Em Rondônia, a desertificação pode ser constatada em diversos locais, mas a situação está pior em Pimenta Bueno, a 560 quilômetros de Porto Velho. A areia é visível em trechos onde antes havia floresta. No solo seco, agora só crescem arbustos e mato. Durante as chuvas, parte do areal nas imediações da cidade fica alagado e pode ser usado para cultivar arroz - desde que o solo seja tratado.
Alguns quilômetros ao sul, ainda em Pimenta Bueno, a situação se complica mais. Com o desmatamento, em lugares onde antes havia árvores com mais de 40 metros há agora areia e erosão. O técnico em meio ambiente Felinto Ribeiro explica que a única alternativa para combater a desertificação é parar já todas as derrubadas.
"Depois de suprimida, a vegetação nativa não volta a crescer, devido à qualidade do solo e à falta de água. Durante o inverno ainda há pasto no lugar, mas no verão tudo seca", diz.
No distrito de Urucumacuã, um areal tomou conta de diversos pontos onde a floresta foi devastada. A administradora do distrito, Terezinha da Rocha, diz que utilizando adubo e calcário para corrigir a acidez do solo é possível plantar abacaxi.
O filho da administradora, Alisson da Rocha, de 12 anos, mostrou que mandioca e abobrinha também nascem na areia. Mas a principal atividade no distrito não é a agricultura, e sim a extração de madeira, principalmente a itaúba. Outro local onde já aparece areia é em Vilhena, a cerca de 700 quilômetros de Porto Velho. Na saída da cidade, uma vegetação rala se formou em cima de um areal.
Se o desmatamento não for reduzido, alertam especialistas, em menos de dez anos essas áreas poderão constituir um verdadeiro deserto.
O alerta para a possibilidade de desertificação na Amazônia havia sido dado na década de 90, com a implantação do Plano Agropecuário e Florestal de Rondônia (Planafloro). Técnicos do programa constataram que em Rondônia há diversos pontos onde o solo é paupérrimo. Sem cobertura vegetal, em algumas áreas não crescerão árvores novamente. Análises de solo confirmaram que podem aparecer desertos também em Cujubim, a cerca de 200 quilômetros a oeste de Porto Velho, e em Nova Mamoré, a aproximadamente 280 quilômetros a noroeste da capital. A ação de madeireiras tem sido intensa nesses locais.
Nesses pontos, há uma fina camada de terra em cima de areia. A floresta se alimenta de si mesma, principalmente das folhas que caem.
TIRO NO PÉ - O superintendente do Ibama em Rondônia, Oswaldo Pitaluga, afirma que madeireiros promovem derrubadas ilegais em locais onde não deveria ser retirada nenhuma árvore, por causa do solo pobre. Outro problema causado pelo desmatamento é o assoreamento. Isso acontece porque na Amazônia há muitos lugares onde há mais água na superfície do solo do que embaixo. Quando a cobertura vegetal é retirada, a água evapora. Nos locais onde o solo é arenoso, aparecem os desertos.
"Em áreas como União Bandeirantes, distrito de Porto Velho, não serão permitidas derrubadas porque estudos do Planafloro apontam para uma área muito frágil. Apesar disso, muita madeira foi retirada daquele local", lamenta Pitaluga.
Fonte: Agencia Estado - Nilton Salina, enviado especial
março 13, 2006
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