… Assim, o que é que você para fazer para o jantar hoje à noite?

Verifique os sites www.VegCooking.com para ver se há novas idéias, receitas livres, planos de refeição, e mais! E verifique a seção ambiental de www.GoVeg.com para ver se há mais informação sobre o efeito prejudicial do ato de comer carne.
Kathy Freston é autora de livros de auto-ajuda e conselheira pessoal do crescimento e da espiritualidade. É o autora de “Expect a Miracle: Seven Spiritual Steps to Finding the Right Relationship”. Kathy e seu marido, Tom Freston, dividem seu tempo entre New York e Los Angeles.

janeiro 25, 2007

Planos de Bush são 'negócio fantástico' para etanol do Brasil

ECONOMIA | EXPORTAÇÃO 24/01/2007 - 21h07
Planos de Bush são 'negócio fantástico' para etanol do Brasil

por REUTERS/ O GLOBO ONLINE

A meta proposta pelo presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, de reduzir o consumo de gasolina no país em 20% nos próximos dez anos, anunciada no discurso desta terça-feira , representa um "negócio fantástico'' para o Brasil, maior e mais competitivo exportador de etanol do mundo.

Especialistas na área de álcool enxergaram o plano dos EUA como um passo importante no processo mundial de busca por fontes de energia renovável, no qual o Brasil pode ter papel importante por contar com vantagens competitivas.


- É um negócio fantástico. Nunca tivemos uma oportunidade tão grande de substituição do petróleo - disse Luiz Carlos Correa Carvalho, da consultoria Canaplan, de Piracicaba (SP).

- O discurso do Bush é um convite para países competitivos como o Brasil a participar ativamente do processo global de substituição do petróleo - acrescentou ele, lembrando que a União Européia também anunciou este mês planos para elevar o uso de combustíveis "verdes'' com o objetivo de limitar as emissões de carbono.

Para a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), o apoio anunciado por Bush cria espaço para maiores exportações do etanol brasileiro para os EUA e também pode servir de estímulo para que outros países sigam o exemplo e adotem os combustíveis "verdes''.

- O que costumamos dizer é que qualquer produtor do mundo não é nosso concorrente, é nosso aliado, o nosso concorrente é a gasolina - disse o presidente da entidade, Eduardo Pereira de Carvalho.

- Isso aumenta tremendamente o potencial de nossas exportações - comentou ele, lembrando que 60% das vendas externas brasileiras neste ano terão como destino os EUA.

Um dos países que podem ser estimulados pelos EUA são o Japão, que já demonstrou interesse em introduzir o etanol em sua matriz energética, mas sente falta de um fornecedor confiável, observou uma analista que pediu para não ser identificada.

- A produção brasileira crescendo sem mercado não seria uma coisa boa. A ampliação de mercado abre espaço para a indústria se consolidar em bases competitivas - disse ela.

Segundo especialistas brasileiros, entre as tecnologias disponíveis hoje, o etanol de cana-de-açúcar é uma das formas mais baratas de um país reduzir suas emissões de carbono.

Novas tecnologias

O desenvolvimento de novos processos para fabricação de etanol, que deve receber forte apoio governamental nos EUA, também favorece o Brasil.

- A questão tecnológica é da maior importância. Vemos com magníficos olhos - disse o presidente da Unica.

- Hoje de cada tonelada de cana tiramos 85 litros de álcool. Quando a tecnologia da hidrólise da celulose estiver desenvolvida, vamos poder tirar 150, 160 litros, pois vamos estar transformando o bagaço da cana e a palha em álcool.

Já o diretor da Canaplan disse que o momento também representa uma chance para o governo brasileiro estabelecer uma política para garantir a expansão organizada do setor.

Atualmente, a atuação do governo brasileiro no mercado se resume à obrigatoriedade da mistura de etanol na gasolina (que pode variar de 20% a 25%) e à redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) nos veículos flexíveis.

Segundo o representante da Canaplan, faltam ações como uma política de estoques, que reduziria a volatilidade dos preços durante o decorrer do ano, além de redução de impostos em operações com futuros da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BMF) e padronização do ICMS, que hoje varia entre os Estados.

A proposta de Bush é substituir, até 2017, 165 bilhões de litros de combustíveis fósseis por meio da adoção de combustíveis renováveis (132 bilhões de litros) e com um aumento na eficiência dos motores de veículos (32 bilhões de litros), segundo cálculos da Canaplan.

