outubro 31, 2007

Sensores suspensos do aquecimento

31/10/2007
Por Thiago Romero

Agência FAPESP – Estudos publicados em revistas científicas internacionais sugerem que plantas epífitas, que não enraizam no solo e se fixam em outras árvores para receber mais luz solar, são especialmente vulneráveis às variações de temperatura e, por isso, poderiam ser utilizadas como importantes indicadores biológicos do aquecimento global.

O potencial foi reforçado por Gerhard Zotz, responsável pelo Laboratório de Ecologia Funcional da Universidade de Oldenburg, na Alemanha, durante a palestra magistral “Flora epífitica e mudanças climáticas globais”, realizada no 58º Congresso Nacional de Botânica, terça-feira (30/10), em São Paulo.

O epifitismo ocorre principalmente em florestas tropicais em que a competição por luz e espaço não permite que prosperem sobre o solo algumas espécies, que acabam germinando sobre as árvores. As raízes superficiais das plantas epífitas se espalham pelo tronco e galhos para absorver a matéria orgânica em decomposição.

“Alguns trabalhos sinalizam que, se a fisiologia das epífitas for afetada, esse talvez seja o primeiro passo para que o resto da floresta sofra as consequências das mudanças climáticas”, disse Zotz.

“As epífitas não só recebem uma carga de radiação solar maior como também ficam mais longe do solo, onde estão nutrientes e água. Mesmo assim, pesquisas recentes destacaram que elas são extremamente sensíveis a umidade e a eventos como a seca”, explicou.

Segundo ele, enquanto as árvores são responsáveis por cerca de 90% da biomassa das florestas tropicais, as epífitas a elas associadas representam aproximadamente 10% do total de plantas vasculares (com raiz, caule e folhas) presentes na biodiversidade mundial. “Por isso, as epífitas afetam diretamente a dinâmica das florestas tropicais no que diz respeito à absorção de nutrientes e à manutenção dos ciclos hidrológicos”, disse.

O professor chamou a atenção para a potencial contribuição das plantas epífitas em um sistema de monitoramento de florestas nos países tropicais, de modo que informações sobre o comportamento das epífitas frente às variações climáticas seja colocado em perspectiva nos próximos anos.

“Precisamos analisar com mais profundidade a criação de um sistema de alerta ao aquecimento global, principalmente em regiões montanhosas, nas quais as epífitas têm forte impacto sobre o ecossistema. Isso porque a biomassa das epífitas pode ser tão grande que a biomassa das próprias árvores”, disse à Agência FAPESP.

Zotz ressaltou a importância de que mais trabalhos sobre os teores de biomassa nas epífitas e sua contribuição para a medição do aquecimento sejam realizados. “Pesquisadores que já desenvolvem estudos sobre monitoramento climático a longo prazo precisam publicar seus resultados para que a comunidade científica mundial possa ter um melhor entendimento sobre esse assunto”, disse.

outubro 24, 2007

OMS alerta sobre perigo de contato de crianças com produtos químicos

OMS alerta sobre perigo de contato de crianças com produtos químicos

Por Letícia Camargo, da Rádio ONU

A Organização Mundial da Saúde, OMS, lançou um relatório, em Genebra, na Suíça, sobre o perigo de crianças estarem expostas a produtos químicos em diferentes etapas da vida. Segundo a OMS, mais de 30% das doenças que afetam as crianças estão relacionadas a fatores ligados ao meio ambiente.

“O estudo analisou todas as fases de desenvolvimento desde o embrião até o final da adolescência. Segundo o documento, a exposição da criança a fatores de risco, condições biológicas, socio-econômicas e nutricionais, é determinante no crescimento.

De acordo com especialistas, os menores não devem ser tratados como pequenos adultos porque seus corpos respondem, de forma diferente, dependendo do estágio de crescimento.

Dentre as ameaças mais sérias à saúde infantil estão a contaminação da água e do ar e pesticidas em comidas. A situação pode ser agravada com a falta de higiene, saneamento e água potável em casa”.

Segundo a OMS, uma em cada cinco crianças, que vivem nas áreas mais pobres do mundo, morrem antes do quinto aniversário devido a precárias condições de saúde.

Ouça esta notícia em http://webcast.un.org/radio/portuguese/mp3/2007/0707273.mp3

http://www.un.org/av/radio/portuguese/index.asp
Envolverde/Rádio ONU

outubro 23, 2007

Lugar do milho não é no tanque de gasolina, diz jornal americano

BBC
A produção de etanol a partir do milho, como ocorre em larga escala nos Estados Unidos, não é uma solução para o aquecimento global nem uma maneira de reduzir a dependência do petróleo, afirma editorial publicado nesta terça-feira pelo diário americano The Christian Science Monitor.

