dezembro 28, 2007
Os direitos sobre os créditos de carbono
28/12/2007 para Valor
O Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa) foi instituído com a finalidade de aumentar a participação da energia elétrica produzida por empreendimentos concebidos com base em fontes eólicas, pequenas centrais hidrelétricas e biomassa no sistema interligado nacional. O programa foi criado pelo artigo 3° da Lei n° 10.438, de 26 de abril de 2002, e consistiu na aquisição, pela Eletrobrás, de energia produzida a partir das fontes alternativas de geração, tais como as eólicas e as pequenas centrais hidrelétricas e biomassa, a ser feita em duas etapas. A primeira visou à implantação de 3.300 megawatts de capacidade, para início de funcionamento até 30 de dezembro de 2008, com garantia de compra da energia produzida pelo prazo de 20 anos, a ser distribuída igualmente por cada fonte participante. A segunda etapa previu o aumento da energia produzida a partir das mesmas fontes até atingir 10% do consumo anual de energia no país, a ser alcançado em até 20 anos.
A legislação instituidora do Proinfa não estabeleceu como condição de adesão ao programa a obrigação dos produtores transferirem à Eletrobrás o proveito econômico resultante do mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL), vale dizer, os créditos de carbono provindos de seus empreendimentos. Pelo contrário, além de ter silenciado em relação às aquisições de energia feitas na primeira etapa, com respeito à segunda etapa do programa, ainda não implementada, limitou-se o artigo 4°, inciso II, alínea "e" da Lei nº 10.438 a mencionar que os produtores iriam apresentar à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) um certificado de energia renovável (CER) "para fiscalização e controle das metas anuais". Isto quer dizer que o legislador, quando da edição da lei, estava atento à existência do direito originado na geração de energia limpa pelos empreendimentos alternativos, e ainda assim não estabeleceu, como condição de adesão ao programa, a sua transferência em favor da Eletrobrás.
Não obstante, em 30 de março de 2004 foi editado o Decreto n° 5.025, que, a pretexto de regulamentar a primeira etapa do Proinfa, dispôs, em seu artigo 11, inciso V, que os contratos de compra de energia a serem firmados com a Eletrobrás deveriam conter "cláusula de redução do preço contratado na hipótese de o produtor vir a ser beneficiado com novos incentivos às tecnologias consideradas no Proinfa". Na mesma linha, o artigo 16° do mesmo decreto incluiu entre as receitas da "conta Proinfa", a ser administrada pela Eletrobrás, "eventuais benefícios financeiros provenientes do MDL".
Depois, em 31 de agosto de 2006, foi editado o Decreto nº 5.882, que pretendeu ratificar a apropriação, pela Eletrobrás, dos créditos de carbono de titularidade dos empreendimentos geradores de energia limpa no âmbito do Proinfa, antes feita pelo Decreto nº 5.025, adicionando que cumpriria a Eletrobrás "desenvolver, direta ou indiretamente, os processos de preparação e validação dos documentos de concepção de projeto (DCP), registro, monitoramento e certificação das reduções de emissões, além da comercialização dos créditos de carbono obtidos no Proinfa".
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Somente uma lei poderia impor a obrigação de transferir à Eletrobrás o direito sobre benefícios de crédito de carbono
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No entanto, é evidente que as mencionadas previsões regulamentares carecem de legitimidade, pois somente uma lei em sentido formal, assim entendida aquela emanada do Poder Legislativo, poderia impor aos empreendimentos geradores de energia limpa a obrigação de transferir à Eletrobrás o direito de propriedade sobre os benefícios do MDL ou créditos de carbono à luz do princípio da legalidade inscrito no artigo 5°, inciso II da Constituição Federal. Não poderiam fazê-lo, a toda evidência, os Decretos nº 5.025 e 5.886, sob pretexto de regulamentar a lei, uma vez que estariam invadindo a competência legislativa conferida pelo artigo 2, inciso II da Constituição Federal, incorrendo, assim, no campo da ilegalidade.
É pacífico que o artigo 84, inciso IV da Constituição Federal conferiu ao presidente da República competência para expedir decretos e regulamentos apenas e somente para a fiel execução das leis. Sendo assim, em nosso sistema legal é vedado ao chefe do Poder Executivo, por meio do regulamento, estabelecer, alterar ou extinguir direitos. Neste sentido, ensina Celso Antônio Bandeira de Mello que "onde se estabelecem, alteram ou extinguem direitos, não há regulamentos - há abuso do poder regulamentar, invasão da competência legislativa".
Diante disto, carece de suporte legal a pretensão inserida nos referidos Decretos nº 5.025 e 5.882 de transferir a titularidade dos benefícios oriundos do mecanismo de desenvolvimento limpo ou créditos de carbono dos empreendimentos produtores à Eletrobrás no âmbito do programa Proinfa.
Waldemar Deccache é advogado, sócio do escritório Deccache Advogados e procurador do Estado do Rio de Janeiro
Este artigo reflete as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico. O jornal não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações
dezembro 21, 2007
Para alguns, luta pelo clima se trata de sobrevivência
*Tradução:* George El Khouri Andolfato
Do site do International Herald Tribune
Elisabeth Rosenthal
De certa forma, os heróis anônimos das duas semanas da conferência da ONU sobre o aquecimento global em Bali, encerrada no último fim de semana, foram os representantes dos países em desenvolvimento, particularmente aqueles das pequenas ilhas-Estado, que se tornaram os defensores mais fortes da busca para limitação do aquecimento.
Notadamente, foi o representante de Papua Nova Guiné que afastou a principal negociadora americana, Paula Dobriansky, na última sessão no plenário, quando ela ameaçou bloquear um acordo que poderia levar a um novo tratado para o clima.
"Se por algum motivo você não está disposta a liderar, deixe isso por nossa conta", disse o representante, Kevin Conrad. "Por favor, saia do caminho."
De fato, a Aliança dos Pequenos Estados Insulares, ou Aosis, criticou a meta da ONU de limitar o aumento da temperatura a 2ºC, a chamando de "insuficientemente ambiciosa". Durante o ano de negociações que antecedeu a divulgação no mês passado do relatório síntese do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), cientistas e políticos dos países em
desenvolvimento "exerciam um papel muito mais ativo" do que antes, disse Rajendra Pachauri da Índia, o presidente do painel. Eles freqüentemente argumentavam que a ciência fosse declarada nos termos mais absolutos, sem diluição da linguagem, disseram observadores.
Por quê? Imagine o que o aquecimento global representa para países como as Maldivas, Papua Nova Guiné e Granada e você entenderá rapidamente: a mudança climática é uma questão de vida ou morte para eles.
"Mesmo um aumento de 2ºC em comparação aos níveis pré-industriais traria conseqüências devastadoras para os pequenos Estados insulares", disse Maumoon Abdul Gayoom, presidente das Maldivas, aos representantes em Bali.
Primeiro, tais Estados insulares são lugares de baixa altitude cujas cidades freqüentemente são portos. Suas áreas mais populosas -em alguns casos todo seu território- correm o risco de serem engolidas pelo mar.
"Nós já estamos comprometidos com um aumento do nível dos mares em 0,4 a 1,4 metro mesmo se as emissões foram estabilizadas hoje", me disse Pachauri na divulgação do relatório de seu painel. "Isto é muito para alguns lugares."
Um aumento do nível dos mares de 50 centímetros poderia levar ao desaparecimento de 60% das praias de algumas áreas de Granada, segundo um relatório da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima divulgado neste ano. Para as Maldivas, uma elevação de um metro dos mares representaria o desaparecimento completo do país. Outros países em atóis,
como Kiribati, Ilhas Marshall e Tuvalu também correm o risco de serem engolidos pelo mar, já que seus territórios raramente atingem mais de dois metros acima do nível do mar.
Mesmo se não forem completamente inundados, eles provavelmente se tornarão inabitáveis porque suas reservas de água doce interiores serão contaminadas por ondas causadas por tempestade e infiltração da água marinha.
Segundo, muitos Estados insulares são pequenos e pobres, de forma que possuem pouca capacidade de se adaptarem à mudança climática, seja física ou financeiramente.
"Nós temos que fazer tudo o que pudermos agora, porque não queremos que nossos recifes e nossa ilha desapareçam", disse Banuve Kaumaitotoya, ministro do Turismo e Meio Ambiente de Fiji.
Terceiro, os pequenos Estados insulares estão altamente à mercê dos grandes países no jogo climático, já que as emissões que os afogarão vêm de longe.
"Os pequenos Estados insulares contribuem pouco para a concentração de gases do efeito estufa na atmosfera, mas são afetados direta e negativamente pelos impactos da mudança climática", disse o relatório da Aosis. "Os maiores emissores históricos devem agora atuar de forma agressiva para facilitar a redução das emissões globais."
Na conferência em Bali, Gayoom, o presidente das Maldivas, disse que metade da ilha das Maldivas está sofrendo erosão "em um ritmo alarmante". Os recifes de coral que antes protegiam as ilhas estão morrendo devido ao aquecimento, resultando em um aumento de enchentes após tempestades, colocando muitas pessoas "em grave risco".
Com os efeitos do aquecimento global já agudos, tudo o que esses pequenos países podem fazer é participar das conferências e fazer barulho, na esperança de que a comunidade internacional os ouça. Como notou Gayoom, eles não dispõem de dinheiro e nem de tecnologia para se adaptarem. Eles não contam com meios diretos de forçar os Estados Unidos ou a China a reduzirem suas emissões.
E o mundo está ouvindo? Será que os países desenvolvidos estão dispostos a transferir dinheiro e tecnologia para estes pequenos Estados insulares para protegê-los da elevação dos mares, como o Plano de Ação de Bali pediu que considerassem? Mais importante, eles trabalharão para reduzir rapidamente suas emissões, mesmo sendo capazes de se adaptarem a um aquecimento de 2ºC?
Ou agirão como minha filha, que, quando lhe falei pela primeira vez sobre aquecimento global e elevação do nível dos mares há alguns anos, respondeu: "Não é um problema para nós, já que moramos no 15º andar".
dezembro 18, 2007
Petição por Dom Cappio
Assine em:
Exmo. Senhor Ministro da Integração Nacional – Geddel Vieira Filho
Desde 27 de novembro de 2007, Dom Luiz Cappio, bispo da Diocese de Barra (Bahia), retomou seu jejum e suas orações para tentar sensibilizar a sociedade brasileira e o Governo Federal sobre os graves problemas que a transposição do rio São Francisco pode levar ao rio, aos povos que vivem dele e ao Nordeste.
Em carta enviada ao presidente, Dom Luiz lembra que Lula não cumpriu o acordo assumido em outubro de 2005. Na ocasião, Dom Luiz suspendeu um jejum de onze dias, após o presidente ter se comprometido a suspender o processo da transposição e iniciar um amplo diálogo sobre o projeto com a sociedade.
A transposição do rio São Francisco não levará água para 12 milhões de nordestinos empobrecidos. Ao contrário, ela ajudará as empresas que realizam as obras e projetos com produção voltada para a exportação, enriquecendo ainda mais alguns ricos.
Para atender à população do semi-árido, há alternativas melhores e mais baratas, por exemplo: as 530 obras sugeridas pela Agência Nacional de Águas (ANA) e que abasteceriam os 1,3 mil municípios da região a um custo de R$ 3,6 bilhões (quase metade dos R$ 6,6 bilhões da transposição); e o projeto Um Milhão de Cisternas.
Por isso, as pessoas, entidades e organizações abaixo-assinadas pedem que sejam suspensas as obras da transposição, que vem sendo realizadas pelo Exército Brasileiro. Pedem que seja ouvido o grito dos povos do São Francisco presente no jejum de Dom Luiz Cappio.
Sincerely,
From Oil Wars to Water Wars
The world's leading scientists are predicting climate change to cause water wars and mass migrations from rural to urban areas.
The Nobel Peace Prize was awarded this week, in Oslo, Norway. Al Gore shared the prize with the United Nations' Intergovernmental Panel on Climate Change, which represents more than 2,500 scientists from 130 countries. The solemn ceremony took place as the United States is blocking meaningful progress at the U.N. Climate Change Conference in Bali, Indonesia, and the Republicans in the U.S. Senate have derailed the energy bill passed by the House of Representatives, which would have accelerated the adoption of renewable energy sources at the expense of big-oil and coal corporations.
Gore set the stage: "So, today, we dumped another 70 million tons of global-warming pollution into the thin shell of atmosphere surrounding our planet, as if it were an open sewer. And tomorrow, we will dump a slightly larger amount, with the cumulative concentrations now trapping more and more heat from the sun.
"As a result, the Earth has a fever. And the fever is rising. The experts have told us it is not a passing affliction that will heal by itself. We asked for a second opinion. And a third. And a fourth. And the consistent conclusion, restated with increasing alarm, is that something basic is wrong. We are what is wrong, and we must make it right."
He went on: "Last Sept. 21, as the Northern Hemisphere tilted away from the sun, scientists reported with unprecedented distress that the north polar ice cap is 'falling off a cliff.' One study estimated that it could be completely gone during summer in less than 22 years. Another new study, to be presented by U.S. Navy researchers later this week, warns it could happen in as little as seven years. Seven years from now."
How will climate-change skeptics explain that one? (Already, big business is celebrating the break up of the polar ice cap, as a northern sea route from the Atlantic to the Pacific is opening, creating a cheaper route for more needless shipping.) It is hard to imagine the north pole, the storied, frozen expanse of ice and snow, completely gone in just a few years. Lost as well will be the vast store of archeological data trapped in the ice: thousands of years of the Earth's climate history are told in the layers of ice that descend for miles there. Scientists are just now learning how to read and interpret the history. The great meltdown will surely have catastrophic effects on the ecosystem in the north, with species like the polar bear already edging toward extinction.
Rajendra Pachauri, an Indian scientist, accepted for the IPCC. He is a careful scientist with the political finesse to chair the work of the IPCC despite the enduring antagonism of the United States. He pointed to the disproportionate effect of climate change on the world's poor:
"[T]he impacts of climate change on some of the poorest and the most vulnerable communities in the world could prove extremely unsettling ... in terms of: access to clean water, access to sufficient food, stable health conditions, ecosystem resources, security of settlements."
Pachauri predicts water wars and mass migrations. "Migration, usually temporary and often from rural to urban areas, is a common response to calamities such as floods and famines."
Gore invoked the memory of Mohandas Gandhi, saying he "awakened the largest democracy on earth and forged a shared resolve with what he called 'Satyagraha' -- or 'truth force.' In every land, the truth -- once known -- has the power to set us free." Satyagraha, as Gandhi practiced it, is the disciplined application of nonviolent resistance, which is exactly what Ted Glick is doing back in Washington, D.C.
Glick heads up the Climate Emergency Council. On his 99th day of a liquids-only fast, the day after the Nobel ceremony, he joined with 20 people in the office of Senate Minority Leader Mitch McConnell for a sit-in. The Senate Republicans are now blocking a federal energy bill that would create funding for the development of renewable energy sources in the U.S., while stripping away billions of dollars worth of tax breaks for big oil and coal.
Glick told me: "We have to be willing to go to jail. Al Gore, himself, a couple of months ago talked about how young people need to be sitting in in front of the coal plants to prevent coal plants from being built. That's true. Young people need to be doing that. Middle-age people need to be doing that. Older people need to be doing that. And Al Gore needs to be doing that. Let's get serious about this crisis."
While Glick was sitting in, news reports began to circulate about Republican presidential candidate Rudolph Giuliani's law firm's lobbying activities against the energy bill. According to Bloomberg news, Bracewell & Giuliani LLP was hired by energy giant Southern Co. to defeat the bill. At a $1,000-a-plate fundraiser last August, addressing members of the coal industry, Giuliani said, "We have to increase our reliance on coal."
As Giuliani's coffers get fat with money from big oil, gas and coal, Glick has lost more than 40 pounds, and the Earth's temperature continues to rise.
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Amy Goodman is the host of the nationally syndicated radio news program, Democracy Now!
Proteger os pobres é proteger o planeta
Nova Délhi, 17 de dezembro (Terramérica) - As reclamações internacionais por igualdade na hora de reduzir a contaminação relacionada com a mudança climática devem derivar da igualdade local e nacional. Os pobres da Indonésia não são responsáveis pelos gases causadores do efeito estufa emitidos pela indústria da palma usada para produzir óleo. O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) divulgou, em novembro, seu informe Lutando contra a Mudança Climática: Solidariedade Humana em um Mundo Dividido.
O documento divulgado pouco antes da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, na Indonésia, prescreve redução de 50% das emissões de gases que provocam o efeito estufa, causadores do aquecimento global, em relação às de 1990, até 2050. Para isso, pede-se que os países desenvolvidos reduzam suas emissões em 80% até essa data, com reduções entre 20% e 30% antes de 2020. Para os principais países emissores do mundo em desenvolvimento – Brasil, China e Índia – o Pnud não recomenda cortes obrigatórios até 2020, mas reduções de 20% a partir desse ano até meados do século.
Montek Singh Ahluwalia, um fundamentalista do mercado que arroja a eqüidade ao vento quando forja suas políticas neoliberais e que é vice-presidente da Comissão de Planejamento da Índia, rechaçou o informe do Pnud em nome da igualdade. Toda estratégia de redução baseada apenas nas emissões globais de gases e que não distinga entre países com maiores e menores emissões por pessoa é errônea e vai contra os princípios da igualdade, disse.
Seria útil para os cidadãos indianos, especialmente os pobres, que quem encabeça a Comissão de Planejamento fizesse seu trabalho, precisamente, com base na igualdade, em lugar de fazê-la sobre o lucro empresarial.
Seria útil que apoiasse um acesso igual por pessoa a água potável, em lugar de apoiar as privatizações de água, que apoiasse um acesso igual ao sustento para os vendedores ambulantes e os pequenos comerciantes, em lugar de promover as vendas no varejo das corporações.
Seria útil que protegesse os pequenos agricultores, em lugar de estimular as grandes empresas agropecuárias, ou que defendesse o acesso eqüitativo aos alimentos, em lugar de permitir que dois terços das crianças da Índia sejam desnutridas por promover a especulação da indústria alimentícia.
Esta é uma igualdade esquizofrênica: os globalizadores corporativos destroem a igualdade para concentrar a riqueza e os recursos em mãos de uma minoria, enquanto querem que os pobres, aos quais despojaram de seus meios de vida e de suas terras, compartilhem a responsabilidade por uma contaminação que não provocaram. Seria equivocado, por exemplo, contar os gases causadores do efeito estufa provocados pela queima de florestas na parte da Ilha de Bornéu pertencente à Indonésia como uma contribuição às emissões de todos os cidadãos indonésios, incluindo os camponeses e indígenas expulsos de suas terras para transformá-las em plantações de palma dedicada à produção de óleo.
A solução não é distribuir a responsabilidde do total de emissões entre toda a população da Indonésia, mas conseguir que os responsáveis deixem de contaminar. O informe da organização Greenpeace Cozinhando o Clima identifica os contaminadores, estabelece a porcentagem que lhes cabe na contaminação e os passos a seguir para deter o processo que está levando à mudança climática.
A multinacional Cargill está por trás da produção de óleo de palma em todas as frentes. Procter & Gamble, Kraft e Nestlé, bem como Unilever, promovem o desmatamento por meio do uso do óleo de palma em seus produtos. Os principais fornecedores de matéria-prima são Sinar Mas, com 1,65 milhão de hectares de plantações de palma e uma exportação de 400 mil toneladas de óleo, e ADM-Kuok-Wilmar, com 493 mil hectares plantados e vendas ao exterior de um milhão de toneladas de óleo.
As pessoas comuns da Indonésia não são culpadas pela queima de florestas e que contribui com 11% das emissões de gases que provocam o efeito estufa do país, mas sim as grandes corporações. Quando a fonte da contaminação é conhecida, a igualdade exige que o responsável pague. A igualdade não se traduz em transferir a responsabilidade para quem não contamina. É preciso rever o conceito de igualdade e restaurar a integridade. Igualdade com integridade implica tanto honestidade quanto coerência.
Primeiro, a igualdade deverá prevalecer nas políticas e nas ações econômicas e não se converter em desculpa dos criadores da desigualdade econômica para evitar suas culpas sociais, econômicas e ecológicas. Em segundo lugar, a eqüidade em nível global deverá derivar da eqüidade local e nacional. Aqueles que despojam os pobres em seu próprio país e fraturam a sociedade não têm direito moral de invocar a igualdade em assuntos globais para continuar vivendo às custas dos pobres e do planeta. O que proteger os pobres protege o planeta. As leis da igualdade e as leis da ecologia são coerentes.
* A autora é escritora, ambientalista e defensora dos direitos da mulher. Direitos reservados IPS.
Crédito de imagem: Fabricio Vanden Broeck
Artigo produzido para o Terramérica, projeto de comunicação dos Programas das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e para o Desenvolvimento (Pnud), realizado pela Inter Press Service (IPS) e distribuído pela Agência Envolverde.
(Envolverde/Terramérica)
dezembro 17, 2007
Asian countries face water crisis
Date: 29/11/2007 Author:news
The twin affects of climate change and rapid industrialisation has left developing countries in Asia facing an “unprecedented” water crisis.
A report from the Asian Development Bank has warned that water resources in countries such as Bangladesh, Cambodia and Vietnam cannot cope with the population growth after years of mismanagement.
Climate change was likely to increase the risk of droughts and floods, which a poorly managed water industry would be unable to cope with.
In addition, continued urbanisation was seen as a particular problem, according to the report, as developing countries in the region continue to fall behind in the collection, treatment and safe disposal of wastewater.
The report’s author, Professor Asit Biswas said government leaders in the region needed to take decisive action to protect their nations’ water resources.
“There is now enough knowledge, technology and expertise available in Asia to solve all its existing and future water problems. If some Asian DMCs face a water crisis in the future, it will not be because of physical scarcity of water, but because of inadequate or inappropriate water governance,” said Professor Biswas.
dezembro 12, 2007
We Are What We Eat
The following is an excerpt from Manifestos on the Future of Food and Seed edited by Vandana Shiva (South End, 2007).
