Do Diário de Cuiabá
Se por um lado custos aumentam, do outro, saca tanto em real, quanto em dólar, registra perdas de preços
Doença chegou ao Estado na safra 02/03 e demandou investimentos de US$ 10 por hectare. Passados quatro ciclos, combate requer cifras de US$ 70 por hectare
Os custos para o combate à ferrugem asiática aumentaram em cerca de 600% em Mato Grosso, nas últimas quatro safras. Na safra 02/03 o investimento do sojicultor era de US$ 10 por hectare (ha) e no atual ciclo, são necessários US$ 70/ha. Ao mesmo tempo que contabiliza a alta para a contenção da ferrugem, o produtor mato-grossense amarga a derrocada dos preços da soja, que, no mesmo período de quatro safras, sofreu defasagem de 42% em real e de 38% em dólar.
Utilizando o mesmo período, observa-se que em março de 2003 a saca obtinha cotação média, em Primavera do Leste (239 quilômetros ao Centro Leste de Cuiabá) – região que registra forte incidência da doença - R$ 32,62. Nesta safra, durante este mês, a saca atinge preços médios de R$ 18,80, ou seja, perda de 42%, em real. Já em dólar, as perdas somam 38%. Em março de 2003 a moeda norte-americana obteve cotação média de R$ 3,44 e até a última sexta-feira, a cotação média de março de 2006 era de R$ 2,14.
“A doença surgiu na safra 02/03. Os produtores foram pegos de surpresa e o tratamento da ferrugem ficou restrito a apenas uma aplicação de fungicidas na maioria das lavouras”, conta o diretor da Associação Mato-grossense dos Produtores de Soja (Aprosoja), Ricardo Tomczyk. Levantamentos da entidade confirmam que a média de gastos naquela (02/03) safra foi de US$ 10/ha.
“Naquela época não se fazia mais do que uma aplicação, pois a ferrugem ainda não estava disseminada. Como ainda era uma novidade, muitos produtores pagaram para ver e tiveram prejuízos logo no primeiro ano”.
No ano seguinte (safra 03/04), o custo dos produtores para controlar a ferrugem em um hectare saltou para US$ 30, com incremento de 200% em apenas um ano.
Neste segundo ano da ferrugem foram feitas em média duas aplicações de fungicidas, tendo sido observada a presença da doença em praticamente todas as regiões do Estado.
Na safra 04/05 os produtores desembolsaram US$ 50/ha, com uma média de 2,5 aplicações. Em algumas regiões, como Primavera do Leste, Paranatinga e Santo Antônio do Leste, por exemplo, os sojicultores chegaram a fazer quatro aplicações para controlar a doença. Mesmo assim, obtiveram pouco resultado.
Na atual safra, os custos com a aplicação de fungicidas para combater a ferrugem atingiram o pico, US$ 70/ha.
“Nesta safra, a pressão da ferrugem foi maior”, conta o diretor da Aprosoja, lembrando que os produtores tiveram que fazer em média mais de três aplicações.
Na região da Grande Primavera do Leste – que engloba os municípios acima citados - muitos produtores chegaram a fazer até cinco aplicações para minimizar o ataque do fungo, que reduz a produtividade das lavouras.
“Este foi o pior ano para os produtores, pois a ferrugem se instalou em todas as lavouras e tivemos uma redução de 10% na produtividade”, relata Tomczyk.
Por Marcondes Maciel
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março 27, 2006
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