agosto 27, 2007

Grilagem e desmatamento

É necessário que as políticas públicas para a Amazônia parem de estimular a invasão de terras.
por Roberto Smeraldi para SciAmerican

O governo anuncia planos antidesmatamento para a Amazônia, mas a derrubada de árvores aumenta. Uma explicação é que falta foco no que mais influencia o problema. A grilagem de terras se confirmou, em 2004, fator primordial, abrindo novas fronteiras antes mesmo da chegada de atividades econômicas. Há duas ações concretas e complementares, ao alcance do governo e de grande impacto, a se realizar.

A primeira seria reverter os estímulos à grilagem gerados pela perspectiva de valorização da terra, principalmente graças ao anúncio de obras de infra-estrutura que atraem fluxos invasores. Tais obras demoram para iniciar ou até não acontecem, mas seu anúncio é suficiente para gerar especulação. Os dados de 2004 são claros. Os principais aumentos do desmatamento - Jacareacanga, PA, com mais 688%, assim como as vizinhas Itaituba e Novo Progresso - refletem diretamente o anúncio, em 2003, do asfaltamento do trecho paraense da BR-163: mesmo sem ter asfaltado um só quilômetro até hoje, o chamado foi suficiente para atingir os picos na taxa de desmatamento.

O governo não retirou do plano plurianual (PPA) obras que provocam expectativa de ocupação de terras públicas, principalmente na Amazônia sul-ocidental, a partir de Rondônia: o asfaltamento da BR-319 (Manaus-Porto Velho) e BR-210 (Humaitá-Lábrea), o gasoduto Urucu-Porto Velho, as usinas e hidrovia do Alto Madeira. No caso da BR-319, chegou-se ao paradoxo de destinar verbas orçamentárias, em 2005, para uma obra inviável e ilegal.

Os fluxos de grilagem oriundos de Rondônia foram responsáveis pelo recorde absoluto de desmatamento, em Aripuanã-MT-, com 1.041 km2, um aumento de 47%. Os mesmos fluxos levaram, pela primeira vez, um município do Amazonas à lista dos dez mais desmatados: Lábrea registrou aumento de 87%. Dentro de Rondônia, associados ao avanço da estrada federal ilegal BR-421 provocaram o quarto maior aumento no Brasil, em Buritis (mais 188%).

Também Altamira, PA, registra um forte desmatamento (quinto em absoluto, com 682 km2) em função do efeito BR-163 (que atinge parte de seu território), além dos anúncios de asfaltamento da Transamazônica e de construção da Hidrelétrica de Belo Monte. Todos os anúncios reforçaram a indústria de grilagem na região.

agosto 26, 2007

O dilema do ser humano

Esses dias foi exibido no Rio o festival de cinema ambiental FICA , não pude ver a todos, mas aquele que recomendo é MEU PRIMEIRO CONTATO, um documentário comovente sobre a história de uma tribo amazônica transferida para o Xingú pela equipe do Orlando Villas Boas.

O filme mostra o primeiro contato dessas pessoas com a cultura dos "brancos" e o processo de interferência causado por nós ao tentarmos olhar culturas alheias sob nossas perspectivas. Há o registro da inocência e do medo de seus personagens no primeiro encontro, em contraste à situação de arrependimento de hoje. A história termina com depoimentos de pessoas enclausuradas em suas esperanças de retornar à terra de suas origens e que agora são utilizadas para pasto.

E em meio à exibição dos filmes, pessoas de grande importância na disseminação da linguagem ambiental vieram expor suas posições frente aos nossos dilemas atuais. Leonardo Boff, André Trigueiro e Marcos Sá Correa foram perfeitos e complementares em suas conclusões e limitações como seres humanos que tentam "fazer a sua parte" abrindo o debate ambiental a todas às culturas e populações desse Brasil. Iniciativas como o FICA, assim como os novos meios de comunicação desenvolvidos pelas novas ferramentas tecnológicas servem, especialmente, à disseminação do debate ambiental.

Concluímos que não é preciso anos de academia, ou a leitura de milhares de títulos, para chegarmos a simples conclusão do tamanho do problema que enfrentamos, assim como a falta de perspectivas vergonhosamente empurrada às futuras gerações. "Qual o futuro para a humanidade?", "Temos jeito?" foram questionamentos colocados a todos os participantes pela platéia.

Como resposta, todos os palestrantes foram uníssonos ao apontar o consumo como a grande origem desse desequilíbrio catastrófico. Pois é o consumo e, a forma como consumimos, que geram esse modelo de produção que vem literalmente consumido todos os recursos da Terra até sua exaustão.

