Por Marcelo Leite em Ciência em Dia
Hoje (25/2/2006) em torno das 21h16, quando a Unidos do Peruche estiver se aquecendo para entrar no Sambódromo Adoniran Barbosa com o enredo em homenagem ao centenário do vôo de Santos Dumont com o 14-Bis, o mundo vai ganhar o seu 6.500.000.000º habitante. Não sei se a notícia vai estar em algum jornal brasileiro, mas é MUITO mais importante que os peitos da Sabrina Sato (nada contra eles, claro).
Foi graças ao blog 3quarksdaily que li a reportagem da MSNBC sobre a projeção do Birô do censo dos Estados Unidos. É CLARO que essas projeções têm uma enorme margem de erro, como assinala a matéria. Mas o que importa é em algum momento desses dias, semanas ou meses o planeta vai ultrapassar mais uma marca simbólica acachapante. Pense bem: 6,5 bilhões de pessoas.
Um outro terço disso se divide entre China e Índia. Embora a fertilidade nesses países esteja caindo vertiginosamente, em especial na China, eles ainda guardam uma grande quantidade de momento populacional, como dizem os demógrafos. Simplificando, um montão de gente entrando ainda em idade reprodutiva. Mesmo que cada casal tenha um só filho, ainda vai nascer um bocado de asiático antes que a mortalidade desequilibre a balança em favor da diminuição da população (coisa que já acontece em muitos países da Europa, Itália em destaque).
Seis bilhões e meio é muito? Não vão faltar cabeças-de-planilha ou jornalistas que gostam de épater l'écologiste para dizer que não, que o mercado vai dar um jeito (vai, mesmo, disso não resta dúvida - mas a que preço?). Não há porém tecnologia, mercado futuro ou de derivativos que dê conta da finitude dos recursos da Terra, que os mais otimistas acreditam ser capaz de sustentar somente uns 4 bilhões de pessoas. Por sua complexidade, no entanto, trata-se de um sistema com grande inércia, que demora a reagir, mas que também tarda a responder quando se trata de corrigir alguma rota - como o iceberg da mudança climática, por exemplo.
De todo modo, anote aí algumas informações bacanas do estudo:
- a cada segundo nascem 4,4 pessoas;
- foi necessária só uma dúzia de anos para que mais 1 bilhão de pessoas fosse acrescentado à população da Terra;
- às 18h36 de 18 de outubro de 2012, ano-limite para os países desenvolvidos cumprirem suas metas de redução de gases-estufa previstas no Protocolo de Kyoto, a Terra ganhará seu 7.000.000.000º humano;
- até 2050, possivelmente, a população da Terra alcançará um pico de 9 bilhões ou 10 bilhões, quando então começará a declinar.
Quem viver verá.
março 02, 2006
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário