março 22, 2006

ONU: Agricultura é maior ameaça a reservas de água & Falta de água doce também causa danos ambientais (estudo)

ONU: Agricultura é maior ameaça a reservas de água

Fracasso em proteger água doce pode 'empobrecer' o mundo . Agricultura é a maior ameaça às reservas de água doce do planeta, de acordo com um relatório das Nações Unidas divulgado nesta terça-feira.

O documento afirma que cerca de dois terços da água doce proveniente de aqüíferos e outros rios são consumidos por fazendas.

As plantações estão usando mais água à medida em que a população mundial aumenta e mais pessoas passam a adotar "a dieta dos países ocidentais", afirma um dos cientistas responsáveis pelo relatório.

O trabalho, intitulado Desafios para Águas Internacionais: Avaliação Regional em uma Perspectiva Global, sugere acabar com subsídios a pesticidas e fertilizantes e vender água a preços realistas (mais altos), como formas de reduzir não só a demanda por água, mas a poluição de fontes de água doce como rios.

E alerta para maiores problemas no futuro, se medidas de proteção não forem tomadas.

Unep

Coordenado pelo Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas (Unep), o relatório reúne 1,5 mil diferentes estudos produzidos em todo o mundo.

A não proteção das reservas de água doce vai levar à redução do volume dos rios, aumento da salinidade dos estuários, perda de plantas e animais, incluindo algumas espécies usadas para alimentação humana.

Medidas para controlar a pesca estariam funcionando em algumas partes do mundo, mas a preocupação com métodos destrutivos, como o uso de explosivos em outras regiões, especialmente a Ásia, continuam.

A pesca com explosivos pode gerar um retorno 200 vezes maior, mas a população de peixes é dizimada e tende a acabar.

Subsídios

A Unep chama atenção para a concessão de subsídios como um fator para a degradação de recursos como a água doce e também de ecossistemas marinhos.

Subsídios à pesca podem levar à distorções e subsídios à agricultura podem encorajar o uso irresponsável de pesticidas e fertilizantes.

"Há muitas mensagens importantes contidas neste estudo pioneiro," disse o diretor-executivo da Unep, Klaus Toepfer.

"Uma delas, alta e clara, é a e econômica: o nosso fracasso coletivo em avaliar os bens e serviços vindos de águas internacionais e em valorizar os benefícios com uma visão estreita, em favor de poucos, está nos empobrecendo a todos," afirmou.

O dilema que os países em desenvolvimento enfrentam é ilustrado pela contradição entre este relatório e um outro, também divulgado no Fórum Mundial da Água, no México, por outra agência da ONU.

O outro relatório, do Banco de Desenvolvimento Africano (ADB), apela para mais exploração da água como recurso natural - mais irrigação apra fazendas, mais represas para hidrelétricas, mais promoção de desenvolvimento econômico no continente.

A Unep, em contraste, chama atenção para os danos de longo prazo ao meio ambiente que podem resultar em um desenvolvimento insustentável e para os custos econômicos que vão resultar deste tipo de desenvolvimento.

(www.ecodebate.com.br) matéria da BBC Brasil 21 de março, 2006 - 19h28 GMT (16h28 Brasília)


Falta de água doce também causa danos ambientais (estudo)

PARIS, 21 mar (AFP) - Os problemas causados pelo reduzido suprimento de água doce vão muito além da sede perpétua, se estendendo para a poluição severa, a perda de espécies e até mesmo a insegurança alimentar, advertiu um estudo da ONU publicado nesta terça-feira, na véspera do Dia Mundial da Água.

"A falta de água doce provavelmente causará um aumento dos danos ambientais nos próximos 15 anos", destacou o relatório Avaliação Global das Águas Internacionais do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), baseado nos dados de 1.500 especialistas em todo o mundo.

A água potável inadequada é um problema crítico imediato para bilhões de pessoas, destacou o estudo.

Mas os cortes de água potável, causados pelo represamento maciço e pelo esgotamento das reservas hídricas estão provocando uma reação em cadeia de problemas ambientais, começando com a queda dos fluxos dos rios, o aumento da salinidade em estuários biologicamente ricos e a redução de sedimentos ao longo da costa.

O primeiro impacto destas mudanças, prevê o estudo, será uma perda séria de fauna e da flora marinhas, a redução das áreas cultivadas, danos à pesca e insegurança alimentar em 2020.

No fim desta reação em cadeia, alerta, estão o aumento da desnutrição e da fome.

O problema é agravado por mudanças no padrão do consumo alimentar humano.

"Globalmente, tem havido uma demanda aumentada por produtos agrícolas e uma tendência ao aumento de consumo de comida rica em água, como carne no lugar de vegetais, e frutas no lugar de cereais", concluiu o estudo.

A agricultura irrigada agora responde por 70% das perdas de água doce, com apenas 30% desta água voltando para o meio ambiente, demonstrou o estudo.

Comparativamente, a indústria e as residências devolvem até 90% da água que usam.

O fato de que muitos países em desenvolvimento não têm informações científicas e técnicas adequadas sobre seus recursos hídricos também é um fator agravante.

Estes países estão "operando seus recursos hídricos, bem como seus padrões de suprimento e demanda no escuro", acrescentou o estudo.

"Os lençóis freáticos respondem pela maior falta de informação, que é um obstáculo cada vez mais significativo para a gestão eficiente da água", continuou.

O estudo também apontou para "falhas de mercado" como contribuição para o problema, destacando que muitos dos fatores que levam à degradação ambiental e à poluição - inclusive o uso de pesticidas e herbicidas, água para irrigação e construção de represas - são fortemente subsidiados por governos.

No topo da lista de preocupações a médio prazo relativas à água está a poluição.

Em 2020, os impactos ambientais da poluição "têm previsão de se intensificar em três quartos" das áreas estudadas, "tornando este a maior perspectiva negativa entre as preocupações" descritas no relatório, destacou o estudo.

O documento destaca que sólidos em suspensão, sobretudo resultantes do desmatamento e da agricultura, já afetaram de forma severa arrecifes de coral e hábitats ribeirinhos no Mar Caribe, na Corrente do Brasil, nos lagos do Vale Rift leste-africano e em todas as regiões do sudeste asiático.

Também alertou contra o aumento do impacto da eutroficação, um processo que causa deficiência de oxigênio como resultado de uma riqueza excessiva em nutrientes, freqüentemente resultante de águas contaminadas por fertilizantes agrícolas, esgoto sem tratamento e poluição do ar.

(www.ecodebate.com.br) Fonte - UOL Notícias - 21/03/2006 - 18h24

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