fevereiro 14, 2006

A soja no futuro do biodiesel gaúcho

A inserção do Rio Grande do Sul no novo mundo do combustível auto-sustentável passa por uma das culturas mais tradicionais da região, a soja. Essa deve ser a principal contribuição gaúcha para a produção de biodiesel, cuja matéria-prima são óleos vegetais. Apesar do interesse de agricultores, a cana-de-açúcar, usada para produzir outro biocombustível - o álcool -, deve continuar sendo uma lavoura secundária no Estado.

Mesmo com as propagadas vantagens e os incentivos que o governo federal vem oferecendo a quem produzir biodiesel a partir de mamona, é a soja que deve sustentar a produção do combustível nos próximos anos. A adição de 2% de biodiesel ao diesel comum passa a ser obrigatória em 2008.

A produção de biodiesel ficou em torno de 70 milhões de litros em 2005, de acordo com estimativa da ANP - Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. A demanda do produto no mercado interno crescerá para 800 milhões de litros nos próximos dois anos. A ANP projeta que, até 2008, serão sintetizados 1,2 bilhão de litros de biodiesel no Brasil, abrindo a possibilidade de exportação de 400 milhões de litros.

Estado conta com estrutura disponível para extrair óleo - Lavoura consolidada no Brasil, a soja tem altos níveis de tecnologia e produtividade e está disponível para suprir a indústria. Nesse cenário, o Rio Grande do Sul assume papel importante. Como terceiro maior produtor do grão no país, o Estado pode ser fornecedor da indústria do biocombustível, com a vantagem de ter estrutura disponível para extrair e vender o óleo.

"Entre 18% e 20% da capacidade instalada de esmagamento está ociosa", ressalta David Chazan, coordenador executivo do Programa Gaúcho de Biodiesel, da Secretaria de Ciência e Tecnologia.

Enquanto são plantados cerca de 4 milhões de hectares de soja, a área com mamona não passa de 1,5 mil hectares no Rio Grande do Sul, informa o agrônomo da Fetag - Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado, Valdecir Zonin.

Por isso, a produção de óleo de soja deve ser direcionada para o combustível. Se faltar óleo de cozinha no mercado, os derivados de canola e de girassol supririam a necessidade de consumo até que as lavouras das outras oleaginosas ganhassem em tecnologia e escala.

Além da mamona, o girassol e a canola são ótimas matérias-primas para o biodiesel. Rendem cerca de 50% de óleo, enquanto a soja rende 20%. Contudo, para se aproveitar todo o potencial das plantas, é preciso variedades adaptadas ao clima e ao solo gaúchos. Também é necessária a definição do calendário com as melhores datas de plantio para a cultura (zoneamento agrícola) - pré-requisito para que o produto tenha crédito bancário.

Coordenador do programa de bioenergia da Emater, o agrônomo Alencar Paulo Rugeri observa que a mamona tem ainda a vantagem de ser resistente à falta de água, o que anima quem teve prejuízo nas últimas 10 safras por causa da seca. (Power.inf.br/ CarbonoBrasil)

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