I am not a scientist, journalist, or other specialist. I sell food. I help run a family-owned and operated neighborhood market and café that buys and sells predominantly local, clean, and sustainable food. I cannot speak about the reality of our food supply around most of the world. I can only can speak of what is happening in the first world, where, unfortunately, only the privileged elite can choose to put real food on their dinner tables.
Lately it seems every mass media newspaper or magazine, from the New York Times to Rolling Stone, has an article digging into the true filth that most food in the U.S. really is. Some people are actually questioning mass produced and monoculture organic food. Even Time magazine proclaimed "Local Is the New Organic" on its cover. Everywhere I turn people tell me that there is a new wind in the U.S.; that people are now concerned about eating local, clean, and sustainable food. From my vantage point in the market, behind the counter, I just don't see it. Yes, in Massachusetts there are more farms today than in the last 20 or so years, but fewer total acres than ever recorded. Farmers markets are becoming popular or perhaps trendy. Chain supermarkets are "listening to their customers" and capitalizing on cheap "organic" food. But the chain-supermarket owners are some of the same people who screwed up our food supply in the first place. How can we trust them?
Outdoor food markets are a mainstay in most cultures in the world and were once a given in our culture. Now most people go there to shop for the luxury food treats (locally grown food) and get their staples at the supermarket. I think that because of the Depression (when there was no money to spend on food) and World War II (when there was rationing and everyone was focused on the war effort) Americans lost their taste-buds. Along came the mass-produced foods of the 1950s at cheap prices. Supermarkets were a "progressive" thing, as suburban living was progressive. Rural culture and production was frowned upon as old-fashioned and primitive. Food from all over the world suddenly became available and at prices lower than local food.
Protecting America's foreign interest, the beginning of what we now call globalization, became a new form of colonialism. Foreign resources, raw materials as well as labor, were now easily exploitable by the nation's new superpower status. As the economy grew, money filtered down to the managerial and to some of the working class and was coupled with an influx of cheap products made cheaply and available to most classes of the U.S. Consumerism took off. Our food changed as well, especially with faster transport and technologies trickery to extend the shelf life of food. Seasonal produce became available year round; exotic food (such as bananas and oranges in Boston) became readily available and affordable. Everything was cheaper, the shopping was more convenient, and exotic foods became staples in our diet. Small and local farms shut down or were forced into monoculture farming. A disconnect sprouted between our diets and our food sources. An orange, once a special and rare treat, became an everyday commodity.
Supermarkets are part of mainstream America's identity. Working-class people have little choice but to shop at conventional supermarkets. Middle-class people can shop at places like Whole Foods and appease their consciences with the notion that that food is safer and tastier than conventional supermarket food. And those of the flat earth society -- middle- and upper-class people who do not believe that their climate is changing, that a global market is a bad thing, or that our food systems are in trouble -- favor the conventional supermarket. However, both conventional and progressive supermarkets operate on the same model: mass-produced foods, made cheaply, and sold at cheap prices.
Supermarkets sell commodities. They buy mass-produced food from big business. This model of efficiency, which mirrored the production of things like automobiles and VCRs, is what created the mess our food supply is in. Efficient ordering and deliveries, no seasonal variety of stock, little to no blemishes (whether natural or from human error), significant quantities -- enough to keep all those shelves constantly filled with whatever the customer might want. I describe this model as "I want what I want when I want it," and it goes against everything about food that is local, clean, and sustainable. It cannot be done at a mass level. [...]
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dezembro 10, 2007
Rio estuda instalar lixão industrial próximo a ribeirão que abastece 8 milhões de pessoas na Região Metropolitana
O governo do Estado do Rio iniciou o processo de licenciamento para a instalação de um depósito de lixo industrial e químico a 5 km do ribeirão das Lajes, que forma o rio Guandu, fonte de abastecimento de água para 8 milhões de pessoas na região metropolitana do Rio.
Caso a licença venha a ser concedida, resíduos do depósito poderão alcançar o lençol freático e os cursos d"água da região, chegando ao ribeirão, o que ameaçaria o sistema de abastecimento do Guandu, acusam ambientalistas que tiveram acesso ao projeto.
Em fevereiro deste ano, a Feema (Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente), vinculada à Secretaria do Ambiente do Estado, determinou à empresa Essencis Soluções Ambientais, autora do projeto, a elaboração de um EIA (Estudo de Impacto Ambiental) e de um Rima (Relatório de Impacto Ambiental).
A preparação do EIA-Rima é a primeira parte do processo burocrático para o licenciamento. Caso as informações prestadas pela empresa no documento sejam consideradas satisfatórias pela Feema, a tendência é a de que o depósito tenha a instalação aprovada.
Mesmo ainda sem a licença, a empresa já começou a realizar obras no terreno, situado na área rural do município de Paracambi (a 75 km do Rio), na vizinhança do Depósito Central de Munição do Exército. O solo já passou por uma primeira terraplanagem. Na margem da estrada que liga a via Dutra (Rio-São Paulo) ao centro da cidade, o terreno já está todo cercado.
Para o presidente da Associação dos Engenheiros Agrônomos do Estado do Rio, Felipe Brasil, há risco grave de a água do sistema Guandu ser contaminada. "A área é baixa e contribui para a drenagem da área. Sem dúvida, os resíduos líquidos vazarão para o lençol freático, atingindo o rio em seguida." Brasil disse que, como Paracambi tem vocação rural, sem indústrias importantes, a lista de clientes do depósito deverá ser formada por grandes empresas da região metropolitana e de Estados vizinhos, como São Paulo e Minas. "É injusto que a população de Paracambi enfrente problemas graves causados por um lixo que não foi ela que produziu."
O caso já levou a Comissão de Defesa do Meio Ambiente da Assembléia Legislativa a realizar uma audiência pública para discutir a instalação do que os ambientalistas chamam de "lixão tóxico" nas proximidades da APA (Área de Proteção Ambiental) do Guandu.
Para o gestor ambiental Sérgio Ricardo de Lima, ex-membro do Comitê de Bacia do Rio Guandu, "há risco real ao abastecimento público da região metropolitana e da capital". "É uma irresponsabilidade os órgãos ambientais do Estado cogitarem essa hipótese. Considero um ato de "racismo" ambiental. Os governantes e as grandes empresas poluidoras escolhem municípios pobres, de organização social frágil, condenando-as a serem vistas eternamente como um grande cemitério de lixo químico."
No pedido de licenciamento, a Essencis diz ter a intenção de construir em Paracambi "uma central de tratamento de resíduos industriais", da qual farão parte um aterro, uma estação de tratamento de efluentes líquidos e um galpão de estocagem de rejeitos.
Empresa diz que o aterro não poluirá o rio. O diretor da Essencis Soluções Ambientais no Rio, Elson Rodrigues, disse que o depósito de lixo industrial planejado para Paracambi não atingirá o rio Guandu. Segundo ele, o depósito será " estanque" e "pequeno". "O aterro de Gramacho [em Duque de Caxias] recebe 8.000 toneladas de lixo por dia. O de Paracambi receberá 300 toneladas diárias, se tanto. E estaremos muito longe de todos os rios. Mais de 5 km em vôo de passarinho. É tecnicamente impossível o resíduo chegar até lá."
Segundo o executivo, a Essencis se propõe a instalar "um depósito de resíduos sólidos com toda proteção técnica". Entretanto, falou que entende a reação à proposta. "As pessoas atacam esse tipo de investimento, mas ele é necessário. Eu trato o resíduo. Quem o produz são as empresas." Segundo ele, a empresa está na "primeiríssima" etapa do projeto.
O secretário do Ambiente do Estado do Rio, Carlos Minc, confirmou que foi autorizado o início do processo de licenciamento do projeto. Mas que a licença só sairá caso haja a aprovação do estudo de impacto ambiental, ainda não apresentado. (ST).
dezembro 03, 2007
Os países ricos começaram a emitir gás-estufa no século 19
O Brasil pode implantar medidas mensuráveis de controle das emissões de gases-estufa num próximo regime de combate às mudanças climáticas, a partir de 2013 - mas não metas de corte das emissões, que predispõem cobranças internacionais, como acontece hoje com os países industrializados. A proposta será apresentada na 13ª Conferência do Clima (COP-13), que começa amanhã em Bali, na Indonésia, de acordo com o embaixador Everton Vargas, subsecretário de Política do Itamaraty. Ele será o negociador principal da delegação brasileira na reunião até que o corpo ministerial chegue, na segunda semana do encontro.
O Brasil pode aceitar metas de redução de suas emissões?
Em primeiro lugar, quem tem de tomar a liderança são os países desenvolvidos do Anexo 1. É uma questão de responsabilidade histórica. Eles já começaram a emitir no século 19. Outros países, como Brasil, Índia e México, só passaram a se industrializar na década de 1950. Também é preciso levar em conta uma noção de eqüidade: o que é mais nocivo para a humanidade? O emprego de derivados de combustíveis fósseis para levar eletricidade ou para alimentar um padrão de consumo extremamente alto? Os SUV (automóveis utilitários-esportivos, populares nos EUA), por exemplo, emitem 55% mais gases do efeito estufa do que os sedãs normais.
O que o País vai defender em Bali?
O Brasil vai para Bali com a proposta de que os países desenvolvidos façam mais. Não estamos na defensiva; temos, pelo contrário, uma posição proativa - aliás, como o Brasil sempre teve nesse assunto. O País já fez a proposta de criar incentivos para a redução derivada do combate ao desmatamento. Na reunião, não vamos negociar conteúdo, mas o processo que será levado até 2009 - quando então deve ser fechado um acordo sobre um regime pós-2012. Além disso, o texto da convenção de mudanças climáticas possibilita aos países em desenvolvimento que façam mais, como programas nacionais com medidas de mitigação. O Brasil já está trabalhando para estabelecer uma política do clima. Ela deve também ter capacidade de ser mensurável e verificável.
O programa nacional pode estabelecer uma meta interna de controle de emissões de gases-estufa?
Pode, se puder ser verificável e se o País tiver condição de cumpri-la.
É por isso que o Brasil é reticente em aceitar metas internacionais?
Sim. Nós, os países em desenvolvimento, enfrentamos um desafio duplo: precisamos aumentar a geração de energia, porém sem emitir tantos gases do efeito estufa. O Brasil está em posição privilegiada porque produz uma boa parcela de energia limpa. A questão aqui é o desmatamento, que representa 75% das emissões brasileiras - mas não é a principal fonte mundial de emissão. Para países como a China e a Índia - que dependem muito do carvão - terem medidas verificáveis, eles precisam da garantia de acesso a recursos financeiros para conseguir tecnologias que emitam menos. É preciso esforço internacional para que a indústria deles não perca competitividade.
O Brasil irá se manter alinhado ao G-77 neste assunto?
Somos um dos fundadores do grupo, então tudo em que se consiga uma posição consensual no G-77 vamos seguir. Se ela não houver, então o Brasil pode ser protagonista na busca de apoio de outros países, inclusive os do Anexo 1. A posição da União Européia, por exemplo, é a de que esses países (em desenvolvimento) não tenham metas. Mas espera que a gente se engaje de forma mais substantiva.
Como o País pode se engajar mais?