Contexto, personagem e roteiro
Identificadas os papéis do drama ambiental planetário, a platéia volta para casa sabendo que algo tem de ser feito e que de alguma maneira vamos ter que "fazer a nossa parte". É extremamente desconfortante voltar para casa sem tentar pensar numa idéia, sem questionar uma solução antes que nossas vidas tornem-se desesperançosas. Uma idéia torna-se uma esperança e, uma ação, um alívio. E foi assim que decidi não comer mais carne alguns punhados de anos atrás, como uma atitude que me trouxesse algum alívio. Mas jamais imaginei a tamanha dor de cabeça que declarar-se vegetariano pode causar. Convido todos a experimentar, declare-se vegetariando, mesmo que de brincadeira.

Digo que é desconfortante, não como o desconforto anterior de sentir-se perdendo a estrada por onde seguir, mas é o desconforto de tornar-se um espelho nítido; colocando na frente de todos a resposta para perguntas que ninguém ousa fazer.

Até quando deixaremos oculto, velado, trancado e maquiado nosso maior "bem" de consumo, aquele nosso maior "produto" que para ser "fabricado" utiliza quantos planetas forem necessários a saciar uma fome sem fim? E ainda quais as forças culturais que nos levam a esconder de nós mesmos tamanha verdade? Você conhece a violência gerada num prato de comida? Abaixo uma indicação de livro para quem não entendeu "patavinas" dessa história.

Por Clarissa Taguchi, decidida a encarar-se vegana (uma consumidora vegetariana ética) há quase uma semana.

O Dilema do Onívoro de Michael Pollan, Editora Intrínseca, 2006
A insensatez do agronegócio é objeto deste livro fascinante, que faz sucesso crescente à medida que os leitores descobrem a importância de saber como se estrutura a indústria dos alimentos que chegam diariamente às suas mesas

Por Luiz Prado para Planeta Sustentável

Nos EUA, são necessárias duas calorias de fertilizantes sintetizados a partir do petróleo para produzir uma caloria de milho. E como o gado bovino é alimentado com milho, quase um barril de petróleo é consumido para cada animal abatido. Os excedentes da produção de milho estão na origem tanto da abundância quanto da obesidade. Os subsídios governamentais são generosos, o alimento industrializado tem preços baixos, mas dão origem aos altos índices de obesidade que custam algo em torno de 90 bilhões de dólares por ano em despesas médicas. Ou esses excedentes atravessam a fronteira do México, onde liquidam com os pequenos produtores.

Toda uma complexa cadeia de interesses gira em torno da produção de milho, impedindo que cessem os subsídios. A insensatez do agronegócio é objeto de um fascinante livro intitulado "O Dilema do Onívoro", que faz sucesso crescente à medida que os leitores descobrem a importância de saber como se estrutura a indústria dos alimentos que chegam diariamente às suas mesas. O livro de Michael Pollan certamente é um importante alerta para um Brasil que se pretende transformar numa Arábia Saudita dos biocombustíveis.

O livro começa pela descrição da gigantesca monocultura de milho no estado de Iowa e volta até a origem da alta produtividade, com raízes na produção de sementes híbridas na década de 30, permitindo a mecanização da lavoura e dando início a um processo que rapidamente transformará os agricultores em reféns - mais do que em beneficiários - da agroindústria. Ao final da segunda guerra mundial, quando os Estados Unidos detinham imensos estoques de nitrato de amônia para a fabricação de explosivos, a solução encontrada foi o uso intensivo de fertilizantes. Também a indústria de pesticidas se estrutura com base nos estoques de produtos químicos destinados à fabricação de gases venenosos para uso militar.

Os excedentes da produção de milho precisam encontrar mercados e logo começam a ser utilizado na alimentação de animais, mesmo dos ruminantes, cujo sistema digestivo não é adaptado ao consumo de cereais.

Seguindo em busca da cadeia produtiva da agroindústria, Pollan viaja até Garden City, no estado de Kansas, e descreve a criação de gado bovino confinado, alimentado com milho, antibióticos e outros medicamentos, suplementos alimentares e estrogênio, gordura liquefeita e uréia sintetizada a partir do gás natural. Trinta e sete mil cabeças numa instalação que na linguagem da agroindústria norte-americana é conhecida como Operação Concentrada de Alimentação Animal (CAFO - Concentrated Animal Feeding Operation).

"Essa instalação se parece como uma cidade pré-moderna, sem espaço, imunda e mal-cheirosa, com o esgoto a céu aberto, ruas sem pavimentação e o ar tornado visível pela poeira. (...) A concentração de animais em meio à falta de higiene sempre foi uma receita para doenças. A única razão pela qual não ocorrem epidemias como nas cidades humanas medievais é o uso intensivo de antibióticos. (...) Essa alimentação da à carne a textura e o sabor que os consumidores norte-americanos passaram a gostar. No entanto, essa carne é menos saudável para nós, já que contem teor mais elevado de gorduras saturadas e menos ômega-3 do que as carnes do bovino alimentado no pasto. (...) Na medida em que se avança na compreensão desse sistema de produção, torna-se inevitável questionar se o que parece racional não é também uma loucura total".

Depois, o autor disseca o processamento dos alimentos consumidos nos EUA. Pode-se dizer que o cereal matinal é o protótipo desse modelo: a indústria transforma 4 centavos de dólar de milho comprado como commodity em 4 dólares de alimentos processados, com novas formas e sabores, vendidos em embalagens que atraem o olhar do consumidor, tudo com o apoio de grandes campanhas publicitárias. Para cada caloria de alimento assim processado são necessárias 10 calorias de combustível fóssil.

"Na General Mills eu ouvi, pela primeira vez, a expressão sistema alimentar. Essa expressão é mais atrativa e indicadora da alta tecnologia do que a palavra comida. E evita as conotações negativas de sua antecessora, alimento processado industrialmente. Os especialistas do setor falam, também, em proteína vegetal texturizada e em nutracêuticos".

Daí, o caminho até o McDonald's é denso de truques apoiados em estudos de mercado e na "ciência da alimentação". Foi o esforço para aumentar a receita de cadeias de cinema que, depois de muitas experiências, levou à criação dos imensos sacos de pipoca e copos de soda que hoje estão presentes em todos os locais dos EUA, tendo as crianças como alvo principal. Três em cada cinco norte-americanos têm o peso mais elevado do que o recomendável, um em cada cinco é obeso, e cada criança nascida depois de 2000 tem 33% de possibilidades de desenvolver diabetes.

"Atualmente, 19% das refeições norte-americanas são feitas em automóveis. Refeições compradas sem que a porta do veículo precise ser aberta, comidas sem que o carro tenha que parar, com o uso de uma só mão. De fato, essa é a genialidade dos nuggets de frango: poder consumir sem o uso de prato ou garfo. Não há dúvidas de que os pesquisadores do McDonald's estão neste momento trabalhando para que se possa fazer o mesmo com uma simples salada."

O livro de Pollan segue por caminhos fascinantes e sua leitura nos faz perguntar se é isso que queremos. A afirmação de que não haverá necessidade de desmatamento para a produção e a exportação de imensas quantidades de biodiesel se baseia na avaliação de que grandes áreas de pastagens podem ser convertidas para monoculturas de oleaginosas com um pouco de modernização de nossa agricultura... Isso, apenas para começar uma reflexão mais profunda sobre estilos de vida na era pós-petróleo.
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The Shift Movie -Trailer

"The biggest moviment in human history". Saiba qual é assistindo esse trailer.

THE SHIFT movie raises awareness to the story of our roles in an evolutionary shift in our collective consciousness.

As it chronicles the faces, the stories and leaders assisting in this social transformation, the film reveals its emergence & meaning.

agosto 23, 2007

Cientistas alertam: biocombustíveis podem gerar mais CO2 que gasolina

Produzir cada vez mais biocombustíveis com o intuito de combater as mudanças climáticas irá lançar na atmosfera uma quantidade ainda maior de gases derivados do carbono. A constatação é de um estudo publicado hoje na revista de divulgação científica Science.

Os pesquisadores Renton Righelato e Dominick Spracklen, da Universidade de Leeds (Reino Unido), compararam por 30 anos a quantidade de CO2 emitido por veículos movidos a biocombustíveis com a quantidade de CO2 absorvida pelas florestas no mesmo período de tempo, num estudo chamado "Carbon Mitigation by Biofuels or by Saving and Restoring Forests?" (A Mitigação do Carbono pelos Biocombustíveis ou pela Conservação e Recuperação das Florestas?).

Segundo os pesquisadores medidas ligadas à preservação de áreas verdes, como o reflorestamento, são de duas a nove vezes mais eficazes para a redução de CO2 na atmosfera do que o uso de biocombustíveis no lugar da gasolina.

Na opinião dos autores da pesquisa, governos preocupados em reduzir a quantidade de gases poluentes deveriam incentivar medidas de conservação e cuidado das florestas enquanto são desenvolvidos motores totalmente limpos para o meio-ambiente, já que o uso de biocombustíveis não se mostrou tão eficiente com relação à gasolina.

Os pesquisadores utilizaram um período de 30 anos, pois acreditam que este será o tempo para o surgimento de novas tecnologias totalmente livres da emissão de CO2.


César Tizo para Auto Estrada.

agosto 22, 2007

Conheça os acordos internacionais que visam a um mundo mais sustentável

Por: Flávia Furlan Nunes
21/08/07 - 15h45
InfoMoney

SÃO PAULO - Políticas e ações de diversos países são necessárias para que se preserve o planeta. Afinal, a emissão de gases poluentes em uma nação gera o aquecimento em todo o mundo.

O Fórum das Nações Unidas ajuda os países a seguirem o caminho do desenvolvimento sustentável e mostra que há milhares de pessoas dispostas a agir e contribuir neste sentido.

Acordos
Para que este objetivo seja alcançado, são elaborados documentos, a serem assinados pelos países, com obrigações a cumprir durante alguns anos em prol da sociedade e do meio ambiente. Conheça, abaixo, alguns deles listados pela ONG Vitae Civilis - Instituto para o Desenvolvimento, Meio Ambiente e Paz:

Declaração Universal dos Direitos Humanos: é um importante documento aprovado, em 1948, pela Assembléia Geral das Nações Unidas, para definir e detalhar os direitos humanos que devem ser seguidos por todos os países;

Declaração da ONU sobre o Ambiente Humano: mais comumente chamada de Declaração de Estocolmo, contém mais de vinte princípios que devem ser respeitados sobre cuidados relativos ao ambiente e aos seres humanos. Foi firmado em 1972;

Declarações Nações Unidas Meio Ambiente e Desenvolvimento: firmadas durante o RIO-92, contêm 27 princípios que devem ser adotados pelos Estados para garantir a integridade da vida no planeta, inclusive sobre instrumentos e políticas que devem ser implementados para se garantir a participação dos cidadãos em processos de tomada de decisões. Em seu Princípio 10, por exemplo, afirma a importância de se permitir o acesso às informações que facilitem a participação e a tomada de decisões;

Agenda 21: é um processo participativo que envolve o poder público, o setor privado e a sociedade civil, para a elaboração de uma agenda de compromissos, ações e metas, para transformar o desenvolvimento de uma região (Agenda 21 Local), de um país (Agenda 21 Brasileira) e até mesmo do mundo todo (Agenda 21 Global), com base nos princípios da sustentabilidade da Vida. Em outras palavras, sustentabilidade refere-se a proteger o meio ambiente, valorizar a diversidade cultural, promover a justiça e a melhoria da qualidade de vida para todos, da geração atual e das gerações futuras, e orientar as atividades econômicas e geração de renda para essas finalidades;

Agenda ya wananchi: documento aprovado em conferência realizada em Paris, em dezembro de 1991 como uma plataforma de ONGs, povos indígenas e comunidades tradicionais para a Rio-92;

Carta da Terra: trata-se de um documento com princípios éticos fundamentais e diretrizes de condutas para orientar pessoas, organizações e países para a sustentabilidade do planeta;

Protocolo de Cartagena de Biossegurança: fruto da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), é o último importante passo em busca da conservação da biodiversidade no cenário internacional. O Governo Brasileiro, na qualidade de país rico em biodiversidade, isto é, um megabiodiverso, tem exercido importante atuação nas discussões internacionais que acontecem dentro da CDB, cujo avanço social importante é o reconhecimento da relevância dos conhecimentos, práticas e inovações dos Povos Indígenas para a preservação da biodiversidade;

Conferência sobre as Metas de Desenvolvimento da ONU: os objetivos foram estabelecidos pela ONU, na Conferência do Milênio no ano de 2000, com base em compromissos da Agenda 21 (Rio-92), da Cúpula de Desenvolvimento Social (Copenhague, 1995) e de outras grandes conferências das Nações Unidas nos anos 1990. Para cada objetivo geral foram definidas várias metas, para serem concretizadas até 2005 em todos os países. Os oito objetivos são: a erradicação da pobreza e da fome; a universalização do acesso à educação primária; a promoção da igualdade entre os gêneros; a redução da mortalidade infantil; a melhoria da saúde materna; o combate à AIDS, malária e outras doenças; a promoção da sustentabilidade ambiental; o desenvolvimento de parcerias para o desenvolvimento;

Declaração de Collevecchio: Com seis compromissos que orientam os bancos, a declaração serve de exemplo para diversos setores da economia global que também precisam de práticas sustentáveis para evitar o envolvimento com indivíduos ou empresas que desconsideram ações que valorizam os direitos humanos, sociais, entre outros;

Protocolo de Kyoto: estabelece uma meta média de cerca de 5% de redução das emissões de gases de efeito estufa nos países industrializados, a qual deverá ser atingida, individual ou conjuntamente, no período entre 2008 e 2012. As metas de redução das emissões acordadas no Protocolo são inferiores às esperadas por cientistas e ambientalistas, e para alguns países (como os da União Européia) são menores que as promessas feitas pelos seus próprios governantes. Os EUA e a Austrália anunciaram que não vão ratificar o Protocolo.

agosto 20, 2007

Consumo é o grande tabu da mídia da catástrofe climática

Por Mariano Senna da Costa (*) para Ambiente Já

Tentar entender a mudança climática pelos grandes veículos é um convite à esquizofrenia. Desde que o Painel Intergovernamental da Mudança Climática (IPCC, sigla em inglês) divulgou em fevereiro seu segundo relatório confirmando a responsabilidade humana sobre o fenômeno, alternam-se na mídia versões e contra-versões a respeito das causas e efeitos do problema.

Um exemplo interessante foi o da edição de junho da revista alemã Cicero. "A mentira do clima - Um dossiê contra o Eco-pânico", dizia o título. Entre análises parciais sobre o interesse de ONGs no assunto e um glossário com as dúvidas que ainda persistem na discussão, a revista criticou a forma sensacionalista como a grande imprensa tem abordado a questão. Logo na primeira página do texto há uma reprodução da capa de dois jornais de Berlim, o Die Tageszeitung e o Berliner Zeitung. Ambos publicados no dia 03 de Fevereiro, noticiando a profecia da ONU para a catástrofe climática, mas exibindo em suas capas cenários opostos. Um trazia uma montagem do portão de Brandenburgo, símbolo turístico da capital alemã, inundado. O outro ilustrava o mesmo lugar transformado em um deserto. Independente das diferentes interpretações, o fato é que mesmo prevendo catástrofes, a grande mídia ainda se nega a debater o ponto nevrálgico para enfrentar a mudança climática: o consumo. Seja na Europa, nos EUA ou na América Latina e salvo raríssimas exceções, nenhum veículo toca no assunto. E ele não é nenhuma novidade. "Como pode a economia crescer infinitamente num planeta finito? De onde virão os recursos? Temos que mudar a forma de contabilizar o uso dos nossos recursos", defendia o ecologista José Lutzenberger jà na década de 90.

Clima de consumo

Ultimamente o alerta vem sendo reforçado por experts do aquecimento global. "Nós vamos ter problemas tanto com a quantidade de consumo quanto com o padrão das coisas que compramos", declarou o pesquisador do INPE, Carlos Nobre, em entrevista ao jornal Folha de São Paulo no dia 8 de março deste ano. Como uma das maiores autoridades brasileiras sobre a mudança climática, Nobre faz coro com outros nomes conhecidos internacionalmente. Em seu último livro "The Revenge of Gaia" (A Vingança de Gaia), James Lovelock diz que o maior desafio mundial na luta contra a mudança climática é o que ele chamou de "inércia social". "Pense em como será difícil para nações como China, Índia e Estados Unidos mudar o comportamento de suas populações", traz o texto publicado em fevereiro de 2006.

Uma das tentativas de abordar o tema de forma mais profunda e abrangente foi feita pelos norte-americanos Michael Maniates, Thomas Princen e Ken Conca no livro "Confronting Consumption" (Confrontando o Consumo). Publicado em 2002 o livro descreve cases, faz análises e reflexões sobre conceitos tipo "imersão social do consumo", "soberania do consumidor" e "políticas do consumo". "O desafio não é apenas confrontar o consumo, mas transformar as estruturas que o sustentam", diz a conclusão do livro.

A publicidade é uma dessas estruturas. "Realmente é uma questão ainda sem respostas. Como mudar a mentalidade das pessoas, como fazê-las refletir sobre a abundância de que dispõe, se o sistema de comunicação que as condiciona e educa diariamente depende primordialmente da publicidade, das vendas e do consumo? Eu realmente não sei", declara Michael Maniates,
professor de ciência política e ciência ambiental no Allegheny College na Pennsylvania.

Iniciativa x Inércia

Entre as iniciativas que tentam enfrentar o desafio está a revista "Adbusters". Com sede no Canadá e 90 mil "apoiadores" em todo o mundo, ela visa combater o que chama de "poluição física e mental" das grandes corporações. Na capa de Agosto do site há um artigo sobre a iniciativa da Prefeitura de São Paulo de regular a publicidade ao ar livre.

A idéia vem sendo seguida por outras capitais brasileiras, como Porto Alegre, mas em ambos os casos os argumentos para a implementação de leis que regulem a publicidade não tem a ver com a "racionalização do consumo", mas com o que se pode chamar de "bem-estar urbano".

De maneira geral mídia e governos falam confortavelmente sobre uma solução tecnológica ou política para o controle das emissões de gases estufa. Porém, parecem não querer ver que quando o foco é o indivíduo as contradições continuam cada vez maiores. "Conheço uma mulher absolutamente convencida de que algo precisa ser feito. Mas ela nem cogita deixar de ter a água da sua piscina na temperatura de uma taça de chá bem quente durante
todo o inverno, não importa o que isto custe", exemplifica a jornalista britânica Deborah Orr em artigo no 'The Independent'.

Uma das poucas vozes a atacar sistematicamente a incoerência de políticos e grandes empresas de comunicação, ela usa a autocrítica como forma de abordar temas escamoteados do noticiário. "Em alguns momentos, a habilidade para convencer a nós mesmos de que desastres são coisas que acontecem com outras pessoas é realmente muito poderosa", comenta ela em outro artigo.

Sentado confortavelmente em seu jardim no subúrbio de Berlim, o médico aposentado Claus Kuhlmann, sabe que o consumo é um ponto importante no debate para "salvar o mundo". Mas ele também sabe quão difícil é imaginar uma mudança de hábitos. "Dói só de pensar em reduzir aquilo que normalmente compro, mesmo que seja algo supérfluo", admite. Aos 64 anos, Claus acredita que só depois que "algo muito grave acontecer" é que as pessoas talvez acordem. "Dificíl imaginar um mundo sem crescimento econômico, sem capitalismo. É como pensar numa volta à idade média", comenta ele, concordando com o slogam da cúpula do G8 deste ano: "Nenhuma política do clima sem a economia".

Otimismo e Ceticismo

Para Wolfgang Pomrehn, geofísico e meteorologista que atua como jornalista especializado em assuntos do clima e energia desde meados da década de 90, a redução do consumo não é nem desejável, nem factível. "Eu sou cético quanto a isso. Primeiro há uma questão moral aí, pois mesmo na Alemanha, há pessoas que já consomem o mínimo, que dirá em outros países do mundo".

Outro aspecto, segundo ele, diz respeito a questões como a estrutura e a tecnologia de geração, sobre as quais o cidadão comum tem pouca ou nenhuma influência. "Para os proprietários de apartamentos e casas alugadas, por exemplo, pouco interessa se os inquilinos precisam gastar mais ou menos energia com aquecimento por conta das condições do isolamento térmico dos
imóveis". Wolfgang defende assim, uma série de medidas políticas de difícil implementação. Entre elas está uma valorização do transporte coletivo, em detrimento da "cultura do automóvel". Isso sem afetar o bem estar social.

"Algumas medidas já estão sendo postas em prática, mas ainda são muito poucas e vem aparecendo muito devagar", avalia ele que em setembro estará lançando um livro sobre o tema. Apesar da inércia do debate, o otimismo continua sendo a base do discurso oficial. "Uma das coisas maravilhosas do capitalismo é que a economia consegue aperfeiçoar aquilo que o público deseja comprar", acredita o secretário de meio ambiente da Embaixada brasileira em Berlim, Flávio Mello. E essa visão também é válida para a "sustentabilidade da mídia". "Eu acho que é possível que os órgãos publicitários e a iniciativa privada de modo geral se antecipem a essa necessidade de mudança. Acho que o 'consumo destrutivo' tende a diminuir progressivamente porque ele é autodestrutivo e as pessoas têm instinto de preservação", pondera o secretário que é um dos interlocutores da política brasileira para biocombustíveis na Alemanha.

Aliás, uma das grandes promessas para combater os problemas provocados pela queima de combustíveis fósseis é a sua substituição por produtos de origem vegetal. Pelo menos para o Brasil. "Para discutir a questão climática com seriedade, tem que olhar a questão dos biocombustíveis. E olhar com muito carinho", avisou o presidente Lula durante o encontro do G8 na Alemanha. O objetivo, segundo o presidente, seria convencer o mundo de que os biocombustíveis são a solução para a substituição dos combustíveis fósseis, para a despoluição do planeta e para a geração de renda. "Os países ricos precisam aceitar que os países em desenvolvimento têm o direito de crescer como eles cresceram, para conquistar a mesma qualidade de vida que eles conquistaram", arrematou Lula.

Na contramão desse discurso estão entidades malditas para o establishment. "Não creio que os países em desenvolvimento precisam ser ajudados pelos países desenvolvidos. Devemos lutar todos juntos por uma mudança de paradigma", acredita a agricultora francesa, Isabelle Rouet, de 27 anos.

Integrante da Via Campesina, ela defende que antes de falar em substituição de combustíveis é fundamental reduzir o seu consumo. "As pessoas na Europa devem entender que elas usam muito mais recursos do que dispõe. Esse excedente vem de fora, através de uma relação comercial bastante desequilibrada". Para Isabelle a simples mudança de produtos, ou insumos não tornará as relações entre ricos e pobres mais justa. "É uma questão de cultura e filosofia". Mas movimentos como a Via Campesina, que só na França tem cerca de 10 mil membros, estão fora do governo e da grande mídia.


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(*) Mariano Senna da Costa é da Ambiente JÁ.

agosto 09, 2007

Linhagem quebrada

Agência FAPESP – A evolução humana nos últimos dois milhões de anos é descrita como uma sucessão de espécies: do Homo habilis ao Homo erectus e desse para o Homo sapiens. Fim de uma, começo da outra. Costumava ser assim, mas um novo estudo coloca seriamente em dúvida essa linhagem evolutiva.

A análise de fósseis encontrados em 2000 no Lago Turkana, no Quênia, indica que as espécies Homo habilis e Homo erectus coexistiram no leste da África. E não por pouco tempo, mas por quase 500 mil anos. A descoberta está descrita na edição de 9 de agosto da revista Nature.

“A coexistência faz com que seja improvável que uma tenha evoluído a partir da outra”, disse Meave Leakey, uma das líderes do estudo. Segundo a paleontóloga, as duas espécies teriam surgido entre 2 milhões e 3 milhões de anos atrás, período do qual apenas poucos fósseis foram encontrados até o momento.

Os pesquisadores apontam que, como as duas se mantiveram como espécies separadas por tanto tempo, elas provavelmente tiveram seus próprios nichos ecológicos e evitaram competição direta.