- O que preocupa é a velocidade da substituição do combustível fóssil, que está acabando. Não podemos contar apenas com as fontes tradicionais. O mundo precisa das tais rupturas tecnológicas citadas por Bush - disse Carvalho.

janeiro 22, 2007

Baseless fear of economic hardship hampers efforts to curb climate change – UN official

From: United Nations
22 January 2007 – A lack of global leadership on climate change, stemming from an unwarranted fear of economic hardship, is seriously hampering efforts to combat global warming, the top United Nations official dealing with the issue has warned.

“Industrialized countries fear unwillingness on the part of their developing country competitors to act and are therefore reluctant to take the first step themselves,” the Executive Secretary of the UN Framework Convention on Climate Change (UNFCCC), Yvo de Boer, told this year’s Delhi Sustainable Development Summit in the Indian capital.

“Developing countries fear that a new round of climate negotiations would impose on them obligations that would hurt their economic goals,” he added, stressing that the key to the problem is to provide incentives for economies to grow along a greener path, and to put in place mechanisms to ensure that the needed resources are available.

He pointed to India as an example of a country which is already successfully making use of such incentives. “India is showing that economic growth and climate protection are far from being mutually exclusive. The country already has 155 registered CDM projects, with another 400 projects in the pipeline,” he noted, referring to the Kyoto Protocol treaty's Clean Development Mechanism.

This aims at enhancing sustainable development by allowing industrialized countries to generate emission credits or allowances through investment in emission reduction projects in developing countries.

India’s CDM projects range from a biomass plant in Rajasthan state to a wind power plant in Karnataka state and are expected to generate some 300 million certified emissions reductions (CERs) by the end of 2012. Each CER represents a ton of carbon dioxide equivalent that can be traded on the international carbon market.

Since 2005, the estimated potential of emission reductions to be delivered by the CDM pipeline has grown twelve-fold to more than 1.5 billion tonnes – equivalent to the combined emissions of Australia, Canada and the Netherlands.

“Whilst it is clear that the CDM is working in India, it is also clear that more of these incentives are needed to have a significant impact on protecting the world’s climate,” Mr. de Boer said.

Recent scientific findings suggest that much deeper emission cuts are required than the average of 5 per cent below the 1990 emissions of industrialized countries agreed under the Kyoto Protocol, with the European Commission calling for reductions in the order of 60 to 80 per cent by mid century.

Under the UNFCCC, talks and negotiations are under way that need to result in a “global compact” to fight climate change by channelling green investment into the rapidly growing economies of the developing world, several of which, like India, are set to overtake developed countries within the next decades, Mr. de Boer said.

Meanwhile, the business community is calling for assurances of continuity for the existing carbon market beyond 2012, the year the first commitment period of the Kyoto Protocol expires. “A post 2012 agreement is needed as soon as possible” Mr. de Boer added.

“There would be a significant risk for the value of carbon beyond 2012 without a long term provision for the carbon market. Industrialized countries need to take the lead on this,” he said.

janeiro 21, 2007

O IMPÉRIO DO CONSUMO por Eduardo Galeano

17/01/2007
Por Eduardo Galeano

A explosão do consumo no mundo atual faz mais barulho do que todas as guerras e mais algazarra do que todos os carnavais. Como diz um velho provérbio turco, aquele que bebe a conta, fica bêbado em dobro. A gandaia aturde e anuvia o olhar; esta grande bebedeira universal parece não ter limites no tempo nem no espaço.

Mas a cultura de consumo faz muito barulho, assim como o tambor, porque está vazia; e na hora da verdade, quando o estrondo cessa e acaba a festa, o bêbado acorda, sozinho, acompanhado pela sua sombra e pelos pratos quebrados que deve pagar. A expansão da demanda se choca com as fronteiras impostas pelo mesmo sistema que a gera. O sistema precisa de mercados cada vez mais abertos e mais amplos tanto quanto os pulmões precisam de ar e, ao mesmo tempo, requer que estejam no chão, como estão, os preços das matérias primas e da força de trabalho humana. O sistema fala em nome de todos, dirige a todos suas imperiosas ordens de consumo, entre todos espalha a febre compradora; mas não tem jeito: para quase todo o mundo esta aventura começa e termina na telinha da TV. A maioria, que contrai dívidas para ter coisas, termina tendo apenas dívidas para pagar suas dívidas que geram novas dívidas, e acaba consumindo fantasias que, às vezes, materializa cometendo delitos. O direito ao desperdício, privilégio de poucos, afirma ser a liberdade de todos.

