Por Bruno Bocchini
São Paulo – A pesquisa Chamada Nutricional 2005 – divulgada segunda-feira (24) – mostra que a desnutrição infantil diminuiu na região mais pobre do país, o semi-árido. Os pesquisadores colheram informações sobre a alimentação de 17 mil crianças com até cinco anos de idade em 307 municípios da região. Oito estados do Nordeste e também o norte de Minas Gerais foram estudados.
A pesquisa foi realizada em agosto de 2005 pelos ministério da Saúde e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome em parceria com prefeituras, governos estaduais, dez universidades públicas e com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
Segundo a pesquisa, apenas 6,6% das crianças da região apresentam desnutrição crônica. Em uma pesquisa anterior, feita em 1996, o porcentual de desnutridos entre as crianças era de 17,9%. Em 1989, esse núero era de 27,3%. No entanto, o texto do estudo ressalva que as pesquisas anteriores não focalizaram de forma abrangente a região.
"A porcentagem de 6,6% ainda é muito alta. Do ponto de vista de comparação internacional, a gente não atingiu ainda 1% ou 2% que a gente esperaria, porcentagem que é encontrada no Chile, por exemplo. Mas, a gente está numa situação melhor que a maior parte dos países. E eu diria que até da maioria da América Latina", avalia o coordenador da pesquisa e professor da Universidade de São Paulo (USP), Carlos Augusto Monteiro.
Segundo o pesquisador, em algumas regiões da Índia, por exemplo, cerca de 50% das crianças sofrem de desnutrição crônica. Esse número é de 30% ou 40% em países africanos, como Angola e Moçambique.
O estudioso afirma que a diminuição da desnutrição na região entre 1996 e 2006 pode ser explicada principalmente por dois fatores: queda de natalidade, e a melhoria dos serviços públicos básicos, como saneamento, saúde e educação.
A pesquisa destaca ainda que os programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, têm um impacto bastante positivo na queda de desnutridos. Segundo o texto, crianças beneficiárias, de seis a 11 meses de idade, se não fossem atendidas, correriam risco 62,1% maior de apresentar desnutrição crônica.
O documento ressalta que a freqüência de desnutrição crônica observada nas crianças da região varia de acordo com os indicadores socioeconômicos, alcançando 10% das crianças da classe E; 6,8% nas da classe D e apenas 2,5% nas da classe C. Registrou-se que, na região, 14,1% dos filhos de mães analfabetas são desnutridos. Já nas categorias de 1 a 4 anos, 5 a 8 anos e 9 ou mais anos de escolaridade as porcentagens de desnutridos foram de 8,4%, 7,4% e 3,2%, respectivamente.
(Envolverde/Agência Brasil)
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