Até então, o H. erectus era considerado o primeiro ancestral a compartilhar muitas similaridades com o homem moderno. Mas, de acordo com os pesquisadores responsáveis pela descoberta, o fóssil do H. erectus, o menor até hoje encontrado, sugere que a espécie não era tão humana como se imaginava.

Os fragmentos fósseis encontrados do H. habilis têm idade estimada em 1,44 milhão de anos, o que o torna muito mais “jovem” do que seria de se esperar. O especialmente bem preservado crânio do H. erectus é mais velho: tem 1,55 milhão de anos. A análise também indicou que as espécies apresentavam dimorfismo sexual, com os machos sendo muito maiores do que as fêmeas – como nos gorilas atuais.

O estudo foi liderado por Meave Leakey e por sua filha, Louise. Nascida no Quênia, Louise é filha de Richard Leakey, que por sua vez tem como pais Louis e Mary, todos antropólogos renomados e com importantes descobertas em seus currículos. A dupla Louise e Meave descobriu, em 1999, o Kenyanthropus platyops, o “homem de rosto achatado do Quênia”, que teria vivido há cerca de 3,5 milhões de anos e que seria um ancestral do Homo sapiens.

O artigo Implications of new early Homo fossils from Ileret, east of Lake Turkana, Kenya, de Louise Leakey e outros, pode ser lido por assinantes da Nature em www.nature.com.

agosto 08, 2007

Ecoturismo ou Greenwashing?

Thiago Cássio D'Ávila Araújo (*) para Ambiente Brasil

Greenwashing é um termo em língua inglesa usado quando uma empresa, organização não governamental (ONG), ou mesmo o próprio governo, propaga práticas ambientais positivas e, na verdade, possui atuação contrária aos interesses e bens ambientais. Trata-se do uso de idéias ambientais para construção de uma imagem pública positiva de "amigo do meio ambiente" que, porém, não é condizente com a real gestão, negativa e causadora de degradação ambiental.

O greenwashing tem sido uma prática de gestão (nociva, diga-se de passagem) muito adotada por empresas ligadas a diversos ramos da atividade econômica (corporate greenwashing). Em brilhante artigo intitulado "Green is the colour of money" (www.goodmagazine.com), a jornalista norte-americana Amanda Witherell denuncia que empresas estão investindo dinheiro em iniciativas ambientais para encobrir ofensas do passado ao meio ambiente. Organizações não governamentais, mal intencionadas, praticam greenwashing para captação de recursos públicos ou privados, que posteriormente serão em boa parte desviados para aplicação em atividades ou empreendimentos causadores de degradação ambiental. Governos praticam greenwashing para seduzir cidadãos e determinar os rumos da economia.

O greenwashing, diga-se de passagem, não se confunde com o greenmarketing. Greenwashing é termo pejorativo, e é nocivo ao meio ambiente.

No turismo, o greenwashing tem sido usado como instrumento para iludir turistas. De fato, muitos escolhem destinos turísticos acreditando que estão participando de projetos respeitadores da natureza e dos valores culturais locais, quando, na verdade, estão apenas contribuindo para destruição do ambiente. Por exemplo, é muito comum vermos hotéis divulgados como meios de hospedagem ecológicos, por estarem inseridos em uma floresta, quando na verdade tais hotéis não têm um programa de hospedagem sustentável e contribuem para a degradação do ambiente. Há prática de greenwashing.

Em alguns casos concretos, temos visto até mesmo desentendimentos, existentes entre secretarias municipais de Turismo, de um lado, e secretarias municipais do Meio Ambiente, de outro, que acabam por gerar a prática de greenwashing governamental, para prevalência da atividade econômica em detrimento da efetiva política de proteção ambiental. É um absurdo, mas é verdade: governos têm praticado greenwashing!

Para combater essa praga que pretende macular os verdadeiros propósitos ambientalistas do desenvolvimento sustentável, na atividade turística é preciso que haja verdadeira compreensão, principalmente por cidadãos e órgãos fiscalizadores, do verdadeiro entendimento do que seja ecoturismo.

O "ecoturismo" conhece várias outras denominações correlatas, tais como: turismo de natureza, turismo verde, turismo ecológico, turismo ambiental, turismo de aventura, turismo de selva, turismo antropológico, turismo étnico e turismo rural. Importante é identificar que o ecoturismo se insere no contexto maior do "turismo sustentável", uma idéia propagada a partir do conceito de "desenvolvimento sustentável" advindo do Relatório Brundtland de 1987.

No ano de 2002, eleito pela ONU como "Ano Internacional do Ecoturismo", e também ano no qual se realizaria a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável em Joanesburgo (como prorrogação da ECO-92), foi expedida, no mês de maio, a "Declaração de Québec", após discussão de representantes de 132 países que formaram a Cúpula de Especialistas em Ecoturismo.