A responsabilidade comum, porém diferenciada, é o pilar para o futuro do regime do clima. Estamos dispostos a aumentar nossa contribuição para a mitigação de gases-estufa. Podemos trabalhar com políticas mensuráveis, que sejam reportadas ao secretariado da Convenção-Quadro (de Mudanças Climáticas). Agora, precisamos também de transferência de tecnologia e da abertura de mercados. É o que acontece no caso dos biocombustíveis: se EUA e União Européia estão tão interessados em fazer algo pelo clima, por que não tomam essa medida que irá onerar menos seus cofres do que lidar com as mudanças climáticas?
O que o País espera da conferência?
Precisamos montar um mapa do caminho. Primeiro, queremos salvaguardar o sistema jurídico. Segundo, que a decisão seja universal, sob a égide das Nações Unidas, pois não existe órgão mais legítimo do que esse. Terceiro, devemos trabalhar com as evidências científicas, os dados do IPCC. A proposta de 2°C, por exemplo, como patamar seguro não é consensual. Para as ilhas insulares, um aumento de 2°C na temperatura média ameaça que sejam submersas.
Quem é: Everton Vargas
Diplomata de carreira. Autor de vários artigos sobre meio ambiente e desenvolvimento sustentável. Foi diretor-geral do Departamento de Meio Ambiente e Temas Especiais do Ministério das Relações Exteriores e chefe da Divisão de Ciência e Tecnologia, entre outros cargos. Doutor em Sociologia pela Universidade de Brasília (UnB)
novembro 30, 2007
SOS SEROPÉDICA
Precisamos do apoio de vocês. Por favor divulguem.
A população da cidade de Seropédica encontra-se revoltada contra uma decisão arbitrária da Câmara de Vereadores Municipal. Sete vereadores (maioria de um total de 10) aprovaram em uma única sessão, sem levar a discussão às entidades da Sociedade Civil Organizada, a instalação de um Aterro Sanitário prevendo o recebimento de lixo industrial, urbano e hospitalar, além de outros resíduos, na área da cidade. Uma das principais áreas previstas para instalação do Aterro encontra-se na região onde, em seu subsolo, está o AQUÍFERO PIRANEMA. A presença deste aquífero é de primordial importânica como reservatório de água para o país, especialmente para as populações do entorno e região metropolitana do Rio de Janeiro para o futuro. A proteção deste aquífero impediu a vinda do Polo Industrial para a cidade e agora eles aprovam a vinda de um imenso aterro sanitário a ser instalado com investimento privado. A outra área é uma Área de Proteção Ambiental que teve seus limites redefinidos para permitir a possível instalação do Aterro ou
parte dele.
O interesse é da Empresa S/A Paulista que teve várias reuniões secretas com os vereadores e os "convenceu" a encaminhar tal projeto. Este projeto já havia sido encaminhado pelo Prefeito Municipal mas diante da manifestação contrária do Conselho da Cidade de Seropédica, cuja presidência é exercida por mim, foi retirado. O Conselho da Cidade de Seropédica reuniu-se com técnicos da Universidade Rural do Rio de Janeiro e vários vereadores, promovendo uma ampla discussão sobre o assunto. Desta reunião saiu um documento desaprovando os projetos e solicitando ao Prefeito a retirada em definitivo destes projetos da Câmara.
Em ato de extrema covardia, os vereadores solicitaram os tais projetos ao Prefeito e os encaminharam em nome da Mesa Diretora. O projeto foi votado e analisado pelas Comissões de Justiça, Meio Ambiente e demais Comissões em uma *única sesssão!!!* _Este fato é ilegal e inédito_, pois inclusive contraria as regras da tramitação de projetos na casa legislativa. Foi planejado "com o intuito de" impedir a mobilização popular e a discussão diante da sociedade sobre o interesse mesmo a viabilidade técnica do projeto. Este ato foi uma afronta ao povo de Seropédica, que ao se manifestar contrário na Sessão da Câmara nesta segunda-feira, foi
recebido com a Polícia Militar, fortemente armada dentro da sala das Sessões, chamada pelo Presidente da Câmara, Vereador Mauro de Brito, que impediu o povo de se manifestar, apesar da sala estar lotada de pessoas protestanto, mais de duzentas pessoas, apenas a Presidente do Conselho pode falar demonstrando a indignação do Conselho com o desrespeito com que está
sendo tratado.
Este conselho foi aprovado em Lei Municipal e tem poderes deliberativos e consultivos em diversas questões e Planejamento Urbano e Meio Ambiente e não foi ouvido nem seu parecer considerado pelos vereadores que sucumbem ao poder econômico em detrimento da vontade popular.
O Aterrro prevê o recebimento de lixo industrial e urbano da cidade do Rio de Janeiro, Itaguaí e mais 4 outras cidades da região metropolitana, em áreas de proteção ambiental e outra com com riscos ao Aquífero Piranema, prejudicando o futuro da água que poderia abastecer estas mesmas cidades!!!
Agradecemos a ampla divulgação de nossa mobilização! Pela manutenção do Estado Democrático e respeito a Sociedade Civil Organizada!
Engª Agronoma Rosângela Straliotto.
Presidente do Conselho da Cidade de Seropédica
Pesquisadora III - Embrapa Agrobiologia - Chefe Adjunta de Administração
Doutora em Ciência do Solo
Telefone para contato: (21) 9965-2424
Isabel Vasconcelos: (21) 9260-6949 2667-1058
novembro 25, 2007
novembro 06, 2007
New ‘Disaster’ Movie Warns World of Oil Apocalypse
The latest gloves-off documentary to hit screens predicts a global meltdown as vital fuel runs out
by Robin McKie
Oil is ‘the bloodstain of the earth’s economy’ and will soon trigger a global conflict that will cost millions of lives. That is the stark claim of a controversial new film, which says a crash in oil production is about to set off worldwide recession and economic collapse.
A Crude Awakening: The Oil Crash, which opens in UK cinemas this week, shows stark images of rusting Texan and Venezuelan wells and fuel riots in Asia and Africa. Such scenes will be repeated thousands of times around the planet in the near future, argue the film’s makers, who say the world is facing changes ‘more frightening than a horror movie’.
The film is the latest of several polemical documentaries to achieve nationwide release. Others include Al Gore’s An Inconvenient Truth, Michael Moore’s Sicko, and the forthcoming Darfur Now, in which Don Cheadle provides a voice-over about the Sudanese civil war.
However, A Crude Awakening has had a boost not available to the rest. Just as its screenings were scheduled to begin here, crude oil prices soared to their highest level for decades, reaching $96 a barrel last week. Petrol and diesel at more than £1 a litre at UK garages is now common.
‘This is a bleak and very worrying topic, but we have tried very hard to make it entertaining and exciting,’ said Basil Gelpke, who - with Ray McCormack - wrote, directed and produced the film.
And to judge by film festival screenings, they may have succeeded. A Crude Awakening has won prizes at the Zurich and Palm Beach festivals. It is a dramatic depiction of the arguments of economists and geologists who say that the day of ‘peak oil’ has either occurred or is imminent. Peak oil is defined as the time when the world produces its maximum output of oil and enters a period when prices start to soar as demand rises - thanks in part to the industrialisation of China and India - while supplies dwindle.
The US Energy Information Administration said recently it believed production had peaked last year. Others say it has not yet occurred but is imminent, a point backed by geologist Professor Stuart Haszeldine, of Edinburgh University. ‘If we have not reached peak oil already, then I am sure it will be upon us within the next two years.’
In the North Sea, oil production has been declining for years, America reached its maximum output decades ago, and in other parts of the world stocks of easily accessible oil are slowly being used up. ‘We have reached the peak of oil production, the question is: how steep is the slope downwards on the other side,’ said Matt Simmons, author of Twilight in the Desert: The Coming Saudi Oil Shock and the World Economy
Oil companies say that there are still major reserves to be exploited. In particular, Arctic and Antarctic fields - which are being freed of ice and snow as the world heats up - are being sized up for their reserve potential.
In Burma, protests over rising fuel prices led to a crackdown by the country’s military authorities while in China, where there have been critical fuel shortages recently, one man was shot for trying to jump a petrol queue. Such events are destined to become the norm across the planet, it is argued.
As prices soar and production falters, the world will hurtle into a future of pitched battles over dwindling oil supplies. ‘It is not just the threat to transport, ‘ added David Strahan, author of The Last Oil Shock. ‘All across Asia, particularly in India and Bangladesh, farmers use diesel generators to pump water in and out of their fields. If oil prices soar, they will not be able to afford to irrigate their crops. The result could be starvation and food riots.’
In addition, crude oil is a basic necessity in the manufacture of materials such as asphalt and plastic. The construction of a desktop computer consumes 10 times its weight in fossil fuels, for example. Without cheap oil, such products will no longer be affordable.
It is an alarming scenario, although a note of caution was sounded by John Loughhead, director of the UK Energy Research Centre. ‘It is true that we may very soon run out of oil from accessible sources, but there are many other types of fuel that we could exploit,’ he said.
At present, energy companies exploit a field only if they think they can get oil out of the ground at a cost of less than $18 a barrel. This is a very conservative estimate, given current prices. At present oil is being sold at over $90 a barrel. ‘If, in future, companies use a more realistic figure of $40 a barrel instead of $18, that would make many, many more reserves suddenly become economical - the oil tar fields of Alaska, deep water reservoirs, and others,’ Loughhead said.
‘The trouble is that it is very difficult to estimate future oil prices. Ten years ago they stood at around $10 a barrel. Now they are almost 10 times that. Certainly, I doubt oil will be cheaper than $40 a barrel again, so that means many more fields which once seemed uneconomical will become better bets for exploitation.’
Loughhead said oil was just a small part of the range of hydrocarbons found in the ground. ‘It is becoming easier and easier to turn substances like coal and gas into liquid form and use that as a substitute for oil, so fuels based on hydrocarbons will still be with us in some form for a few decades yet,’ he said.
Fuel figures
· The United States has 2 per cent of the world’s oil reserves and consumes 25 per cent of its annual production.
· 98 per cent of all energy used for road, rail, ocean and aviation transport is provided by oil products.
· A barrel of oil is 42 US gallons, or 34.97 British gallons or 159 litres.
· It is thought there are between 1,000 and 2,000 billion barrels of oil left in the planet’s reserves. The world produces 75,000 barrels a day.
· It would take a man working for 25,000 hours to generate the same amount of energy that is stored in one barrelful of oil.
© 2007 The Guardian
outubro 31, 2007
Sensores suspensos do aquecimento
Por Thiago Romero
Agência FAPESP – Estudos publicados em revistas científicas internacionais sugerem que plantas epífitas, que não enraizam no solo e se fixam em outras árvores para receber mais luz solar, são especialmente vulneráveis às variações de temperatura e, por isso, poderiam ser utilizadas como importantes indicadores biológicos do aquecimento global.
O potencial foi reforçado por Gerhard Zotz, responsável pelo Laboratório de Ecologia Funcional da Universidade de Oldenburg, na Alemanha, durante a palestra magistral “Flora epífitica e mudanças climáticas globais”, realizada no 58º Congresso Nacional de Botânica, terça-feira (30/10), em São Paulo.
