O Ministério Público calcula que José Donizetti Pires de Oliveira tenha derrubado uma área superior a 1,8 mil campos de futebol
Carlos Mendes
BELÉM - O empresário José Donizetti Pires de Oliveira, denunciado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) como o maior predador das florestas do oeste do Pará nos últimos dez anos, foi preso neste sábado em Santarém. Pires, que é presidente da Associação de Produtores Agroindustriais de Santarém, é acusado de derrubar uma área superior a 1,8 mil campos de futebol.
O Ministério Público Federal reuniu provas documentais e imagens de vídeo contra Oliveira, e pediu, assim sua prisão preventiva. Os advogados do empresário, porém, garantem que ele não é grileiro de terras públicas nem devastador de florestas.
Ativistas do Greenpeace e agricultores da região fizeram uma manifestação há cerca de 15 dias contra a grilagem de terra e extração ilegal de madeira feitas por Pires dentro de uma área chamada de Gleba Pacoval.
A Gleba Pacoval tem cerca de 400 mil hectares e é coberta por uma floresta riquíssima em espécies vegetais e animais. Segundo Paulo Adário, coordenador do Greenpeace na Amazônia, a área integra um dos últimos grandes fragmentos florestais desta região do Pará, e está sob grande pressão de fazendeiros, madeireiros e grileiros. O desmatamento anual nos municípios de Belterra e Santarém pulou de 15 mil para 28 mil hectares entre 2002 e 2004 com a chegada da soja. Oliveira foi transferido para a Penitenciária de Cucurunã.
(www.ecodebate.com.br) Fonte - Estadão Online - 19 de março de 2006 - 17:40
Primeiro, a floresta. Depois, a faixa
Fazendeiro que destruiu 1 000 hectares de mata amazônica usa sua picape para
atropelar protesto de ambientalistas
Daniel Beltra/Reuters
A audácia e a criatividade nas manifestações em defesa do meio ambiente são características do Greenpeace. Na semana passada, um grupo de cinqüenta ativistas da organização viajou cinco horas por estradas de terra para estender sobre uma área de floresta recém-desmatada uma faixa de dimensões inusitadas: quadrada, com 50 metros de lado, ocupava uma extensão de 2.500 metros quadrados. Com os dizeres "100% crime", imitava o selo normalmente colado sobre caixas usadas para exportação. Tratou-se de um duplo protesto. O primeiro, contra o desmatamento propriamente dito. No início de janeiro, imagens de satélite revelaram uma área de 1 000 hectares, ou mais de sessenta estádios de futebol, recém-aberta na Floresta Amazônica a 120 quilômetros da cidade de Santarém, no Pará. O segundo foi contra o plantio de soja, que o Greenpeace considera inadequado à região amazônica. "Não achamos certo acabar com a Amazônia para produzir comida de vaca", diz Paulo Adário, coordenador do Greenpeace na Amazônia.
Técnicos do Ibama foram ao local desmatado e constataram outro crime ambiental: a destruição de mais de 1.000 castanheiras, árvores que chegam a atingir 60 metros de altura e cujo corte é proibido. O Ibama responsabilizou pelo desmatamento o presidente da Associação dos Produtores Agrícolas de Santarém, José Donizetti de Oliveira, e o multou em 1,5 milhão de reais. No ano passado, ele já tinha sido autuado pelo desmatamento sem autorização de 650 hectares para o cultivo de grãos na mesma região. Irritado com a manifestação do Greenpeace, Oliveira avançou com sua picape contra a faixa, até deixá-la em frangalhos. A foto aérea desse momento de fúria, publicada ao lado, foi feita pelo fotógrafo do Greenpeace. "O mais espantoso é que a área desmatada não é propriedade de Donizetti, mas da União", diz Pedro Aquino, superintendente regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). O Incra trabalha num projeto de transformação da área rica em castanheira numa reserva extrativista. Precisará se apressar, pois corre o risco de não sobrar floresta alguma em Santarém.
(www.ecodebate.com.br) Fonte - revista VEJA - Edição 1947 . 15 de março de 2006
março 20, 2006
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