A Declaração de Québec reconhece que o ecoturismo abraça os princípios do turismo sustentável, adere aos princípios de contribuição ativa para a conservação do patrimônio natural e cultural, inclui as comunidades locais e indígenas em seu planejamento, desenvolvimento e exploração, contribuindo para seu bem-estar, interpreta o patrimônio natural e cultural do destino para os visitantes, e melhor se presta a viajantes independentes ou circuitos organizados para grupos de tamanho reduzido. Assim é que o verdadeiro ecoturismo proporciona emprego e renda de forma sustentável à comunidade local.

Para evitar maiores engodos, o Ministério do Turismo vem incentivando expedientes de certificação em ecoturismo. Aliás, a certificação de empreendimentos e pessoas inclusive está prevista no Plano Nacional de Turismo (2007-2010).

Sou um entusiasta da economia de mercado e da apropriação econômica dos bens ambientais como meio de crescimento. O importante, porém, é que tal crescimento se dê sob a ótica do desenvolvimento sustentável. Abrir os olhos para os males causados pelo greenwashing é um passo importante para consagrarmos a adequada utilização dos recursos ambientais, inclusive no turismo.

O Planeta Terra, a economia mundial e o turismo internacional não aceitam mais a mera maquiagem. Ecoturismo é turismo com ética, essa sim uma bandeira que, levantada por empresas, ONGs e governos, trará os verdadeiros benefícios, inclusive econômicos.

* É advogado, membro da Advocacia-Geral da União, consultor jurídico da Embratur em Brasília/DF e ex-procurador do INSS e do Incra. Autor dos livros "Direito Agrário" e "Direito Ambiental", ambos pela Editora Fortium.
thiago-davila@uol.com.br

Fusão colossal

Agência FAPESP – Um dos maiores espetáculos espaciais já registrados acontece a cerca de 5 bilhões de anos-luz da Terra. Quatro galáxias estão se chocando umas com as outras e arremessando bilhões de estrelas como resultado das gigantescas colisões.

As galáxias foram observadas por astrônomos com a ajuda do telescópio espacial Spitzer, da Nasa, a agência espacial norte-americana, e do telescópio Wiyn, parceria entre as universidades de Indiana, Wisconsin e Yale com o Observatório Astronômico Nacional, nos Estados Unidos.

Segundo os astrônomos envolvidos, as quatro eventualmente se fundirão em uma única e colossal galáxia, cerca de dez vezes maior do que a Via Láctea. O registro das colisões, de acordo com os cientistas, fornece um olhar inédito e valioso a respeito de como se forma a maioria das galáxias massivas no Universo.

“A maioria das fusões de galáxias já observadas se parece com o choque de automóveis pequenos, mas o que temos aqui é algo como quatro enormes caminhões carregados de areia, batendo uns nos outros e jogando areia para tudo quanto é lugar”, disse Kenneth Rines, do Centro Harvard-Smithsonian para Astrofísica, e um dos autores da descoberta, que será publicada futuramente pela revista Astrophysical Journal Letters.

Colisões, ou fusões, entre galáxias são comuns. A gravidade faz com que galáxias que estejam próximas se enrosquem e ultimamente se reúnam após alguns milhões de anos. A própria Via Láctea se fundirá com a galáxia de Andrômeda em estimados 5 bilhões de anos.

A fusão quádrupla foi descoberta durante a análise de um distante agrupamento de galáxias, conhecido como CL0958+4702. O Spitzer e o Wiyn primeiramente identificaram uma emissão luminosa incomum, na forma de um leque, a partir de quatro galáxias elípticas.

“As imagens feitas pelo telescópio Wiyn mostram que as quatro galáxias têm centros bem definidos e que se mantiveram durante a fusão, de forma parecida com a qual gemas de ovos continuam juntas por mais tempo do que as claras quando mexidas em uma vasilha”, disse Jeffrey Rines, chefe do Departamento de Astronomia de Yale, outro dos autores do estudo. “Quando a fusão se completar, o resultado será uma das maiores galáxias no Universo.”

Mais informações: www.spitzer.caltech.edu/spitzer

agosto 01, 2007

Risco transgênico

Peru proíbe variedade transgênica Bt da batatinha

Nagib Nassar, professor titular de genética da UnB, publica a seguinte nota no jornal Folha de S. Paulo, 30-07-2007:

"Em seu último número, a revista "Nature" relatou a notícia sobre a proibição da variedade transgênica Bt da batatinha pelo governo peruano. A decisão foi tomada porque aquele país é centro da origem e da biodiversidade dessa cultura e onde centenas de espécies nativas e cultivares indígenas crescem silvestremente. Há perigo de contaminá-las pelos genes do Bt. Antes de o governo peruano tomar essa decisão, o México proibiu totalmente o plantio ou o consumo do milho Bt pelas mesmas razões. A Grécia estendeu a proibição a 20 variedades do milho transgênico Bt. Será que essas notícias chegaram aos ouvidos de certos senhores da CTNBio?"