O epifitismo ocorre principalmente em florestas tropicais em que a competição por luz e espaço não permite que prosperem sobre o solo algumas espécies, que acabam germinando sobre as árvores. As raízes superficiais das plantas epífitas se espalham pelo tronco e galhos para absorver a matéria orgânica em decomposição.
“Alguns trabalhos sinalizam que, se a fisiologia das epífitas for afetada, esse talvez seja o primeiro passo para que o resto da floresta sofra as consequências das mudanças climáticas”, disse Zotz.
“As epífitas não só recebem uma carga de radiação solar maior como também ficam mais longe do solo, onde estão nutrientes e água. Mesmo assim, pesquisas recentes destacaram que elas são extremamente sensíveis a umidade e a eventos como a seca”, explicou.
Segundo ele, enquanto as árvores são responsáveis por cerca de 90% da biomassa das florestas tropicais, as epífitas a elas associadas representam aproximadamente 10% do total de plantas vasculares (com raiz, caule e folhas) presentes na biodiversidade mundial. “Por isso, as epífitas afetam diretamente a dinâmica das florestas tropicais no que diz respeito à absorção de nutrientes e à manutenção dos ciclos hidrológicos”, disse.
O professor chamou a atenção para a potencial contribuição das plantas epífitas em um sistema de monitoramento de florestas nos países tropicais, de modo que informações sobre o comportamento das epífitas frente às variações climáticas seja colocado em perspectiva nos próximos anos.
“Precisamos analisar com mais profundidade a criação de um sistema de alerta ao aquecimento global, principalmente em regiões montanhosas, nas quais as epífitas têm forte impacto sobre o ecossistema. Isso porque a biomassa das epífitas pode ser tão grande que a biomassa das próprias árvores”, disse à Agência FAPESP.
Zotz ressaltou a importância de que mais trabalhos sobre os teores de biomassa nas epífitas e sua contribuição para a medição do aquecimento sejam realizados. “Pesquisadores que já desenvolvem estudos sobre monitoramento climático a longo prazo precisam publicar seus resultados para que a comunidade científica mundial possa ter um melhor entendimento sobre esse assunto”, disse.
outubro 24, 2007
OMS alerta sobre perigo de contato de crianças com produtos químicos
Por Letícia Camargo, da Rádio ONU
A Organização Mundial da Saúde, OMS, lançou um relatório, em Genebra, na Suíça, sobre o perigo de crianças estarem expostas a produtos químicos em diferentes etapas da vida. Segundo a OMS, mais de 30% das doenças que afetam as crianças estão relacionadas a fatores ligados ao meio ambiente.
“O estudo analisou todas as fases de desenvolvimento desde o embrião até o final da adolescência. Segundo o documento, a exposição da criança a fatores de risco, condições biológicas, socio-econômicas e nutricionais, é determinante no crescimento.
De acordo com especialistas, os menores não devem ser tratados como pequenos adultos porque seus corpos respondem, de forma diferente, dependendo do estágio de crescimento.
Dentre as ameaças mais sérias à saúde infantil estão a contaminação da água e do ar e pesticidas em comidas. A situação pode ser agravada com a falta de higiene, saneamento e água potável em casa”.
Segundo a OMS, uma em cada cinco crianças, que vivem nas áreas mais pobres do mundo, morrem antes do quinto aniversário devido a precárias condições de saúde.
Ouça esta notícia em http://webcast.un.org/radio/portuguese/mp3/2007/0707273.mp3
http://www.un.org/av/radio/portuguese/index.asp
Envolverde/Rádio ONU
outubro 23, 2007
Lugar do milho não é no tanque de gasolina, diz jornal americano
A produção de etanol a partir do milho, como ocorre em larga escala nos Estados Unidos, não é uma solução para o aquecimento global nem uma maneira de reduzir a dependência do petróleo, afirma editorial publicado nesta terça-feira pelo diário americano The Christian Science Monitor.
“Hoje, metade da gasolina vendida nos Estados Unidos contém um pouco de etanol. Mas os problemas da produção em massa desse tipo de etanol estão começando a pipocar”, diz o jornal.
O editorial cita um estudo publicado neste mês que avalia que o aumento projetado no uso do milho para produzir etanol pode provocar danos consideráveis ao suprimento e à qualidade da água.
“O avanço das plantações de milho para regiões mais secas pode secar os reservatórios e competir com outras necessidades de água como a para geração de energia hidroelétrica e para o
habitat dos peixes”, diz o texto.
“O uso pesado de nitrogênio necessário para fertilizar as plantações de milho podem prejudicar a qualidade da água subterrânea, dos rios e das águas costeiras, gerando ‘zonas mortas’”, afirma o jornal.
Preços em alta
Segundo o editorial, o estudo, do Conselho Nacional de Pesquisas, concluiu que uma única refinaria de etanol de milho que produz 100 milhões de galões do combustível por ano, usa uma quantidade de água suficiente para suprir uma cidade de 5 mil habitantes.
Outro problema apontado pelo jornal é o impacto da produção do etanol de milho sobre os preços dos alimentos.
“Os preços já estão subindo, e os fazendeiros americanos estão plantando a maior safra de milho desde 1944”, diz o editorial.
“Isso pode ser suficiente agora para suprir tanto as necessidades de alimentos quanto de combustível, mas o que acontecerá conforme mais terras sejam destinadas à produção de etanol? Quais outros cultivos não deixarão de ser plantados para dar lugar ao milho, colocando também pressão sobre os preços?”, questiona o diário.
Apesar disso, o jornal afirma que isso não significa deixar de lado o uso do etanol e defende pesquisas sobre o uso de celulose para produzir etanol ou sobre uma variedade de milho tropical que reduz a necessidade do uso de fertilizantes.
O editorial defende ainda o fim das tarifas de importação do etanol brasileiro, produzido a partir da cana-de-açúcar. “Os estudos mostram que tanto o etanol de cana-de-açúcar quanto o de celulose têm um retorno de várias unidades de energia para cada unidade empregada em sua produção. O milho gera apenas 1,5 unidade”, argumenta o jornal.
“O etanol ainda pode se provar uma maneira importante de diversificar as fontes de energia. Mas tirar o milho das cumbucas de cereal para colocá-los nos tanques de gasolina não é a resposta”, conclui o editorial.
Terra sem humanos
Entrevista com ALAN WEISMAN* para SciAm
INTRODUÇÃO
É uma fantasia comum imaginar que você é a última pessoa viva na Terra. Mas e se todos os seres humanos fossem varridos de repente do planeta? Tal premissa é o ponto de partida de The world without us (O mundo sem nós), nova obra do autor de livros científicos Alan Weisman, professor associado de jornalismo da University of Arizona. Nesse longo exercício de pensamento, Weisman não especifica exatamente o que elimina o Homo sapiens, em vez disso ele simplesmente assume o desaparecimento repentino de nossa espécie e projeta a seqüência de eventos que provavelmente ocorreria nos anos, décadas e séculos a seguir.
Segundo Weisman, uma grande parte de nossa infra-estrutura física começaria a ruir quase que imediatamente. Sem equipes para a manutenção das ruas, nossos grandes bulevares e rodovias começariam a rachar e a ficar abaulados em questão de meses. Nas décadas seguintes, muitas casas e edifícios comerciais ruiriam, mas alguns itens comuns resistiriam à degradação por um tempo extraordinariamente longo. Panelas de aço inoxidável, por exemplo, poderiam durar milênios, especialmente se ficassem enterradas nos sítios pré-históricos cobertos por ervas daninhas em que nossas cozinhas se transformariam. E certos plásticos comuns permaneceriam intactos por centenas de milhares de anos, não se decompondo até que micróbios evoluíssem para adquirir a capacidade de consumi-los.
O editor da SCIENTIFIC AMERICAN Steve Mirsky entrevistou Weisman recentemente para descobrir por que ele escreveu o livro e que lições podem ser tiradas de sua pesquisa. Veja trechos da entrevista nas páginas seguintes.
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*Alan Weisman é autor de cinco livros, incluindo The world without us (St. Martin’s Press, 2007). Seu trabalho já apareceu na Harpers, New York Times Magazine, Los Angeles Times Magazine, Discover, Atlantic Monthly, Condé Nast Traveler, Orion e Mother Jones. Weisman tem um programa na National Public Radio e na Public Radio International e é produtor sênior da Homelands Productions, organização jornalística que produz séries independentes de documentários para a rádio pública. Ele leciona jornalismo internacional na University of Arizona.
setembro 05, 2007
Especial Reporter Brasil: O avanço da cana-de-açúcar
O lado azedo da cana A cana atravessa um novo ciclo. As exportações de açúcar e o consumo interno enchem de esperanças os grandes usineiros. Por outro lado, as condições de trabalho degradante a que são submetidos os cortadores de cana ainda preocupam sindicalistas e movimentos sociais
O Engenho ResisteNo Brasil, a história da cana-de-açúcar confunde-se com a do país. Da fundação dos primeiros vilarejos até o desenvolvimento das tecnologias de ponta, a exploração da cana criou em torno de si relações que determinaram muito do que somos hoje. Mas enquanto a casa-grande evoluiu, a senzala se manteve.
Mesma Vida SeverinaAtravés do sertão, agreste e zona da mata de Pernambuco, refez-se os passos de Severino, protagonista de Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto. Comparou-se a realidade para se constatar que pouco mudou nos últimos 45 anos.
NOTÍCIAS
Risco do etanol está associado ao modelo de produçãoSustentabilidade vai muito além da escolha do combustível que queima nos motores dos automóveis. Principal desafio está na mudança da estrutura de produção da cana-de-açúcar pautada apenas no lucro que concentra renda
"Conselhão" analisará situação dos trabalhadores na canaConselho de Desenvolvimento Econômico e Social aprovou proposta feita pela CUT de criar um grupo de trabalho para analisar a situação dos trabalhadores envolvidos na produção de bioenergia
Cana pode prejudicar meio ambiente e produção de alimentosAntônio Thomaz Júnior, da Unesp, questiona argumentos apresentados pelo presidente Lula e diz que novas lavouras destinadas à produção de álcool podem ameaçar biomas importantes, como a Amazônia e o Pantanal
Via Campesina ocupa usina de cana em protesto contra capital estrangeiroEm manifestação pacífica, 800 mulheres ocuparam a maior usina produtora de cana para álcool do país, localizada na região de Ribeirão Preto (SP). No ano passado, 63% das ações da Cevasa foram compradas pela Cargill
Número de usinas deve aumentar 30% em cinco anosDemanda por álcool combustível nos mercados interno e externo é o grande incentivo. A cana avança rumo a Goiás, leste do Mato Grosso do Sul e Triângulo Mineiro, mas situação dos cortadores ainda mancha imagem das usinas
Sindicalistas e organizações camponesas discutem avanço da canaSeminário realizado em São Paulo reuniu militantes de movimentos sociais de seis países para debater os impactos ambientais e trabalhistas que o crescente interesse pelos biocombustíveis pode gerar na América Latina
Apesar do sucesso da cana, trabalhador continua na mesmaO açúcar e o álcool combustível estão valorizados no mercado internacional, o que aumenta a procura pela cana brasileira. Porém, condições que levaram 13 pessoas à morte por excesso de trabalho não devem mudar tão cedo
Ministério Público quer acabar com remuneração por produçãoDepois da morte de 13 cortadores de cana, possivelmente por excesso de trabalho, órgão quer que usinas discutam nova forma de remuneração. Trabalhadores temem que medida resulte em redução de renda
Guariba, 1984: o ano que não quer acabarMudou pouco a vida dos cortadores de cana que trabalham no interior de São Paulo desde que estourou grande revolta de 1984. Enquanto se recupera de um acidente, o maranhense Francisco Silva da Conceição sonha em voltar ao trabalho, que lhe dá R$ 2,50 por tonelada cortada
GRANDES REPORTAGENS
O lado azedo da cana A cana atravessa um novo ciclo. As exportações de açúcar e o consumo interno enchem de esperanças os grandes usineiros. Por outro lado, as condições de trabalho degradante a que são submetidos os cortadores de cana ainda preocupam sindicalistas e movimentos sociais
O Engenho ResisteNo Brasil, a história da cana-de-açúcar confunde-se com a do país. Da fundação dos primeiros vilarejos até o desenvolvimento das tecnologias de ponta, a exploração da cana criou em torno de si relações que determinaram muito do que somos hoje. Mas enquanto a casa-grande evoluiu, a senzala se manteve.