Dize-me quanto consomes e te direi quanto vales. Esta civilização não deixa as flores dormirem, nem as galinhas, nem as pessoas. Nas estufas, as flores estão expostas à luz contínua, para fazer com que cresçam mais rapidamente. Nas fábricas de ovos, a noite também está proibida para as galinhas. E as pessoas estão condenadas à insônia, pela ansiedade de comprar e pela angústia de pagar. Este modo de vida não é muito bom para as pessoas, mas é muito bom para a indústria farmacêutica. Os EUA consomem metade dos calmantes, ansiolíticos e demais drogas químicas que são vendidas legalmente no mundo; e mais da metade das drogas proibidas que são vendidas ilegalmente, o que não é uma coisinha à-toa quando se leva em conta que os EUA contam com apenas cinco por cento da população mundial.

«Gente infeliz, essa que vive se comparando», lamenta uma mulher no bairro de Buceo, em Montevidéu. A dor de já não ser, que outrora cantava o tango, deu lugar à vergonha de não ter. Um homem pobre é um pobre homem. «Quando não tens nada, pensas que não vales nada», diz um rapaz no bairro Villa Fiorito, em Buenos Aires. E outro confirma, na cidade dominicana de San Francisco de Macorís: «Meus irmãos trabalham para as marcas. Vivem comprando etiquetas, e vivem suando feito loucos para pagar as prestações».

Invisível violência do mercado: a diversidade é inimiga da rentabilidade, e a uniformidade é que manda. A produção em série, em escala gigantesca, impõe em todas partes suas pautas obrigatórias de consumo. Esta ditadura da uniformização obrigatória é mais devastadora do que qualquer ditadura do partido único: impõe, no mundo inteiro, um modo de vida que reproduz seres humanos como fotocópias do consumidor exemplar.

O consumidor exemplar é o homem quieto. Esta civilização, que confunde quantidade com qualidade, confunde gordura com boa alimentação. Segundo a revista científica The Lancet, na última década a «obesidade mórbida» aumentou quase 30% entre a
população jovem dos países mais desenvolvidos. Entre as crianças norte-americanas, a obesidade aumentou 40% nos últimos dezesseis anos, segundo pesquisa recente do Centro de Ciências da Saúde da Universidade do Colorado. O país que inventou as comidas e bebidas light, os diet food e os alimentos fat free, tem a maior quantidade de gordos do mundo. O consumidor exemplar desce do carro só para trabalhar e para assistir televisão. Sentado na frente da telinha, passa quatro horas por dia devorando comida plástica.

Vence o lixo fantasiado de comida: essa indústria está conquistando os paladares do mundo e está demolindo as tradições da cozinha local. Os costumes do bom comer, que vêm de longe, contam, em alguns países, milhares de anos de refinamento e diversidade e constituem um patrimônio coletivo que, de algum modo, está nos fogões de todos e não apenas na mesa dos ricos. Essas tradições, esses sinais de identidade cultural, essas festas da vida, estão sendo esmagadas, de modo fulminante, pela imposição do saber químico e único: a globalização do hambúrguer, a ditadura do fast food. A plastificação da comida em escala mundial, obra do McDonald´s, do Burger King e de outras fábricas, viola com sucesso o direito à autodeterminação da cozinha: direito sagrado, porque na boca a alma tem uma das suas portas.

A Copa do Mundo de futebol de 1998 confirmou para nós, entre outras coisas, que o cartão MasterCard tonifica os músculos, que a Coca-Cola proporciona eterna juventude e que o cardápio do McDonald´s
não pode faltar na barriga de um bom atleta. O imenso exército do McDonald´s dispara hambúrgueres nas bocas das crianças e dos adultos no planeta inteiro. O duplo arco dessa M serviu como estandarte, durante a recente conquista dos países do Leste Europeu.

