março 13, 2006

VÍTIMA DE PULVERIZAÇÃO POR AGROTOXICOS NA CÚPULA DE BIODIVERSIDADE

Curitiba, Brasil, 13 a 21 de Março 2006

BAIRRO REVOLTADO CONTRA A SOJA TRANSGENICA NA ARGENTINA

Apresentação nas Cúpulas do Protocolo de Biosseguridade (MOP3) e da Convenção da Biodiversidade (COP8) do testemunho de Sofia Gatica, representante do grupo de Mães de Ituzaingo, um bairro cercado por soja transgênica na ciudade de Cordoba, Argentina. A pulverização indiscrimada dos campos de sojaRR trouxe desastrosos resultados à saúde desta comunidade.

O GRUPO de REFLEXION RURAL, junto as organizações GRAIN e Red por una América Latina Libre de Transgénico (RALLT) estão coordenando uma delegação de ¨Vítimas dos Agronegócios¨ para denunciar os impactos socio-ambientais do modelo agroexportador baseado nas monoculturas de transgênicos. Sofia Gatica apresentará seu testimunho junto a outras pessoas afetadas pela violência e contaminação por causa das monoculturas de transgênicos no Paraguai e México.

As atividades organizadas são:

Quarta-feira 15, 13.15-15.00h: Evento Paralelo dentro do MOP3

“Responsabilidade Corporativa das Culturas Transgênicos na América Latina, Testemunhos de Vitimas dos Agronegocios.”

Segunda 20, 9-13.30h: Painéis no Foro Alternativo

“Repassando a agenda da Monsanto e suas conseqüências na América Latina. Testemunhos de Paraguai, Argentina e Mexico”. Organizado pela Rede do Observatorio dos Agronegocios por uma Agricultura Humana.

A Sra. Gatica estará disponível para entrevistas desde o dia 13 até 21 de Março.

Contato: Email: contacto@grr.org.ar, javierarulli@yahoo.com Tel: (por confirmar)

Fotos, artigos, comunicados de imprensa estão acesiveis na página do Grupo de Reflexión Rural www.grr.org.ar


Argentina conta com 17 milhões de hectáres de OGM das quais 15 milhões são soja da variedade Roundup Ready, patenteada pela Monsanto. O Grupo de Reflexión Rural declara "Desde os anos 90, o processo de Globalização impos à Argentina um modelo de país exportador, produtor de forragens transgênicas. As consequencias são: imensos territorios vazios de suas populações rurais, centenas de povoados em estado de extinção, uma Agricultura sem agricultores e dependientes de pacotes tecnológicos com grande dependencia de insumos, sementes OGMs, herbicidas da Monsantoe e caríssimas maquinarias de semeadura direta". O éxito deste modelo econômico se traduz imediatamente como maior pobreza, indigência e fome para as populações e aumento exponencial da devastação florestal e perda de (agro)biodiversidade.

O bairro Ituzaingó vem sofrendo faz anos pelas pulverizações nos campos de sojaRR que o cercam por três lados. A saúde tanto dos adultos como das crianças tem sido gravemente afetados, os agrotóxicos se encontram inclusive nos tanques de agua potável. Exames realizados em 30 crianças detetaram concentrações significativas de agrotóxicos tais como endosulfan e heptacloro. No bairro com uma população de 5000 pessoas há mais de 400 doentes de cancer e inumeraveis casos de doenças sanguíneas como leucemia, lupus e anemias hemolíticas. Sofía Gatica denúncia que quando o pulverizador aplica plaguicida “o vento leva as substancias perigosas ao bairro, onde sofremos ardor na garganta, sequia na língua, lacrimejamento e reações alérgicas”.

Devido às pressões da população, a prefeitura fez um levantamento epidemiológico em 2005, sob a responsabilidade de Edgar Schinder, membro do CONICET, Conselho Nacional de Investigações Científicas e Técnicas da Argentina. Schinder declarou em Fevereiro deste ano que os resultados demonstram que o bairro deve considerar-se inabitavel e ser evacuado. O governo de Córdoba rechazou este estudo e pretende que a solução passe através da construção de uma sala de pronto socorro em vez de restringir as monoculturas de soja transgênica.



A expansão da Soja GM está repitindo a situação do Bairro Ituzaingó em dezenas de pequenos povos rurais argentinos. A expansão das monoculturas industriais causa a desaparição dos tradicionais cinturões verdes hortícolas e pastagens que antes protegiam as zonas urbanas dos impactos da agricultura extensiva. A soja chega à primeira rua das cidades e as pulvrizações aéreas impactam impiedosamente as comunidades.

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