Mesma Vida SeverinaAtravés do sertão, agreste e zona da mata de Pernambuco, refez-se os passos de Severino, protagonista de Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto. Comparou-se a realidade para se constatar que pouco mudou nos últimos 45 anos.
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Número de usinas deve aumentar 30% em cinco anosDemanda por álcool combustível nos mercados interno e externo é o grande incentivo. A cana avança rumo a Goiás, leste do Mato Grosso do Sul e Triângulo Mineiro, mas situação dos cortadores ainda mancha imagem das usinas
Sindicalistas e organizações camponesas discutem avanço da canaSeminário realizado em São Paulo reuniu militantes de movimentos sociais de seis países para debater os impactos ambientais e trabalhistas que o crescente interesse pelos biocombustíveis pode gerar na América Latina
Apesar do sucesso da cana, trabalhador continua na mesmaO açúcar e o álcool combustível estão valorizados no mercado internacional, o que aumenta a procura pela cana brasileira. Porém, condições que levaram 13 pessoas à morte por excesso de trabalho não devem mudar tão cedo
Ministério Público quer acabar com remuneração por produçãoDepois da morte de 13 cortadores de cana, possivelmente por excesso de trabalho, órgão quer que usinas discutam nova forma de remuneração. Trabalhadores temem que medida resulte em redução de renda
Guariba, 1984: o ano que não quer acabarMudou pouco a vida dos cortadores de cana que trabalham no interior de São Paulo desde que estourou grande revolta de 1984. Enquanto se recupera de um acidente, o maranhense Francisco Silva da Conceição sonha em voltar ao trabalho, que lhe dá R$ 2,50 por tonelada cortada
The Great Plastic Plague
It turns out 'paper or plastic' is a life or death question for our environment.
They're ubiquitous. They accompany us home each time we shop. They swirl about our oceans, they cling to our trees, they drift down our city sidewalks, they adorn metal fences, they're consumed by animals.
They are an urban tumbleweed, a flag of the consumer era.
Each year across the world some 500 billion plastic bags are used, and only a tiny fraction of them are recycled. Most of them will have a short lifetime with a consumer -- they'll be used for the few minutes it takes to get from the store to home and then they're thrown away.
But what does "away" really mean? Plastic shopping bags can last up to a thousand years in a landfill. In the environment, they break down into tiny, toxic particles that become part of the soil and water. Fortunately, some communities in America have started taking serious action.
Stephanie Barger has seen what washes up on the shores of Southern California. The executive director of Earth Resource Foundation, Barger has helped clean up the sands of Orange County and has helped educate people about the effects of a society that embraces disposability.
For every bag, there's a cost. Environment California reports that plastic bags, and other plastic refuse that end up in the ocean, kill up to one million sea creatures every year, such as birds, whales, seals, sea turtles, and others. And the number of marine mammals that die each year because of eating or being entanglement in plastic is estimated at 100,000 in the North Pacific Ocean alone.
The Algalita Marine Research Foundation learned that "broken, degraded plastic pieces outweigh surface zooplankton in the central North Pacific by a factor of 6-1. That means six pounds of plastic for every single pound of zooplankton." Which means, when birds and sea animals or looking for food -- more often, they are finding plastic.
Our history with plastic bags is short but significant. The Film and Bag Federation, an industry group, reports that plastic sandwich bags were unveiled in 1957 and quickly became a part of our routine, with department stores adopting plastic shopping bags in the late '70s and supermarkets employing them by the early '80s.
Although bags are given out free these days, they are not without their costs. Retailers in the United States spend $4 billion a year on plastic bags, which gets passed on to customers as higher prices.
A global problem
According to Vincent Coob, founder of reusablebags.com, about 500 billion to 1 trillion plastic bags are used worldwide every year and are causing a global epidemic. The enormous demand for plastic bags ties into the surging global demand for oil -- plastic bags are made from ethylene, a petroleum byproduct. In the United States alone, an estimated 12 million barrels of oil is used annually to make plastic bags that Americans consume.
"Eliminating the use of disposable plastic bags is about more than just the environment," said Barger, "it is about health, sustainability, economics and focusing on what kind of quality of life we want."
A growing list of communities and countries are beginning to rethink their dependence on plastic bags. Already a complete or partial ban on the bags has been approved in Australia, South Africa, parts of India, China, Italy, Bangladesh and Taiwan.
Africa has seen an increasing problem with bags as Environmental News Network reports, "South Africa was once producing 7 billion bags a year; Somaliland residents became so used to them they renamed them "flowers of Hargeisa" after their capital; and Kenya not so long ago churned out about 4,000 tons of polythene bags a month."
In Asia, the bags were banned in 2002 in Bangladesh after they were considered to be major factors in blocking sewers and drains and contributing to the severe flooding that devastated the country in 1988 and 1998.
Taking a different route, in 2002, Ireland imposed a 15-cent tax on bags, which led to a rapid 90 percent reduction in use. Ireland uses the tax to help fund other environmental initiatives. Bags are also taxed in Sweden and Germany, and are set to be banned outright in Paris this year.
In the United States, Californians Against Waste estimate that Americans consume 84 billion plastic bags annually. The United States has been slow out of the gate in addressing the growing problem with plastic, but recently momentum has started for positive change.
Currently 30 rural Alaskan villages and towns have banned plastic bags. And in March the city of San Francisco became the first major municipality to ban the use of plastic bags, and nearby Oakland has followed suit, but not without controversy and litigation from industry groups.
agosto 27, 2007
Grilagem e desmatamento
por Roberto Smeraldi para SciAmerican
O governo anuncia planos antidesmatamento para a Amazônia, mas a derrubada de árvores aumenta. Uma explicação é que falta foco no que mais influencia o problema. A grilagem de terras se confirmou, em 2004, fator primordial, abrindo novas fronteiras antes mesmo da chegada de atividades econômicas. Há duas ações concretas e complementares, ao alcance do governo e de grande impacto, a se realizar.
A primeira seria reverter os estímulos à grilagem gerados pela perspectiva de valorização da terra, principalmente graças ao anúncio de obras de infra-estrutura que atraem fluxos invasores. Tais obras demoram para iniciar ou até não acontecem, mas seu anúncio é suficiente para gerar especulação. Os dados de 2004 são claros. Os principais aumentos do desmatamento - Jacareacanga, PA, com mais 688%, assim como as vizinhas Itaituba e Novo Progresso - refletem diretamente o anúncio, em 2003, do asfaltamento do trecho paraense da BR-163: mesmo sem ter asfaltado um só quilômetro até hoje, o chamado foi suficiente para atingir os picos na taxa de desmatamento.
O governo não retirou do plano plurianual (PPA) obras que provocam expectativa de ocupação de terras públicas, principalmente na Amazônia sul-ocidental, a partir de Rondônia: o asfaltamento da BR-319 (Manaus-Porto Velho) e BR-210 (Humaitá-Lábrea), o gasoduto Urucu-Porto Velho, as usinas e hidrovia do Alto Madeira. No caso da BR-319, chegou-se ao paradoxo de destinar verbas orçamentárias, em 2005, para uma obra inviável e ilegal.
Os fluxos de grilagem oriundos de Rondônia foram responsáveis pelo recorde absoluto de desmatamento, em Aripuanã-MT-, com 1.041 km2, um aumento de 47%. Os mesmos fluxos levaram, pela primeira vez, um município do Amazonas à lista dos dez mais desmatados: Lábrea registrou aumento de 87%. Dentro de Rondônia, associados ao avanço da estrada federal ilegal BR-421 provocaram o quarto maior aumento no Brasil, em Buritis (mais 188%).
Também Altamira, PA, registra um forte desmatamento (quinto em absoluto, com 682 km2) em função do efeito BR-163 (que atinge parte de seu território), além dos anúncios de asfaltamento da Transamazônica e de construção da Hidrelétrica de Belo Monte. Todos os anúncios reforçaram a indústria de grilagem na região.
agosto 26, 2007
O dilema do ser humano
O filme mostra o primeiro contato dessas pessoas com a cultura dos "brancos" e o processo de interferência causado por nós ao tentarmos olhar culturas alheias sob nossas perspectivas. Há o registro da inocência e do medo de seus personagens no primeiro encontro, em contraste à situação de arrependimento de hoje. A história termina com depoimentos de pessoas enclausuradas em suas esperanças de retornar à terra de suas origens e que agora são utilizadas para pasto.
E em meio à exibição dos filmes, pessoas de grande importância na disseminação da linguagem ambiental vieram expor suas posições frente aos nossos dilemas atuais. Leonardo Boff, André Trigueiro e Marcos Sá Correa foram perfeitos e complementares em suas conclusões e limitações como seres humanos que tentam "fazer a sua parte" abrindo o debate ambiental a todas às culturas e populações desse Brasil. Iniciativas como o FICA, assim como os novos meios de comunicação desenvolvidos pelas novas ferramentas tecnológicas servem, especialmente, à disseminação do debate ambiental.
Concluímos que não é preciso anos de academia, ou a leitura de milhares de títulos, para chegarmos a simples conclusão do tamanho do problema que enfrentamos, assim como a falta de perspectivas vergonhosamente empurrada às futuras gerações. "Qual o futuro para a humanidade?", "Temos jeito?" foram questionamentos colocados a todos os participantes pela platéia.
Como resposta, todos os palestrantes foram uníssonos ao apontar o consumo como a grande origem desse desequilíbrio catastrófico. Pois é o consumo e, a forma como consumimos, que geram esse modelo de produção que vem literalmente consumido todos os recursos da Terra até sua exaustão.
Contexto, personagem e roteiro
Identificadas os papéis do drama ambiental planetário, a platéia volta para casa sabendo que algo tem de ser feito e que de alguma maneira vamos ter que "fazer a nossa parte". É extremamente desconfortante voltar para casa sem tentar pensar numa idéia, sem questionar uma solução antes que nossas vidas tornem-se desesperançosas. Uma idéia torna-se uma esperança e, uma ação, um alívio. E foi assim que decidi não comer mais carne alguns punhados de anos atrás, como uma atitude que me trouxesse algum alívio. Mas jamais imaginei a tamanha dor de cabeça que declarar-se vegetariano pode causar. Convido todos a experimentar, declare-se vegetariando, mesmo que de brincadeira.