As filas na frente do McDonald´s de Moscou, inaugurado em 1990 com bandas e fanfarras, simbolizaram a vitória do Ocidente com tanta eloqüência quanto a queda do Muro de Berlim. Um sinal dos tempos: essa empresa, que encarna as virtudes do mundo livre, nega aos seus empregados a liberdade de filiar-se a qualquer sindicato. O McDonald´s viola, assim, um direito legalmente consagrado nos muitos países onde opera. Em 1997, alguns trabalhadores, membros disso que a empresa chama de Macfamília, tentaram sindicalizar-se em um restaurante de Montreal, no Canadá: o restaurante fechou. Mas, em 98, outros empregados do McDonald´s, em uma pequena cidade próxima a Vancouver, conseguiram essa conquista, digna do Guinness.

As massas consumidoras recebem ordens em um idioma universal: a publicidade conseguiu aquilo que o esperanto quis e não pôde.

Qualquer um entende, em qualquer lugar, as mensagens que a televisão transmite. No último quarto de século, os gastos em propaganda dobraram no mundo todo. Graças a isso, as crianças pobres bebem cada vez mais Coca-Cola e cada vez menos leite e o tempo de lazer vai se tornando tempo de consumo obrigatório. Tempo livre, tempo prisioneiro: as casas muito pobres não têm cama, mas têm televisão, e a televisão está com a palavra. Comprado em prestações, esse animalzinho é uma prova da vocação democrática do progresso: não escuta ninguém, mas fala para todos.

Pobres e ricos conhecem, assim, as qualidades dos automóveis do último modelo, e pobres e ricos ficam sabendo das vantajosas taxas de juros que tal ou qual banco oferece. Os especialistas sabem transformar as
mercadorias em mágicos conjuntos contra a solidão. As coisas possuem atributos humanos: acariciam, fazem companhia, compreendem, ajudam, o perfume te beija e o carro é o amigo que nunca falha. A cultura do
consumo fez da solidão o mais lucrativo dos mercados.

Os buracos no peito são preenchidos enchendo-os de coisas, ou sonhando com fazer isso. E as coisas não só podem abraçar: elas também podem ser símbolos de ascensão social, salvo-condutos para atravessar as
alfândegas da sociedade de classes, chaves que abrem as portas proibidas. Quanto mais exclusivas, melhor: as coisas escolhem você e salvam você do anonimato das multidões. A publicidade não informa sobre o produto que vende, ou faz isso muito raramente. Isso é o que menos importa. Sua função primordial consiste em compensar frustrações e alimentar fantasias. Comprando este creme de barbear, você quer se transformar em quem?

O criminologista Anthony Platt observou que os delitos das ruas não são fruto somente da extrema pobreza. Também são fruto da ética individualista. A obsessão social pelo sucesso, diz Platt, incide decisivamente sobre a apropriação ilegal das coisas. Eu sempre ouvi
dizer que o dinheiro não trás felicidade; mas qualquer pobre que assista televisão tem motivos de sobra para acreditar que o dinheiro trás algo tão parecido que a diferença é assunto para especialistas.

Segundo o historiador Eric Hobsbawm, o século XX marcou o fim de sete mil anos de vida humana centrada na agricultura, desde que apareceram os primeiros cultivos, no final do paleolítico. A população mundial torna-se urbana, os camponeses tornam-se cidadãos. Na América Latina temos campos sem ninguém e enormes formigueiros urbanos: as maiores cidades do mundo, e as mais injustas. Expulsos pela agricultura moderna de exportação e pela erosão das suas terras, os camponeses invadem os subúrbios. Eles acreditam que Deus está em todas partes, mas por experiência própria sabem que atende nos grandes centros urbanos.

As cidades prometem trabalho, prosperidade, um futuro para os filhos. Nos campos, os esperadores olham a vida passar, e morrem bocejando; nas cidades, a vida acontece e chama. Amontoados em cortiços, a primeira coisa que os recém chegados descobrem é que o trabalho falta e os braços sobram, que nada é de graça e que os artigos de luxo mais caros são o ar e o silêncio.

Enquanto o século XIV nascia, o padre Giordano da Rivalto pronunciou, em Florença, um elogio das cidades. Disse que as cidades cresciam «porque as pessoas sentem gosto em juntar-se». Juntar-se, encontrar-se. Mas, quem encontra com quem? A esperança encontra-se com a realidade? O desejo, encontra-se com o mundo? E as pessoas, encontram-se com as pessoas?Se as relações humanas foram reduzidas a relações entre coisas, quanta gente encontra-se com as coisas?

