A produção de sementes com genes introduzidos entre espécies distintas parece ser o grande ringue da 8a Conferência de Partes sobre a Biodiversidade (COP 8) e a 3a Reunião de Partes sobre o Protocolo de Cartagena (MOP 3) que acontece nas próximas semanas em Curitiba.
Claro que assuntos com a mesma relevância como a 'Repartição de Benefícios' e a utilização sustentável de recursos da biodiversidade serão defendidos, assim como a questão das sementes transgênicas, mas lembre-se sempre que: onde há debate entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, e principalmente entre pobres e ricos, a arena esquenta e a fera da economia ataca.
Biodiversidade e organismos geneticamente modificados não são a mesma coisa. A primeira é a vida já existente, é a vida como ela é, as espécies cruzando entres seus pares, se auto dividindo como bactérias, atravessando o hemisfério nas asas de andorinhas, soltando seus esporos pelo vento.
A biodiversidade é assim, não tem passaporte, se der para viajar ela viaja, e se ela gostar, ela fica.
Já as criaturas paridas num laboratório genético tem um criador humano. Se ninguém desconfiasse que um ser transgênico fosse no mínimo um esquisito, teríamos centenas de cientistas se arrumando para a foto como papais e mamães da recém chegada criatura. E claro, se seus inventos não tivessem um dono maior, o dinheiro que banca o laboratório.
O dinheiro não permite que papais e mamães saiam por aí contando seus segredos. E para proteger de forma global esse segredo, o dinheiro mandou o senso comum colocar clausulas de propriedade intelectual, chamadas patentes, em documentos que regem as leis de comércio entre países. Assim, se sair da dieta de engorda, o dinheiro se esconde e deixa muita gente a ver navios.
Glutão do jeito que é, o dinheiro está tentando dar na COP, uma das suas novas cantadas (talvez a última), afinal ele não cansa de comer a biodiversidade do planeta. Sabendo que suas fontes de energia podem estar se esgotando, o dinheiro está desesperadamente atrás do restante, ele agora quer comer tudo que é vivo.
E para tudo que é vivo não sair por aí sem pagar nada, o dinheiro quer porque quer regular a fornicação. Se o pé de milho não fornicar com outro pé de milho, e só fornicar quando ele engordar, aí pode. Se o pé de soja só resolver ter bebê, se ele engordar, então pode. Feliz mesmo, o dinheiro vai ficar quando tudo que for pé, braço, perna, pena, olho e membrana só fornicar, se ele engordar.
Então por enquanto, ele finge que não vê. Deixa uns ou outros fornicando suas sementes sem sua permissão, dá bronca em outras, mas no geral só berra quando não aumenta. Esperto que é, ele sabe que a biodiversidade só durou até os dias de hoje por causa disso. Foi fornicando, fornicando e fornicando... até que acaba todo mundo com um pedaço de ADN de todo mundo. E ele sabe que o dia que ele regular, a sacanagem acaba e aí essa briga de pobre e rico cessa. Todo mundo só vai fornicar, se ele deixar.
O dinheiro sabe esperar, mas não sabe fechar a boca. Se metendo na fornicação alheia, quem sabe assim ele se sacia e explode? Assim ele deixa o que sobrar, voltar a fornicar, tranqüilo, tranqüilo, igual papai e mamãe fazia no tempo que éramos amebas.
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março 13, 2006
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