Digo que é desconfortante, não como o desconforto anterior de sentir-se perdendo a estrada por onde seguir, mas é o desconforto de tornar-se um espelho nítido; colocando na frente de todos a resposta para perguntas que ninguém ousa fazer.
Até quando deixaremos oculto, velado, trancado e maquiado nosso maior "bem" de consumo, aquele nosso maior "produto" que para ser "fabricado" utiliza quantos planetas forem necessários a saciar uma fome sem fim? E ainda quais as forças culturais que nos levam a esconder de nós mesmos tamanha verdade? Você conhece a violência gerada num prato de comida? Abaixo uma indicação de livro para quem não entendeu "patavinas" dessa história.
Por Clarissa Taguchi, decidida a encarar-se vegana (uma consumidora vegetariana ética) há quase uma semana.
O Dilema do Onívoro de Michael Pollan, Editora Intrínseca, 2006
A insensatez do agronegócio é objeto deste livro fascinante, que faz sucesso crescente à medida que os leitores descobrem a importância de saber como se estrutura a indústria dos alimentos que chegam diariamente às suas mesas
Por Luiz Prado para Planeta Sustentável
Nos EUA, são necessárias duas calorias de fertilizantes sintetizados a partir do petróleo para produzir uma caloria de milho. E como o gado bovino é alimentado com milho, quase um barril de petróleo é consumido para cada animal abatido. Os excedentes da produção de milho estão na origem tanto da abundância quanto da obesidade. Os subsídios governamentais são generosos, o alimento industrializado tem preços baixos, mas dão origem aos altos índices de obesidade que custam algo em torno de 90 bilhões de dólares por ano em despesas médicas. Ou esses excedentes atravessam a fronteira do México, onde liquidam com os pequenos produtores.
Toda uma complexa cadeia de interesses gira em torno da produção de milho, impedindo que cessem os subsídios. A insensatez do agronegócio é objeto de um fascinante livro intitulado "O Dilema do Onívoro", que faz sucesso crescente à medida que os leitores descobrem a importância de saber como se estrutura a indústria dos alimentos que chegam diariamente às suas mesas. O livro de Michael Pollan certamente é um importante alerta para um Brasil que se pretende transformar numa Arábia Saudita dos biocombustíveis.
O livro começa pela descrição da gigantesca monocultura de milho no estado de Iowa e volta até a origem da alta produtividade, com raízes na produção de sementes híbridas na década de 30, permitindo a mecanização da lavoura e dando início a um processo que rapidamente transformará os agricultores em reféns - mais do que em beneficiários - da agroindústria. Ao final da segunda guerra mundial, quando os Estados Unidos detinham imensos estoques de nitrato de amônia para a fabricação de explosivos, a solução encontrada foi o uso intensivo de fertilizantes. Também a indústria de pesticidas se estrutura com base nos estoques de produtos químicos destinados à fabricação de gases venenosos para uso militar.
Os excedentes da produção de milho precisam encontrar mercados e logo começam a ser utilizado na alimentação de animais, mesmo dos ruminantes, cujo sistema digestivo não é adaptado ao consumo de cereais.
Seguindo em busca da cadeia produtiva da agroindústria, Pollan viaja até Garden City, no estado de Kansas, e descreve a criação de gado bovino confinado, alimentado com milho, antibióticos e outros medicamentos, suplementos alimentares e estrogênio, gordura liquefeita e uréia sintetizada a partir do gás natural. Trinta e sete mil cabeças numa instalação que na linguagem da agroindústria norte-americana é conhecida como Operação Concentrada de Alimentação Animal (CAFO - Concentrated Animal Feeding Operation).
"Essa instalação se parece como uma cidade pré-moderna, sem espaço, imunda e mal-cheirosa, com o esgoto a céu aberto, ruas sem pavimentação e o ar tornado visível pela poeira. (...) A concentração de animais em meio à falta de higiene sempre foi uma receita para doenças. A única razão pela qual não ocorrem epidemias como nas cidades humanas medievais é o uso intensivo de antibióticos. (...) Essa alimentação da à carne a textura e o sabor que os consumidores norte-americanos passaram a gostar. No entanto, essa carne é menos saudável para nós, já que contem teor mais elevado de gorduras saturadas e menos ômega-3 do que as carnes do bovino alimentado no pasto. (...) Na medida em que se avança na compreensão desse sistema de produção, torna-se inevitável questionar se o que parece racional não é também uma loucura total".
Depois, o autor disseca o processamento dos alimentos consumidos nos EUA. Pode-se dizer que o cereal matinal é o protótipo desse modelo: a indústria transforma 4 centavos de dólar de milho comprado como commodity em 4 dólares de alimentos processados, com novas formas e sabores, vendidos em embalagens que atraem o olhar do consumidor, tudo com o apoio de grandes campanhas publicitárias. Para cada caloria de alimento assim processado são necessárias 10 calorias de combustível fóssil.
"Na General Mills eu ouvi, pela primeira vez, a expressão sistema alimentar. Essa expressão é mais atrativa e indicadora da alta tecnologia do que a palavra comida. E evita as conotações negativas de sua antecessora, alimento processado industrialmente. Os especialistas do setor falam, também, em proteína vegetal texturizada e em nutracêuticos".
Daí, o caminho até o McDonald's é denso de truques apoiados em estudos de mercado e na "ciência da alimentação". Foi o esforço para aumentar a receita de cadeias de cinema que, depois de muitas experiências, levou à criação dos imensos sacos de pipoca e copos de soda que hoje estão presentes em todos os locais dos EUA, tendo as crianças como alvo principal. Três em cada cinco norte-americanos têm o peso mais elevado do que o recomendável, um em cada cinco é obeso, e cada criança nascida depois de 2000 tem 33% de possibilidades de desenvolver diabetes.
"Atualmente, 19% das refeições norte-americanas são feitas em automóveis. Refeições compradas sem que a porta do veículo precise ser aberta, comidas sem que o carro tenha que parar, com o uso de uma só mão. De fato, essa é a genialidade dos nuggets de frango: poder consumir sem o uso de prato ou garfo. Não há dúvidas de que os pesquisadores do McDonald's estão neste momento trabalhando para que se possa fazer o mesmo com uma simples salada."
O livro de Pollan segue por caminhos fascinantes e sua leitura nos faz perguntar se é isso que queremos. A afirmação de que não haverá necessidade de desmatamento para a produção e a exportação de imensas quantidades de biodiesel se baseia na avaliação de que grandes áreas de pastagens podem ser convertidas para monoculturas de oleaginosas com um pouco de modernização de nossa agricultura... Isso, apenas para começar uma reflexão mais profunda sobre estilos de vida na era pós-petróleo.
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The Shift Movie -Trailer
THE SHIFT movie raises awareness to the story of our roles in an evolutionary shift in our collective consciousness.
As it chronicles the faces, the stories and leaders assisting in this social transformation, the film reveals its emergence & meaning.
agosto 23, 2007
Cientistas alertam: biocombustíveis podem gerar mais CO2 que gasolina
Os pesquisadores Renton Righelato e Dominick Spracklen, da Universidade de Leeds (Reino Unido), compararam por 30 anos a quantidade de CO2 emitido por veículos movidos a biocombustíveis com a quantidade de CO2 absorvida pelas florestas no mesmo período de tempo, num estudo chamado "Carbon Mitigation by Biofuels or by Saving and Restoring Forests?" (A Mitigação do Carbono pelos Biocombustíveis ou pela Conservação e Recuperação das Florestas?).
Segundo os pesquisadores medidas ligadas à preservação de áreas verdes, como o reflorestamento, são de duas a nove vezes mais eficazes para a redução de CO2 na atmosfera do que o uso de biocombustíveis no lugar da gasolina.
Na opinião dos autores da pesquisa, governos preocupados em reduzir a quantidade de gases poluentes deveriam incentivar medidas de conservação e cuidado das florestas enquanto são desenvolvidos motores totalmente limpos para o meio-ambiente, já que o uso de biocombustíveis não se mostrou tão eficiente com relação à gasolina.
Os pesquisadores utilizaram um período de 30 anos, pois acreditam que este será o tempo para o surgimento de novas tecnologias totalmente livres da emissão de CO2.
César Tizo para Auto Estrada.
agosto 22, 2007
Conheça os acordos internacionais que visam a um mundo mais sustentável
21/08/07 - 15h45
InfoMoney
SÃO PAULO - Políticas e ações de diversos países são necessárias para que se preserve o planeta. Afinal, a emissão de gases poluentes em uma nação gera o aquecimento em todo o mundo.
O Fórum das Nações Unidas ajuda os países a seguirem o caminho do desenvolvimento sustentável e mostra que há milhares de pessoas dispostas a agir e contribuir neste sentido.
Acordos
Para que este objetivo seja alcançado, são elaborados documentos, a serem assinados pelos países, com obrigações a cumprir durante alguns anos em prol da sociedade e do meio ambiente. Conheça, abaixo, alguns deles listados pela ONG Vitae Civilis - Instituto para o Desenvolvimento, Meio Ambiente e Paz:
Declaração Universal dos Direitos Humanos: é um importante documento aprovado, em 1948, pela Assembléia Geral das Nações Unidas, para definir e detalhar os direitos humanos que devem ser seguidos por todos os países;
Declaração da ONU sobre o Ambiente Humano: mais comumente chamada de Declaração de Estocolmo, contém mais de vinte princípios que devem ser respeitados sobre cuidados relativos ao ambiente e aos seres humanos. Foi firmado em 1972;
Declarações Nações Unidas Meio Ambiente e Desenvolvimento: firmadas durante o RIO-92, contêm 27 princípios que devem ser adotados pelos Estados para garantir a integridade da vida no planeta, inclusive sobre instrumentos e políticas que devem ser implementados para se garantir a participação dos cidadãos em processos de tomada de decisões. Em seu Princípio 10, por exemplo, afirma a importância de se permitir o acesso às informações que facilitem a participação e a tomada de decisões;
Agenda 21: é um processo participativo que envolve o poder público, o setor privado e a sociedade civil, para a elaboração de uma agenda de compromissos, ações e metas, para transformar o desenvolvimento de uma região (Agenda 21 Local), de um país (Agenda 21 Brasileira) e até mesmo do mundo todo (Agenda 21 Global), com base nos princípios da sustentabilidade da Vida. Em outras palavras, sustentabilidade refere-se a proteger o meio ambiente, valorizar a diversidade cultural, promover a justiça e a melhoria da qualidade de vida para todos, da geração atual e das gerações futuras, e orientar as atividades econômicas e geração de renda para essas finalidades;
Agenda ya wananchi: documento aprovado em conferência realizada em Paris, em dezembro de 1991 como uma plataforma de ONGs, povos indígenas e comunidades tradicionais para a Rio-92;
Carta da Terra: trata-se de um documento com princípios éticos fundamentais e diretrizes de condutas para orientar pessoas, organizações e países para a sustentabilidade do planeta;
Protocolo de Cartagena de Biossegurança: fruto da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), é o último importante passo em busca da conservação da biodiversidade no cenário internacional. O Governo Brasileiro, na qualidade de país rico em biodiversidade, isto é, um megabiodiverso, tem exercido importante atuação nas discussões internacionais que acontecem dentro da CDB, cujo avanço social importante é o reconhecimento da relevância dos conhecimentos, práticas e inovações dos Povos Indígenas para a preservação da biodiversidade;
Conferência sobre as Metas de Desenvolvimento da ONU: os objetivos foram estabelecidos pela ONU, na Conferência do Milênio no ano de 2000, com base em compromissos da Agenda 21 (Rio-92), da Cúpula de Desenvolvimento Social (Copenhague, 1995) e de outras grandes conferências das Nações Unidas nos anos 1990. Para cada objetivo geral foram definidas várias metas, para serem concretizadas até 2005 em todos os países. Os oito objetivos são: a erradicação da pobreza e da fome; a universalização do acesso à educação primária; a promoção da igualdade entre os gêneros; a redução da mortalidade infantil; a melhoria da saúde materna; o combate à AIDS, malária e outras doenças; a promoção da sustentabilidade ambiental; o desenvolvimento de parcerias para o desenvolvimento;
Declaração de Collevecchio: Com seis compromissos que orientam os bancos, a declaração serve de exemplo para diversos setores da economia global que também precisam de práticas sustentáveis para evitar o envolvimento com indivíduos ou empresas que desconsideram ações que valorizam os direitos humanos, sociais, entre outros;
Protocolo de Kyoto: estabelece uma meta média de cerca de 5% de redução das emissões de gases de efeito estufa nos países industrializados, a qual deverá ser atingida, individual ou conjuntamente, no período entre 2008 e 2012. As metas de redução das emissões acordadas no Protocolo são inferiores às esperadas por cientistas e ambientalistas, e para alguns países (como os da União Européia) são menores que as promessas feitas pelos seus próprios governantes. Os EUA e a Austrália anunciaram que não vão ratificar o Protocolo.