O mundo inteiro tende a transformar-se em uma grande tela de televisão, na qual as coisas se olham mas não se tocam. As mercadorias em oferta invadem e privatizam os espaços públicos.

Os terminais de ônibus e as estações de trens, que até pouco tempo atrás eram espaços de encontro entre pessoas, estão se transformando, agora, em espaços de exibição comercial. O shopping center, o centro comercial, vitrine de todas as vitrines, impõe sua presença esmagadora. As multidões concorrem, em peregrinação, a esse templo maior das missas do consumo. A maioria dos devotos contempla, em êxtase, as coisas que seus bolsos não podem pagar, enquanto a minoria compradora é submetida ao bombardeio da oferta incessante e extenuante. A multidão, que sobe e desce pelas escadas mecânicas, viaja pelo mundo: os manequins vestem como em Milão ou Paris e as máquinas soam como em Chicago; e para ver e ouvir não é preciso pagar passagem. Os turistas vindos das cidades do interior, ou das cidades que ainda não mereceram estas benesses da felicidade moderna, posam para a foto, aos pés das marcas internacionais mais famosas, tal e como antes posavam aos pés da estátua do prócer na praça.

Beatriz Solano observou que os habitantes dos bairros suburbanos vão ao center, ao shopping center, como antes iam até o centro. O tradicional passeio do fim-de-semana até o centro da cidade tende a ser substituído pela excursão até esses centros urbanos. De banho
tomado, arrumados e penteados, vestidos com suas melhores galas, os visitantes vêm para uma festa à qual não foram convidados, mas podem olhar tudo. Famílias inteiras empreendem a viagem na cápsula
espacial que percorre o universo do consumo, onde a estética do mercado desenhou uma paisagem alucinante de modelos, marcas e etiquetas.

A cultura do consumo, cultura do efêmero, condena tudo à descartabilidade midiática. Tudo muda no ritmo vertiginoso da moda, colocada à serviço da necessidade de vender. As coisas envelhecem num piscar de olhos, para serem substituídas por outras coisas de vida fugaz. Hoje, quando o único que permanece é a insegurança, as mercadorias, fabricadas para não durar, são tão voláteis quanto o capital que as financia e o trabalho que as gera. O dinheiro voa na velocidade da luz: ontem estava lá, hoje está aqui, amanhã quem sabe onde, e todo trabalhador é um desempregado em potencial.

Paradoxalmente, os shoppings centers, reinos da fugacidade, oferecem a mais bem-sucedida ilusão de segurança. Eles resistem fora do tempo, sem idade e sem raiz, sem noite e sem dia e sem memória, e
existem fora do espaço, além das turbulências da perigosa realidade do mundo.

Os donos do mundo usam o mundo como se fosse descartável: uma mercadoria de vida efêmera, que se esgota assim como se esgotam, pouco depois de nascer, as imagens disparadas pela metralhadora da televisão e as modas e os ídolos que a publicidade lança, sem pausa, no mercado. Mas, para qual outro mundo vamos nos mudar? Estamos todos obrigados a acreditar na historinha de que Deus vendeu o planeta para umas poucas empresas porque, estando de mau humor, decidiu privatizar o universo? A sociedade de consumo é uma armadilha para pegar bobos.

Aqueles que comandam o jogo fazem de conta que não sabem disso, mas qualquer um que tenha olhos na cara pode ver que a grande maioria das pessoas consome pouco, pouquinho e nada, necessariamente, para garantir a existência da pouca natureza que nos resta. A injustiça social não é um erro por corrigir, nem um defeito por superar: é uma necessidade essencial. Não existe natureza capaz de alimentar um shopping center do tamanho do planeta.

Tradução: Verso Tradutores
Postado por Emir Sader às 13:27

Ambiente: Os impactos globais do consumismo

19/01/2007 - 12h01
Por Stephen Leahy, da IPS para Envolverde

Toronto, 19/01/2007 – O hábito compulsivo de comprar tem conseqüências ecológicas nefastas que deixam sérias seqüelas nos povos do Sul, segundo os especialistas, que prevêem, também, que este ano será um dos mais quentes do último século. É hora de as pessoas se darem conta da relação existente entre suas compras e as conseqüências que isso tem na deterioração ambiental e no aquecimento global. Na América do Norte as vendas para as comemorações de Natal e final de ano alcançaram números recordes. É sabido que os norte-americanos, canadenses e, em menor medida, os europeus são consumidores que desperdiçam muito.

