Por Carlos Tautz* 21/12/2005.
(...) Há, também uma outra dimensão a ser observada. Essa nova realidade climática de início de século 21 exige que o Brasil defina maneiras de lidar com as atástrofes ecológicas, que sempre atingirão com mais intensidade as pessoas pobres – e pobre, regra geral, tem a cor da pele preta. Ou seja: fazer política pública para enfrentar as mudanças no clima, possibilitando ao mesmo tempo o desenvolvimento econômico e social do país, também significa fazer justiça social e distribuir as benesses do crescimento para excluídos históricos, que precisam delas tanto mais quanto mais se modificam e agravam condições climáticas inusitadas e de gravidade crescente. É preciso, portanto, justiça ambiental.
(...) No fundo, parece que as únicas "políticas" governamentais em vigor no Brasil são a corrida atrás do prejuízo político causado pelas CPIs e a verdadeira tara por cumprir superávits fiscais crescentes. Áreas prioritárias, como a das mudanças climáticas, seguem restritas ao enésimo plano de prioridades.
A vida de verdade, entretanto, vai seguindo e as contribuições negativas do Brasil para as alterações no comportamento do clima, também. A velocidade no desmatamento nas queimadas, principal fonte brasileira produtora dos gases causadores das mudanças, só diminuiu recentemente devido à queda do preço das mercadorias agrícolas nos mercados internacionais, o que deixou de pressionar a derrubada de florestas para dar lugar a novas áreas de plantio. Medidas governamentais contribuíram muito menos para a relativa boa notícia dos índices inferiores de desmatamento - e é justamente essa impressão de que estamos aos Deus dará é que preocupa.
*Jornalista e pesquisador do Ibase
janeiro 28, 2006
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