agosto 20, 2007
Consumo é o grande tabu da mídia da catástrofe climática
Tentar entender a mudança climática pelos grandes veículos é um convite à esquizofrenia. Desde que o Painel Intergovernamental da Mudança Climática (IPCC, sigla em inglês) divulgou em fevereiro seu segundo relatório confirmando a responsabilidade humana sobre o fenômeno, alternam-se na mídia versões e contra-versões a respeito das causas e efeitos do problema.
Um exemplo interessante foi o da edição de junho da revista alemã Cicero. "A mentira do clima - Um dossiê contra o Eco-pânico", dizia o título. Entre análises parciais sobre o interesse de ONGs no assunto e um glossário com as dúvidas que ainda persistem na discussão, a revista criticou a forma sensacionalista como a grande imprensa tem abordado a questão. Logo na primeira página do texto há uma reprodução da capa de dois jornais de Berlim, o Die Tageszeitung e o Berliner Zeitung. Ambos publicados no dia 03 de Fevereiro, noticiando a profecia da ONU para a catástrofe climática, mas exibindo em suas capas cenários opostos. Um trazia uma montagem do portão de Brandenburgo, símbolo turístico da capital alemã, inundado. O outro ilustrava o mesmo lugar transformado em um deserto. Independente das diferentes interpretações, o fato é que mesmo prevendo catástrofes, a grande mídia ainda se nega a debater o ponto nevrálgico para enfrentar a mudança climática: o consumo. Seja na Europa, nos EUA ou na América Latina e salvo raríssimas exceções, nenhum veículo toca no assunto. E ele não é nenhuma novidade. "Como pode a economia crescer infinitamente num planeta finito? De onde virão os recursos? Temos que mudar a forma de contabilizar o uso dos nossos recursos", defendia o ecologista José Lutzenberger jà na década de 90.
Clima de consumo
Ultimamente o alerta vem sendo reforçado por experts do aquecimento global. "Nós vamos ter problemas tanto com a quantidade de consumo quanto com o padrão das coisas que compramos", declarou o pesquisador do INPE, Carlos Nobre, em entrevista ao jornal Folha de São Paulo no dia 8 de março deste ano. Como uma das maiores autoridades brasileiras sobre a mudança climática, Nobre faz coro com outros nomes conhecidos internacionalmente. Em seu último livro "The Revenge of Gaia" (A Vingança de Gaia), James Lovelock diz que o maior desafio mundial na luta contra a mudança climática é o que ele chamou de "inércia social". "Pense em como será difícil para nações como China, Índia e Estados Unidos mudar o comportamento de suas populações", traz o texto publicado em fevereiro de 2006.
Uma das tentativas de abordar o tema de forma mais profunda e abrangente foi feita pelos norte-americanos Michael Maniates, Thomas Princen e Ken Conca no livro "Confronting Consumption" (Confrontando o Consumo). Publicado em 2002 o livro descreve cases, faz análises e reflexões sobre conceitos tipo "imersão social do consumo", "soberania do consumidor" e "políticas do consumo". "O desafio não é apenas confrontar o consumo, mas transformar as estruturas que o sustentam", diz a conclusão do livro.
A publicidade é uma dessas estruturas. "Realmente é uma questão ainda sem respostas. Como mudar a mentalidade das pessoas, como fazê-las refletir sobre a abundância de que dispõe, se o sistema de comunicação que as condiciona e educa diariamente depende primordialmente da publicidade, das vendas e do consumo? Eu realmente não sei", declara Michael Maniates,
professor de ciência política e ciência ambiental no Allegheny College na Pennsylvania.
Iniciativa x Inércia
Entre as iniciativas que tentam enfrentar o desafio está a revista "Adbusters". Com sede no Canadá e 90 mil "apoiadores" em todo o mundo, ela visa combater o que chama de "poluição física e mental" das grandes corporações. Na capa de Agosto do site há um artigo sobre a iniciativa da Prefeitura de São Paulo de regular a publicidade ao ar livre.
A idéia vem sendo seguida por outras capitais brasileiras, como Porto Alegre, mas em ambos os casos os argumentos para a implementação de leis que regulem a publicidade não tem a ver com a "racionalização do consumo", mas com o que se pode chamar de "bem-estar urbano".
De maneira geral mídia e governos falam confortavelmente sobre uma solução tecnológica ou política para o controle das emissões de gases estufa. Porém, parecem não querer ver que quando o foco é o indivíduo as contradições continuam cada vez maiores. "Conheço uma mulher absolutamente convencida de que algo precisa ser feito. Mas ela nem cogita deixar de ter a água da sua piscina na temperatura de uma taça de chá bem quente durante
todo o inverno, não importa o que isto custe", exemplifica a jornalista britânica Deborah Orr em artigo no 'The Independent'.
Uma das poucas vozes a atacar sistematicamente a incoerência de políticos e grandes empresas de comunicação, ela usa a autocrítica como forma de abordar temas escamoteados do noticiário. "Em alguns momentos, a habilidade para convencer a nós mesmos de que desastres são coisas que acontecem com outras pessoas é realmente muito poderosa", comenta ela em outro artigo.
Sentado confortavelmente em seu jardim no subúrbio de Berlim, o médico aposentado Claus Kuhlmann, sabe que o consumo é um ponto importante no debate para "salvar o mundo". Mas ele também sabe quão difícil é imaginar uma mudança de hábitos. "Dói só de pensar em reduzir aquilo que normalmente compro, mesmo que seja algo supérfluo", admite. Aos 64 anos, Claus acredita que só depois que "algo muito grave acontecer" é que as pessoas talvez acordem. "Dificíl imaginar um mundo sem crescimento econômico, sem capitalismo. É como pensar numa volta à idade média", comenta ele, concordando com o slogam da cúpula do G8 deste ano: "Nenhuma política do clima sem a economia".
Otimismo e Ceticismo
Para Wolfgang Pomrehn, geofísico e meteorologista que atua como jornalista especializado em assuntos do clima e energia desde meados da década de 90, a redução do consumo não é nem desejável, nem factível. "Eu sou cético quanto a isso. Primeiro há uma questão moral aí, pois mesmo na Alemanha, há pessoas que já consomem o mínimo, que dirá em outros países do mundo".
Outro aspecto, segundo ele, diz respeito a questões como a estrutura e a tecnologia de geração, sobre as quais o cidadão comum tem pouca ou nenhuma influência. "Para os proprietários de apartamentos e casas alugadas, por exemplo, pouco interessa se os inquilinos precisam gastar mais ou menos energia com aquecimento por conta das condições do isolamento térmico dos
imóveis". Wolfgang defende assim, uma série de medidas políticas de difícil implementação. Entre elas está uma valorização do transporte coletivo, em detrimento da "cultura do automóvel". Isso sem afetar o bem estar social.
"Algumas medidas já estão sendo postas em prática, mas ainda são muito poucas e vem aparecendo muito devagar", avalia ele que em setembro estará lançando um livro sobre o tema. Apesar da inércia do debate, o otimismo continua sendo a base do discurso oficial. "Uma das coisas maravilhosas do capitalismo é que a economia consegue aperfeiçoar aquilo que o público deseja comprar", acredita o secretário de meio ambiente da Embaixada brasileira em Berlim, Flávio Mello. E essa visão também é válida para a "sustentabilidade da mídia". "Eu acho que é possível que os órgãos publicitários e a iniciativa privada de modo geral se antecipem a essa necessidade de mudança. Acho que o 'consumo destrutivo' tende a diminuir progressivamente porque ele é autodestrutivo e as pessoas têm instinto de preservação", pondera o secretário que é um dos interlocutores da política brasileira para biocombustíveis na Alemanha.
Aliás, uma das grandes promessas para combater os problemas provocados pela queima de combustíveis fósseis é a sua substituição por produtos de origem vegetal. Pelo menos para o Brasil. "Para discutir a questão climática com seriedade, tem que olhar a questão dos biocombustíveis. E olhar com muito carinho", avisou o presidente Lula durante o encontro do G8 na Alemanha. O objetivo, segundo o presidente, seria convencer o mundo de que os biocombustíveis são a solução para a substituição dos combustíveis fósseis, para a despoluição do planeta e para a geração de renda. "Os países ricos precisam aceitar que os países em desenvolvimento têm o direito de crescer como eles cresceram, para conquistar a mesma qualidade de vida que eles conquistaram", arrematou Lula.
Na contramão desse discurso estão entidades malditas para o establishment. "Não creio que os países em desenvolvimento precisam ser ajudados pelos países desenvolvidos. Devemos lutar todos juntos por uma mudança de paradigma", acredita a agricultora francesa, Isabelle Rouet, de 27 anos.
Integrante da Via Campesina, ela defende que antes de falar em substituição de combustíveis é fundamental reduzir o seu consumo. "As pessoas na Europa devem entender que elas usam muito mais recursos do que dispõe. Esse excedente vem de fora, através de uma relação comercial bastante desequilibrada". Para Isabelle a simples mudança de produtos, ou insumos não tornará as relações entre ricos e pobres mais justa. "É uma questão de cultura e filosofia". Mas movimentos como a Via Campesina, que só na França tem cerca de 10 mil membros, estão fora do governo e da grande mídia.
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(*) Mariano Senna da Costa é da Ambiente JÁ.