Seriam necessários cinco planetas para sustentar o consumo dos primeiros e apenas três se todos nós nos comportássemos como os segundos, segundo o informe Planeta Vivente divulgado pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF). A humanidade superou a capacidade do planeta de nos sustentar em 1984, segundo esse documento. Nestes 22 anos, os níveis de consumo de recursos aumentaram não somente na América do Norte e Europa, mas, também na China e Índia, além de algumas zonas da Ásia e América Latina. O ritmo de consumo sem precedentes, que para os economistas é um sinal do saudável estado da economia mundial, provocou a mudança climática, entre outros males sociais e ambientais.

"As pessoas não acreditam que com suas ações individuais façam a diferença", disse à IPS Monique Tilford, diretora-executiva do Centro para um Novo Sonho Americano, uma organização que defende um consumo responsável do ponto de vista ambiental e social. Por exemplo, um computador chinês que nos Estados Unidos ou na Europa se compra por US$ 40 ou US$ 50 pode ser produto do desmatamento ilegal das selvas da Indonésia. Essa ação ilícita fomenta as organizações criminosas, a perda de biodiversidade, libera grandes quantidades de dióxido de carbono na atmosfera e provoca a perda de terras dos povos indígenas.

"É necessário que as pessoas se transformem em consumidores com consciência ambiental e social", disse Tilford. Isto é, que comprem menos coisas que não são imprescindíveis para sua subsistência, mas, também, que estejam dispostas a gastar mais em produtos que não prejudicam o meio ambiente nem os povos de outras nações. "E os que estão dispostos a ser mais conscientes costumam não dispor do conhecimento nem da informação sobre o que é melhor, e esse é o papel de organizações como a nossa", acrescentou a ativista. A organização de Tilford iniciou uma Rede de Compra Responsável dirigida aos governos federais e regionais em 2000, que conseguiu criar um grande mercado de produtos que não prejudicam o meio ambiente.

"É muito complicado para as pessoas saber de onde vêm e com são fabricados os produtos existentes nas lojas", disse Lester Brown do Earth Policy Institute, dos Estados Unidos, comprometido com uma economia sustentável a favor do meio ambiente. A China fábrica um terço dos móveis do mundo, um dado surpreendente para um país que protege suas selvas com rigor. A importação de madeira disparou nesse país e supera com folga os 40 milhões de metros cúbicos por ano. Os dados mostram que a reexportação de produtos florestais da China para os Estados Unidos e a Europa aumentou cerca de 900% desde 1998.

"A escassez cruza as fronteiras com rapidez", disse Brown em uma entrevista. "Se os fabricantes de móveis chineses não conseguem árvores em seu país, as conseguem na Sibéria, em Myanmar (nome dado à Birmânia pela junta militar no governo), Papua Nova Guiné e Indonésia", acrescentou. Greenpeace, Global Witness e outras organizações registraram grandes operações madeireiras ilegais nesses países, tendo a China com principal destino desses produtos. Na década passada, a China se converteu na principal fabricante de produtos de baixo custo. Mais de 80% dos brinquedos, incluindo artigos eletrônicos vendidos no mercado norte-americano, são fabricados nesse país. "Se não consumíssemos todas essas coisas chinesas, esse país não estaria crescendo tão rápido", disse Brown.

O consumo excessivo chegou ao absurdo de um cidadão norte-americano comum, que vive na nação mais rica, gasta mais do que ganha no ano. Tilford admite que em nível do consumidor individual as pessoas costumam estar tão ocupada que não querem saber, ou ignoram o óbvio, que seu comportamento causa impactos ambientais como o aquecimento global. "É impressionante que as pessoas não façam o mínimo esforço para mudar", ressaltou. "A enorme mudança social, necessária para que encontremos a forma de viver de maneira sustentável, não acontecerá sem que ocorra algum tipo de desastre que provoque o tipo de sofrimento que impulsione as pessoas a mudar", acrescentou Tilford.

Brown e Tilford afirmam que a população norte-americana deve eleger pessoas que implementem políticas que visem a assegurar que os produtos vendidos nas lojas de seu país sejam sustentáveis, sem importar sua nação de origem. "As pessoas de outros países arriscam suas vidas para que possamos comprar nossos produtos gourmet", disse Tilford. Mas, a menos que exista apoio popular, nada acontecerá. (IPS/Envolverde)