“Hoje, metade da gasolina vendida nos Estados Unidos contém um pouco de etanol. Mas os problemas da produção em massa desse tipo de etanol estão começando a pipocar”, diz o jornal.
O editorial cita um estudo publicado neste mês que avalia que o aumento projetado no uso do milho para produzir etanol pode provocar danos consideráveis ao suprimento e à qualidade da água.

“O avanço das plantações de milho para regiões mais secas pode secar os reservatórios e competir com outras necessidades de água como a para geração de energia hidroelétrica e para o
habitat dos peixes”, diz o texto.

“O uso pesado de nitrogênio necessário para fertilizar as plantações de milho podem prejudicar a qualidade da água subterrânea, dos rios e das águas costeiras, gerando ‘zonas mortas’”, afirma o jornal.

Preços em alta
Segundo o editorial, o estudo, do Conselho Nacional de Pesquisas, concluiu que uma única refinaria de etanol de milho que produz 100 milhões de galões do combustível por ano, usa uma quantidade de água suficiente para suprir uma cidade de 5 mil habitantes.

Outro problema apontado pelo jornal é o impacto da produção do etanol de milho sobre os preços dos alimentos.

“Os preços já estão subindo, e os fazendeiros americanos estão plantando a maior safra de milho desde 1944”, diz o editorial.

“Isso pode ser suficiente agora para suprir tanto as necessidades de alimentos quanto de combustível, mas o que acontecerá conforme mais terras sejam destinadas à produção de etanol? Quais outros cultivos não deixarão de ser plantados para dar lugar ao milho, colocando também pressão sobre os preços?”, questiona o diário.

Apesar disso, o jornal afirma que isso não significa deixar de lado o uso do etanol e defende pesquisas sobre o uso de celulose para produzir etanol ou sobre uma variedade de milho tropical que reduz a necessidade do uso de fertilizantes.

O editorial defende ainda o fim das tarifas de importação do etanol brasileiro, produzido a partir da cana-de-açúcar. “Os estudos mostram que tanto o etanol de cana-de-açúcar quanto o de celulose têm um retorno de várias unidades de energia para cada unidade empregada em sua produção. O milho gera apenas 1,5 unidade”, argumenta o jornal.

“O etanol ainda pode se provar uma maneira importante de diversificar as fontes de energia. Mas tirar o milho das cumbucas de cereal para colocá-los nos tanques de gasolina não é a resposta”, conclui o editorial.

Terra sem humanos

Uma nova forma de avaliar o impacto da humanidade sobre o ambiente é pensar como o mundo se sairia se todas as pessoas desaparecessem

Entrevista com ALAN WEISMAN* para SciAm

INTRODUÇÃO
É uma fantasia comum imaginar que você é a última pessoa viva na Terra. Mas e se todos os seres humanos fossem varridos de repente do planeta? Tal premissa é o ponto de partida de The world without us (O mundo sem nós), nova obra do autor de livros científicos Alan Weisman, professor associado de jornalismo da University of Arizona. Nesse longo exercício de pensamento, Weisman não especifica exatamente o que elimina o Homo sapiens, em vez disso ele simplesmente assume o desaparecimento repentino de nossa espécie e projeta a seqüência de eventos que provavelmente ocorreria nos anos, décadas e séculos a seguir.

Segundo Weisman, uma grande parte de nossa infra-estrutura física começaria a ruir quase que imediatamente. Sem equipes para a manutenção das ruas, nossos grandes bulevares e rodovias começariam a rachar e a ficar abaulados em questão de meses. Nas décadas seguintes, muitas casas e edifícios comerciais ruiriam, mas alguns itens comuns resistiriam à degradação por um tempo extraordinariamente longo. Panelas de aço inoxidável, por exemplo, poderiam durar milênios, especialmente se ficassem enterradas nos sítios pré-históricos cobertos por ervas daninhas em que nossas cozinhas se transformariam. E certos plásticos comuns permaneceriam intactos por centenas de milhares de anos, não se decompondo até que micróbios evoluíssem para adquirir a capacidade de consumi-los.

O editor da SCIENTIFIC AMERICAN Steve Mirsky entrevistou Weisman recentemente para descobrir por que ele escreveu o livro e que lições podem ser tiradas de sua pesquisa. Veja trechos da entrevista nas páginas seguintes.
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*Alan Weisman é autor de cinco livros, incluindo The world without us (St. Martin’s Press, 2007). Seu trabalho já apareceu na Harpers, New York Times Magazine, Los Angeles Times Magazine, Discover, Atlantic Monthly, Condé Nast Traveler, Orion e Mother Jones. Weisman tem um programa na National Public Radio e na Public Radio International e é produtor sênior da Homelands Productions, organização jornalística que produz séries independentes de documentários para a rádio pública. Ele leciona jornalismo internacional na University of Arizona.